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Papa Francisco: Discurso no encontro com as famílias no México (16/02/2016)


TUXTLA GUTIERREZ, 16 Fev. 16 / 10:30 am (ACI).- O Papa Francisco presidiu um multitudinário encontro com as famílias no estádio Víctor Manuel Reyna. Aos presentes dirigiu o seguinte discurso:

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO MÉXICO

(12-18 DE FEVEREIRO DE 2016)

ENCONTRO COM AS FAMÍLIAS

DISCURSO DO SANTO PADRE

Estádio “Víctor Manuel Reyna”, Tuxtla Gutiérrez

Segunda-feira, 15 de Fevereiro de 2016

Queridos irmãos e irmãs!

Dou graças a Deus por estar hoje nesta terra de Chiapas. É bom estar neste solo, é bom estar nesta terra, é bom estar neste lugar que, graças a vós, tem sabor de família, de lar. Dou-Lhe graças pelos vossos rostos e pela vossa presença; agradeço a Deus pelo palpitar da sua presença nas vossas famílias. Obrigado também a vós, famílias e amigos, que nos oferecestes o vosso testemunho, abristes-nos as portas das vossas casas e as portas das vossas vidas; permitistes-nos sentar à vossa «mesa» onde partilhais o pão que vos alimenta e o suor perante as dificuldades diárias: o pão das alegrias, da esperança, dos sonhos, e o suor perante as amarguras, as decepções e as quedas. Obrigado por nos terdes permitido entrar nas vossas famílias, sentar à vossa mesa, conhecer o vosso lar.

Manuel, antes de te agradecer a ti pelo testemunho dado, quero agradecer aos teus pais, às duas pessoas que estão de joelhos diante de ti a segurar-te o papel. Vedes como é bela esta imagem? Os pais de joelhos diante do filho, que está enfermo. Não vos esqueçais desta imagem. É possível que uma vez ou outra os dois se peguem. Qual é o marido e qual é a esposa que não se pega? Pior ainda quando a sogra mete bedelho…, mas deixemos isso! A verdade é que se amam e provaram-nos que se amam e, pelo amor que se têm, são capazes de se pôr de joelhos diante do seu filho enfermo. Obrigado, amigos, por este testemunho que deram e continuem. Obrigado! E a ti, Manuel, obrigado pelo teu testemunho e sobretudo pelo teu exemplo. Gostei da expressão – «encher-se de vontade» – que usaste para descrever a atitude assumida depois de teres falado com os teus pais. Começaste a encher-te de vontade para a vida, encher de vontade a tua família, encher de vontade os teus amigos e encheste-nos de vontade a todos nós aqui reunidos. Obrigado! Acho que isto é o que o Espírito Santo quer fazer sempre no meio de nós: encher-nos de vontade, dar-nos motivos para continuar a apostar na família, sonhar, construir uma vida com sabor a casa e a família. Enchemo-nos de vontade? [respondem: sim]. Obrigado!

E isto é o que Deus Pai sempre sonhou e, por isto, Deus Pai lutou desde os tempos antigos. Naquela tarde, quando tudo parecia perdido no jardim do Éden, Deus Pai encheu de vontade aquele jovem casal e mostrou-lhes que nem tudo estava perdido. E quando o povo de Israel sentia que não podia resistir mais na travessia do deserto, Deus Pai incitou-o a encher-se de vontade com o maná. E quando chegou a plenitude dos tempos, Deus Pai encheu de vontade a humanidade para sempre mandando-nos o seu Filho.

Da mesma forma, todos nós aqui presentes experimentamos, muitas vezes e de variados modos, que Deus Pai encheu de vontade a nossa vida. Mas porquê? – podemos perguntar-nos. Porque não pode proceder diversamente. O nosso Pai Deus não pode deixar de nos querer bem e encher-nos de vontade, impelindo-nos e levando-nos para diante, não pode proceder diversamente, porque o seu nome é amor, o seu nome é dom gratuito, o seu nome é dedicação, o seu nome é misericórdia. Tudo isto no-lo deu a conhecer, em toda a sua força e clareza, no seu Filho Jesus, que gastou a sua vida até à morte para tornar possível o Reino de Deus; um Reino que nos convida a participar naquela lógica nova que põe em movimento uma dinâmica capaz de abrir os céus, capaz de abrir os nossos corações, as nossas mentes, as nossas mãos, desafiando-nos para novos horizontes; um Reino que tem sabor de família, que tem sabor de vida partilhada. Este Reino, em Jesus e com Jesus, é possível; é capaz de transformar em vinho de festa as nossas perspectivas, atitudes e sentimentos frequentemente anaguados; é capaz de curar os nossos corações, convidando-nos repetidamente – chegando a setenta vezes sete – a recomeçar; é capaz de fazer sempre todas as coisas novas.

