1Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia: 2“Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. 3João foi anunciado pelo profeta Isaías, que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!” 4João usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins; comia gafanhotos e mel do campo. 5Os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de todos os lugares em volta do rio Jordão vinham ao encontro de João. 6Confessavam os seus pecados e João os batizava no rio Jordão. 7Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, João disse-lhes: “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? 8Produzi frutos que provem a vossa conversão. 9Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’, porque eu vos digo: até mesmo destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão. 10O machado já está na raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo. 11Eu vos batizo com água para a conversão, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de carregar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. 12Ele está com a pá na mão; ele vai limpar sua eira e recolher seu trigo no celeiro, mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga”.
Não há Natal sem conversão
2º Domingo do Advento
- Ano A
Evangelho de Mateus 3,1-12
REFLEXÃO
João Batista surge no deserto e prega a conversão, pois o Reino dos Céus está próximo. Por isso, é necessário preparar os caminhos do Senhor que está chegando. O povo busca o batismo de conversão administrado por João. Os fariseus e saduceus, futuros adversários de Jesus, fingem buscar o batismo do Batista. João os desmascara, chamando-os “cobras venenosas”, e convida-os a mostrar os frutos que provem sua conversão. Não basta dizer que são filhos de Abraão, é preciso fazer as obras de Abraão. Os autênticos filhos de Abraão são aqueles que acolhem a Palavra de Deus, a qual leva a produzir frutos de bondade, solidariedade e justiça. João Batista, hoje, são todos os que, como ele, anunciam Jesus a quem ainda não o segue, lá onde não se vive sua proposta de vida plena para todos. Não basta dizer que somos cristãos se não fazemos aquilo que o Mestre de Nazaré viveu e nos ensinou. A missão é urgente, há muitos sinais ainda que testemunham que o Reino de Deus está longe de se concretizar.
(Dia a Dia com o Evangelho 2025 - PAULUS)[1]
Coleta
Ó Deus todo-poderoso e cheio de misericórdia, que nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho, mas, instruídos pela celeste sabedoria, participemos da vida daquele que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Não há Natal sem conversão
A conversão olha para a santidade. Somos santos à medida que nossos critérios de ação e nossos atos se igualam aos critérios e atos de Deus. Assim como a santidade tem por limites a santidade de Deus, que é sem limites, a conversão nunca chega ao ponto final durante a vida terrena, que é essencialmente um tempo de conversão, de um voltar-se para Deus, de um encontrar-se sucessivamente com a pessoa de Cristo e seus ensinamentos.
Haverá um encontro definitivo na hora da morte. Dele fala Jesus com o mesmo rigor e pedindo as mesmas precauções de João Batista (Mt 24,37-44). A prática de obras boas provará, no encontro definitivo, que Jesus não passou em vão por nós; que o Espírito Santo conseguiu transformar os corações de pedra em corações sensíveis à graça; que o fogo do amor extremado de Cristo conseguiu consumir todos os pecados.
Ao pôr esse Evangelho no 2° Domingo do Advento, a Igreja nos está lembrando a necessária repercussão do Natal de Jesus sobre o homem. Receber Jesus não é apenas aplaudi-lo ou admirar sua vida. É largar todos os interesses pessoais e segui-lo até que não haja mais diferença entre o que eu penso, amo e faço e o que Jesus pensa, ama e faz. Ou o Natal de Jesus me muda e me faz assumir compromissos de bondade, justiça, verdade, santidade e paz, ou o Natal será como as águas de um rio que passam longínquas do terreno da minha história, fecundam outras terras que se abrem para elas, deixando a minha seca, estéril e, talvez, amaldiçoada. O batismo de João, de que fala o Evangelho de hoje, pode bem lembrar essas águas que devem lavar-nos e fecundar-nos; lavar o pecado da infidelidade para com Deus, lavar o pecado do orgulho e da autossuficiência, arraigado no homem desde Adão; e fecundar nosso propósito de vida nova, fecundar nossas ações e nossos trabalhos para que sejam frutos de redenção e não apenas espigas floridas destinadas à chochice.
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]
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