Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: 37“A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. 38Pois, nos dias antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. 39E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. 40Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. 41Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada. 42Portanto, ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor. 43Compreendei bem isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. 44Por isso, também vós ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá”.
"Caminhar na luz do Senhor"
1º Domingo do Advento
- Ano A
Evangelho de Mateus 24,37-44
REFLEXÃO
Neste domingo, iniciamos, ao mesmo tempo, o ano litúrgico e o tempo do Advento. O Evangelho nos convida à vigilância, para não sermos surpreendidos com a inesperada visita do Senhor. Ele deseja nos encontrar acordados e dedicados ao serviço do seu Reino, na prática do amor fraterno. O apelo à vigilância está explícito nas três pequenas parábolas: o tempo de Noé – todos viviam a vida despreocupadamente; os trabalhadores – cada um tem seu tempo para prestar contas a Deus; o dono da casa – estar atento para não ser surpreendido pelos ladrões. Essas cenas mostram claramente a necessidade de estar sempre alertas, pois muitas e boas oportunidades surgem com frequência e não podem ser desperdiçadas por descuido. Deus vem à vida de cada um, esperando encontrar-nos comprometidos com o projeto de Jesus: construção de uma sociedade justa e solidária.
(Dia a Dia com o Evangelho 2025 - PAULUS)[1]
Coleta
Ó Deus todo-poderoso, concedei aos vossos fiéis o ardente desejo de acorrer com boas obras ao encontro do vosso Cristo que vem, para que, colocados à sua direita, mereçam possuir o reino celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
"Caminhar na luz do Senhor"
O tema da vigilância foi ressaltado por Jesus nos Evangelhos. Não se trata de uma atitude passiva ou de, simplesmente, ficar vendo os fatos acontecerem, como o espectador no cinema. É uma atitude envolvente, dinâmica, de compromisso. A parábola das dez jovens (Mt 25,1-13), que vem logo em seguida, insiste no mesmo tema e mostra onde está o ponto alto: estar presente, quando chega o esposo, e participar do cortejo. A vigilância tem a ver com o dia a dia da vida presente, com as incessantes lutas em prol do bem, e com o momento supremo de nossa passagem desta para a outra vida. A vigilância de hoje pode ser a minha garantia amanhã.
A vigilância tem a ver com a construção do Reino de Deus na terra. Tem a ver com os pecados que devem ser superados e as virtudes que devem ser vividas. Tem a ver com o hoje de Deus que está acontecendo. Tem a ver com a contínua comparação entre os critérios de Deus e os meus critérios, e a prevalência dos critérios divinos dentro da minha história humana.
A vigilância se prende à ideia de estar acordado, atento e pronto para agir, seja para construir uma obra de bem, seja para combater uma obra má. Tem a ver com o esforço pessoal em “caminhar na luz do Senhor”, como nos recorda o profeta Isaías na primeira leitura (ls 2,1-5), ou como lembra São Paulo na segunda leitura (Rm 13,11-14), com a nossa coragem de deixar as obras das trevas e praticar as obras de luz. A vigilância tem a ver com o “pôr em prática” (Mt 12,50; Lc 8,21; Mc 3,35) os ensinamentos de Jesus. A vigilância consiste em trazer para dentro da vida de cada momento as razões e as consequências do Natal de Jesus. Em dois momentos, no ano litúrgico, a Igreja chama especial atenção para o tema da vigilância: no Advento e na Quaresma. Porque, se o Advento prepara a primeira vinda de Jesus, a Quaresma prepara a Páscoa, dia em que ficou confirmada a segunda vinda de Jesus, para nos colher na morte, acolher-nos na sua misericórdia como juiz e nos introduzir na feliz eternidade, onde termina a vigilância, superam-se a fé e a esperança e se passa a viver unicamente do amor: Deus.
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]
---





Comentários
Postar um comentário