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A vida não pode ser amarelada (Reflexão sobre a campanha Setembro Amarelo)


Dom Walmor Oliveira de Azevedo | Set 04, 2019

Uma reflexão sobre a campanha Setembro Amarelo, que visa prevenir o suicídio

Setembro é amarelo, já a vida não pode ser confundida com qualquer cor que remeta à palidez.  Ela tem a beleza das flores, a generosidade colorida que a natureza manifesta de maneira tão pródiga. A vida é para ser primavera, estação que começa justamente agora, em setembro. O colorido alegre das florações gera contraste com o “mês amarelo”, sinal de advertência para grave situação: o número de pessoas que cometem suicídio nos dias atuais. Na campanha “Setembro Amarelo”, igrejas, pontos turísticos, monumentos e fachadas de prédios históricos recebem iluminação em tom amarelado, também outdoors, cartazes e campanhas, com as mesmas cores, convocando a população para ajudar na prevenção ao suicídio, compromisso cidadão e humanitário.

Popularmente é dito que “amarelar” representa omitir-se, embora seja notável a beleza da cor amarela na natureza, bandeiras e vestes. No contexto da Campanha realizada no mês de setembro, o alerta é claro: a vida não pode amarelar, perder seu brilho, a sua chama. As pessoas não podem desistir de viver. Eis, pois, a urgência de um mutirão para preservar esse dom, e mudar a triste realidade revelada em estatísticas a respeito do suicídio no Brasil e no mundo.  A união em defesa da vida deve contar com o empenho de segmentos importantes na sociedade, que incluem as instituições públicas e privadas, as escolas, as famílias, os amigos, os colegas de trabalho.

Pede-se ainda aos meios de comunicação que invistam, cada vez mais, no processo educativo capaz de quebrar um tabu – falar sobre o suicídio. Muitos ainda acreditam que dedicar-se ao tema motiva pessoas a colocarem fim às próprias vidas. Falar sobre o suicídio, de modo apropriado, a partir do diálogo e do amor ao próximo, permite agir decisivamente na prevenção desse mal. Importante também distanciar-se das inverdades, sobre si, sobre o outro e a respeito da vida, para enfrentar, inventiva e afetivamente, os desgastes que a sociedade contemporânea impõe a todos, com seus ritmos, dinâmicas e falta de valores essenciais ao bem comum.

O Setembro Amarelo é, pois, convocação para um empenho educativo amplo e global, para que a vida se torne prioridade, reconhecendo-a como dom. Ora, é alarmante a estatística sobre o número de suicídios no Brasil – a cada dia, 32 pessoas colocam fim à própria vida. E a Organização Mundial da Saúde informa: nove em cada dez suicídios poderiam ser evitados. Isso indica que todos precisam dedicar mais atenção às pessoas próximas, buscar perceber os sinais de que algo não vai bem na vida do outro. Há muitas formas de evitar o suicídio – do tratamento medicamentoso, quando médicos detectam doenças psiquiátricas, à qualificação das relações interpessoais.  Importante é reconhecer o lugar central dos vínculos entre pessoas, constituídos no amor, na verdade, pela força da fé, que permite recuperar a percepção da beleza primaveril da vida. A proximidade e a atenção ao próximo são forças que mantêm acesa a chama da vida, ou reacendem o pavio que ainda fumega, sem deixar o fogo se extinguir.

Todos os cidadãos se dediquem a aprender modos de prevenir o suicídio, que vitima crianças, adolescentes, jovens e adultos. Urgente também é o investimento no cuidado com as emoções, pois doenças mentais, que se instalam a partir de componentes biológicos e ambientais, estão entre os principais fatores que levam uma pessoa a tentar pôr fim à própria vida.  A ciência mostra que o suicídio não é ato primário, mas a triste conclusão de um processo, que se desenvolve em etapas. É preciso vencer o despreparo institucional, empresarial, de igrejas, entidades educativas e das pessoas, de um modo geral, para que todos sejam capazes de identificar as etapas desse processo. Assim, mortes poderão ser evitadas.

Entre as providências urgentes para reverter o quadro alarmante de suicídios na sociedade brasileira, é fundamental reconhecer a importância da espiritualidade. Não “espiritualidades sectárias”, que configuram pequenos “clubes de amigos”, mas um modo de viver a fé que permita ao indivíduo dar novo sentido à própria vida, a redescobrir o gosto de viver, mesmo diante dos sacrifícios cotidianos.

A vida não pode ser amarelada. Deve ter o frescor e o colorido da primavera. Cada pessoa, com a ajuda de seu semelhante, possa encantar-se com a própria existência.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da CNBB

Fonte: Aleteia

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