Foto referencial. Crédito: Unsplash
FATIMA, 08 set. 20 / 12:26 pm (ACI).- O Bispo de Leiria-Fátima, Cardeal António Marto publicou uma carta pastoral sobre a Eucaristia, na qual alerta que a pandemia poderia estar acentuando uma tendência das novas gerações de abandonar a celebração da Santa Missa.
O documento, intitulado “A Eucaristia, Encontro e Comunhão com Cristo e os Irmãos”, norteará o biênio 2020-2022 da Diocese de Leiria-Fátima e, conforme explicou o Purpurado, a escolha d tema se deu uma vez que “o tema da Eucaristia, na sua amplitude, aponta para o essencial da fé cristã: Jesus Cristo que, no Sacramento do Altar, é o coração da Igreja e alimento de vida espiritual para os fiéis”.
Lançando um olhar sobre o atual contexto, o Cardeal Marto dedicou uma reflexão acerca da pandemia de Covid-19, que levou ao fechamento de muitas igrejas, proibição da Missa com a presença dos fiéis, situação que começou a ser revertida, porém, mantendo medidas de segurança, como o distanciamento social.
Entretanto, neste cenário, observou o Bispo, “bastantes pessoas ainda estão reticentes em participar na celebração dominical, dominadas pelo medo ou pelo comodismo”.
“Sentimos tristeza e preocupação, particularmente com a ausência de pais, crianças e jovens. Não será o sinal de alarme e alerta de que a pandemia veio pôr a descoberto e acentuar o que já estava a acontecer, isto é, o abandono da celebração dominical por parte das novas gerações?”, questionou.
O Cardeal António Marto declarou que “o longo período do confinamento abalou profundamente as nossas comunidades”.
“Nunca tínhamos imaginado ver as igrejas vazias, suspensas as celebrações comunitárias, a catequese e tantas atividades. A impossibilidade de aceder aos sacramentos, de receber a comunhão sacramental, de se encontrar com os irmãos e irmãs em comunidade, de celebrar um funeral religioso digno aos entes queridos falecidos, de viver confinados a Quaresma, a Páscoa e todo o tempo pascal, tudo isto constituiu uma dura provação”, disse.
Por outro lado, reconheceu que este período levou a “dar provas de criatividade pastoral para alimentar a fé e manter vivo o sentido de comunidade nos fiéis”.
Assim, a crise possibilitou oportunidades, como a vivência da “experiência da fé em família e como família, qual pequena Igreja doméstica”; e também “evidenciou a necessidade da personalização da fé”, com o “desafio a uma pastoral de proximidade da Igreja em saída, próxima das pessoas, sobretudo das que mais sofrem”.
Desse modo, citou as transmissões pelos meios de comunicação, permitindo “estar unidos espiritualmente e fazer a comunhão espiritual”. Porém, sentíamos na pele e no coração que não era a mesma coisa que uma celebração presencial e comunitária”.
Agora, com o retorno das Missas presenciais, o Purpurado alertou que é preciso “estar atentos e evitar a grande tentação do comodismo ou da virtualização da Missa, pensando que basta segui-la comodamente em casa. A celebração da fé é incarnada, presencial, comunitária, relacional, de encontro, de afeto, de comunhão de irmãos e irmãs”.
Emergência eucarística
Para além do contexto da pandemia, Dom António Marto observou que se vive atualmente na Igreja “uma situação de ‘emergência eucarística’”. “Não por heresias doutrinais como no passado, mas sobretudo pela indiferença e consequente abandono da celebração dominical como se fosse algo meramente opcional ou mesmo um fardo”.
“Constatamos a falta de enlevo, encanto, amor, atração e devoção a este sacramento, uma verdadeira desafeição e até desamor por parte de muitos cristãos que se afastam da celebração”, constatou.
Segundo o Bispo, contribuem para este abandono “fatores de ordem social, cultural, familiar, próprios do mundo e deste tempo em mudança”.
Entretanto, sublinhou, “as razões mais profundas são o esmorecimento da fé, a ignorância do verdadeiro significado deste sacramento para a vida cristã e também a falta de qualidade de certas celebrações”.
Nesse sentido, o Purpurado indicou que “é fundamental descobrir e aprofundar a riqueza e a beleza do conteúdo e do significado que estão presentes na celebração eucarística e que dão sentido pleno à vida de cada cristão e da Igreja”.
Assim, exortou a abordar o tema da Eucaristia sob uma “perspectiva de evangelização, que leve cada fiel e cada comunidade a crescer na fé como encontro com Cristo vivo, no amor ao mistério do Corpo e Sangue do Senhor, na alegria da Sua presença e da comunhão com Ele, na comunhão fraterna e comunitária, no testemunho cristão no mundo”.
Para ler a íntegra da carta pastoral “A Eucaristia, Encontro e Comunhão com Cristo e os Irmãos”, acesse AQUI.
Fonte: ACI digital
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