Manuel, pediste-me para rezar por tantos adolescentes que vivem desanimados e andam por maus caminhos. Quem o não sabe? Muitos adolescentes sem audácia, sem força, nem vontade. E muitas vezes, como disseste justamente Manuel, assumem este comportamento porque se sentem sozinhos, não têm ninguém com quem conversar. Pensai, pais; pensai, mães: conversais com vossos filhos e vossas filhas? Ou estais sempre ocupados, apressados? Jogais com vossos filos e vossas filhas? Isto fez-me lembrar o testemunho que nos deu Beatriz. Beatriz, tu disseste-nos: «A luta sempre foi difícil por causa da precariedade e da solidão». Quantas vezes te sentiste apontada, condenada, não foi? Pensemos em todas as pessoas, todas as mulheres que passam pelo que passou Beatriz. Pode-nos desesperar a precariedade, a escassez, ver-se privado muitas vezes do mínimo indispensável; pode fazer-nos sentir uma forte ansiedade, por não sabermos o que fazer para continuar… e mais ainda, quando há filhos para criar. A precariedade ameaça não só o estômago (e isto é já muito!), mas pode ameaçar também a alma, pode desmotivar-nos, tirar-nos a força e tentar-nos para caminhos ou alternativas com solução só aparente que, no fim de contas, não resolve nada. Mas tu foste corajosa, Beatriz. Obrigado! Há uma precariedade que pode ser muito perigosa e pode insinuar-se em nós sem nos darmos conta: é a precariedade que nasce da solidão e do isolamento; e o isolamento é sempre um mau conselheiro.

Sem vos dardes conta, Beatriz e Manuel, usastes ambos a mesma expressão; ambos nos mostrastes como muitas vezes a maior tentação que nos assalta é a de nos fecharmos em nós mesmos mas esta atitude, longe de encher-nos de vontade, acaba, como a traça, por nos corroer a alma, deixar a alma deserta.

O combate contra esta precariedade e isolamento, que nos tornam vulneráveis a muitas soluções aparentes – como as que mencionava Beatriz –, deve concretizar-se sob distintas formas e a diferentes níveis. Uma das formas é por meio de leis que protejam e garantam o mínimo necessário para cada família e cada pessoa poderem crescer através do estudo e dum trabalho digno. A outra forma é o compromisso pessoal, como sublinharam os testemunhos de Humberto e Cláudia, quando nos disseram que estavam a procurar transmitir-nos o amor de Deus que experimentaram no serviço e assistência aos outros. Leis e compromisso pessoal são um binómio muito útil para romper a espiral de precariedade. E vós enchestes-vos de coragem, e vós rezais, e vós estais com Jesus, e vós estais integrados na vida da Igreja. Vós usastes uma frase linda: «comungamos com o irmão frágil, o doente, o necessitado, o prisioneiro». Obrigado! Obrigado!

Hoje vemos e experimentamos, em várias frentes, como a família está a ser fragilizada e está a ser posta em discussão. Julgando-a um modelo já ultrapassado e sem lugar nas nossas sociedades, e, a pretexto de modernidade, favorece-se cada vez mais um sistema baseado no modelo do isolamento. E vão-se inoculando nas nossas sociedades – e dizem-se sociedades livres, democráticas, soberanas! – vão-se inoculando colonizações ideológicas que as destroem e acabamos por ser colónias de ideologias destruidoras da família, da célula da família, que é a base de toda a sociedade sã.

