Naquele tempo, 2João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras de Cristo, enviou-lhe alguns discípulos, para lhe perguntarem: 3“És tu aquele que há de vir ou devemos esperar um outro?” 4Jesus respondeu-lhes: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: 5os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. 6Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!” 7Os discípulos de João partiram, e Jesus começou a falar às multidões sobre João: “O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis. 9Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos afirmo, e alguém que é mais do que profeta. 10É dele que está escrito: ‘Eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti’. 11Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele”..
O Reino necessita de gestos concretos
3º Domingo do Advento
- Ano A
Evangelho de Mateus 11,2-11
REFLEXÃO
João Batista envia alguns de seus discípulos para saber se Jesus é o Messias tão esperado. Jesus não responde com palavras ou argumentos, apenas pede que observem suas obras. Jesus, portanto, se dá a conhecer não tanto pelos seus ensinamentos, mas, principalmente, pelas suas obras. Pelos frutos, diz Jesus, conhecereis a árvore. Jesus é realmente o verdadeiro Messias esperado: cura os doentes, liberta do mal e dá esperança aos pobres. Em Jesus, cumpre-se o plano divino, pois nos revela o amor e a ternura de Deus, como fora anunciado pelos profetas. Num segundo momento, o próprio Jesus apresenta a identidade de João. O Batista não é um caniço agitado pelo vento, que age conforme lhe convém; não é alguém representante da classe dominante, pois não veste roupas luxuosas, e, se fosse, não estaria vivendo no deserto; ele é mais que profeta; ele é o mensageiro que denunciou o luxo e a arrogância dos poderosos e anunciou e preparou a chegado do Mestre.
(Dia a Dia com o Evangelho 2025 - PAULUS)[1]
Coleta
Ó Deus que vedes o vosso povo esperando fervoroso o Natal do Senhor, concedei-nos chegar às alegrias da salvação e celebrá-las sempre com intenso júbilo na solene liturgia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
O Reino necessita de gestos concretos
O Natal de Jesus tem a ver com a criatura humana concreta. Há gente que quer ver apenas a parte espiritual de Jesus e as implicações espirituais de sua mensagem. Acontece que nós homens não somos só carne ou só espírito. Cristo nasceu para salvar o homem: seu espírito e sua carne. O Reino dos Céus é para a criatura humana na plenitude de seu ser, do seu viver, ou, como diz o papa João Paulo lI, para “cada homem, em toda a sua singular realidade do ser e do agir, da inteligência e da vontade, da consciência e do coração” (Encíclica Redemptor Hominis, n. 46). Parece justo, pois, se desejarmos saber como está o Reino de Deus na terra, perguntar-nos como está a saúde da criatura humana: sua saúde física e espiritual. Pode-se falar em Reino dos Céus, quando tantos milhares morrem de fome? De fome de pão, de fome de paz, de fome de ser compreendido, de fome de viver com dignidade? Todo aquele que melhorar a sorte do homem na terra está construindo o Reino de Deus aqui, está ajudando a acontecer o Natal de Jesus e o natal dos homens (Mt 25,31-46).
Porque a criatura humana “é a primeira e fundamental via da Igreja” (Redemptor Hominis, n. 46), isto é, o objeto de toda a sua evangelização (razão de seu existir), a Igreja necessariamente vela pela dignidade do homem em todos os seus aspectos e diversos campos da vida: o religioso, o social, o político, o econômico e o cultural. Vela pelo nosso destino eterno e pelos caminhos que nos conduzem para lá. O Reino dos Céus alcança a criatura humana na sua origem, envolve-a durante toda a sua peregrinação terrena e a introduz na eternidade. São sobretudo os Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), que desenvolvem o tema do Reino de Deus ou, com o mesmo significado, do Reino dos Céus. O tema volta forte no Apocalipse.
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]
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