Não é o Messias, mas seu profeta
Pelas perguntas feitas a João Batista, vemos que ele se assemelhava a três pessoas ao menos, que estavam no centro da esperança e da piedade do povo. Seu comportamento e sua pregação levavam à semelhança. Mas ele confessa claramente não ser nenhuma das três. E ao negar ser uma delas, enfoca Jesus de Nazaré, mais santo que Elias, maior que ‘o Profeta’, e de quem nem ele nem Elias nem o Profeta são dignos de desamarrar-lhe os cadarços das sandálias, ou seja, sequer são dignos de serem seus serviçais.
A primeira semelhança de João Batista é com o Messias ou o Cristo esperado. Cristo e Messias são termos com o mesmo sentido. Messias é termo aramaico (a língua materna de Jesus), e Cristo é um termo grego (a língua mais falada no tempo de Jesus). Apesar de colônia romana, era o grego a língua mais falada na Palestina no tempo de Jesus, depois do hebraico e do aramaico. Tanto Messias quanto Cristo significam o ungido, o consagrado por Deus para ser rei. Desde o primeiro século antes de Cristo o termo indicava claramente o redentor que viria. Lendo os profetas, o povo estava convencido de que o Messias deveria ser um descendente de Davi, como aparece também no Cântico de ação de graças de Zacarias, pai de João Batista (Lc 1,69-70).
Mateus se esforçará para mostrar que Jesus, apesar de sua origem divina, é descendente de Davi (Mt 1,1-17). Muitas vezes Jesus foi chamado de ‘Filho de Davi’ (Mt 1,1; Lc 18,38; 20,41). A grande aclamação na entrada triunfal em Jerusalém foi “Hosana ao filho de Davi, que vem em nome do Senhor!” (Mt 21,9).
Mas no tempo de Jesus, o conceito de Messias havia-se ampliado. Tinha forte colorido político-libertador. Percebe-se que Jesus, aceitando o título e chamando-se a si mesmo de Messias ou Cristo (Mt 16,16; Me 14,61; Jo 6,70), e sendo um verdadeiro libertador, evita que se deturpe e se apequene o sentido de sua missão divina e universal a troco de um sectarismo partidário e temporal.
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