Sem dúvida, viver em família não é sempre fácil e, muitas vezes, é doloroso e árduo. Contudo, como disse já mais de uma vez (referindo-me à Igreja, mas penso que se possa aplicar também à família), prefiro uma família ferida que cada dia procura harmonizar o amor, a uma família e sociedade enfermiça pelo confinamento e ou a comodidade do medo de amar. Prefiro uma família que procura uma vez e outra recomeçar a uma família e sociedade narcisista e obcecada com o luxo e o conforto. «Quantos filhos tendes?» «Nenhum; não temos porque, claro, gostamos de sair nas férias, fazer turismo, queremos comprar uma quinta». O luxo e a comodidade; e os filhos ficam para trás. E, quando quisestes ter um…, já o tempo tinha passado. Que grande dano faz isto? Prefiro uma família com o rosto cansado pelos sacrifícios à família com rostos maquilhados que não se entendem de ternura e compaixão. Prefiro um homem e uma mulher, como o senhor Aniceto e a esposa, com o rosto enrugado pelas lutas de todos os dias, que, passados mais de cinquenta anos, continuam a amar-se, como se vê; e o filho aprendeu a lição pois fazem vinte e cinco anos de casados. Estas são as famílias! Há pouco perguntei ao senhor Aniceto e à sua senhora, quem teve mais paciência nestes cinquenta e tantos anos: «Os dois, padre». Com efeito na família, para se chegar ao que eles chegaram, é preciso ter paciência, amor, é preciso perdoar-se. «Mas, padre, uma família perfeita nunca discute!» Mentira! Até é conveniente que discutam de vez em quando, e, se voar algum prato, não tenham medo. O único conselho é que não terminem o dia sem fazer a paz; porque, se acabam o dia em guerra, vão acordar já em guerra fria, e a guerra fria é muito perigosa na família, porque vai escavando por debaixo das rugas da fidelidade conjugal. Obrigado pelo testemunho de se amarem durante mais de cinquenta anos. Muito obrigado!

E para variar um pouco de tema, mas sempre a propósito de rugas, recordo o testemunho duma grande actriz – uma actriz latino-americana de cinema – quando, já próxima da casa dos sessenta, se começaram a ver as rugas na cara e aconselharam-lhe um «arranjo», um «arranjito» para poder continuar a trabalhar bem. A sua resposta foi muito clara: «Estas rugas custaram-me muito trabalho, muito esforço, muita aflição e uma vida sobrecarregada; nem por sonhos lhes quero tocar, são os vestígios da minha história». E continuou a ser uma grande actriz. No casal, acontece o mesmo. A vida matrimonial tem que se renovar todos os dias. E, como disse antes, prefiro famílias enrugadas, com feridas, com cicatrizes, mas continuam a caminhar para diante; porque estas feridas, estas cicatrizes, estas rugas são fruto da fidelidade a um amor que nem sempre foi fácil. O amor não é fácil; não é fácil, não. Mas é a coisa mais linda que um homem e uma mulher podem trocar entre si: o verdadeiro amor, para toda a vida.

Pediram-me para rezar por vós e quero começar a fazê-lo agora mesmo. Vós, queridos mexicanos, partis avantajados, tendes um “extra”: tendes a Mãe, Nossa Senhora de Guadalupe. A Guadalupana quis visitar estas terras e isto dá-nos a certeza de que, através da sua intercessão, este sonho chamado família não será derrotado pela precariedade e a solidão. Ela é mãe e está pronta a defender sempre as nossas famílias, a defender o nosso futuro, está sempre pronta a «encher-nos de vontade», dando-nos o seu Filho. Por isso, convido-vos assim como estais, sem vos moverdes muito, a dar-vos as mãos e a dizer a Ela todos juntos: «Ave-Maria...».

E não nos esqueçamos de São José, caladito, trabalhador, mas sempre à frente da família, sempre a cuidar da família. Obrigado! Que Deus vos abençoe e rezem por mim.

E agora, neste ambiente de festa familiar, quero convidar os casais aqui presentes a renovarem, em silêncio, as suas promessas matrimoniais; e os noivos peçam a graça de uma família fiel e cheia de amor. Em silêncio, os casais renovem as promessas matrimoniais, e os noivos peçam a graça de uma família fiel e cheia de amor.

Fonte: Vatican.va

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