8 dicas para os católicos perceberem e denunciarem comportamentos criminosos de padres

Lobo em pele de cordeiro
Dima Sedletskiy | Youtube

Francisco Vêneto - publicado em 31/07/23

Jesus mesmo alertou que no meio do trigo cresce o joio

No Evangelho segundo São Mateus, Jesus nos apresenta aquela que ficou conhecida como a parábola do trigo e do joio:

“Jesus propôs-lhes outra parábola: ‘O Reino dos Céus é semelhante a um homem que tinha semeado boa semente em seu campo. Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu. O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio. Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: Se­nhor, não semeaste bom trigo em teu campo? Donde vem, pois, o joio? Disse-lhes ele: Foi um inimigo que fez isto! Replicaram-lhe: Queres que vamos e o arranquemos? Não, disse ele; arrancando o joio, arriscais tirar também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colhei­ta. No tempo da colhei­ta, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro'” (Mt 13, 24-30).

A parábola nos deixou avisados, há mais de 2 mil anos, que, nos campos da Igreja, cresceriam boas e más sementes. De fato, o Papa São Paulo VI, em uma das frases mais impactantes já pronunciadas por um pontífice em todos os séculos da longa história católica, reafirmou:

“Por alguma fresta, a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus”.

Uma das mais dolorosas e tristes manifestações da presença do joio – e da fumaça – na Igreja é a dos sacerdotes que não apenas traem a própria consagração a Deus, como ainda ferem tragicamente a alma daqueles que lhes entregaram a sua confiança, pureza e filialidade. São exemplos dessa traição os abusos sexuais, mas também os abusos emocionais, morais, financeiros.

Cabe também aos fiéis, e não somente às autoridades eclesiásticas, zelar para que os lobos presentes entre o rebanho sejam identificados antes mesmo de atacarem. Por isso, quando surgem suspeitas de comportamentos criminosos de sacerdotes, os fiéis precisam ser incentivados e ajudados a agir de forma responsável para proteger os inocentes e preservar a integridade da Igreja.

Confira cinco dicas para perceber e denunciar comportamentos criminosos de sacerdotes.

1 | Identifique indícios de culto à personalidade
Um dos maiores escândalos da história da Igreja foi protagonizado pelo padre mexicano Marcial Maciel (1920-2008), fundador dos Legionários de Cristo, congregação que até hoje passa por um doloroso processo de reestruturação depois do desmascaramento de seu iniciador.

Ao longo de mais de 50 anos, Maciel criou ao seu redor uma aura de santidade que lhe rendia uma veneração sectária. Fazendo-se chamar de “Nuestro Padre” (“Nosso Pai”), ele mentia sistematicamente sobre a própria história de vida, com enredos mirabolantes que iam desde supostos atos de grande heroísmo em sua adolescência, durante a brutal perseguição anticatólica no México (Guerra Cristera), até alegados episódios sobrenaturais em que o diabo em pessoa o agrediria fisicamente.

Seus noviços e religiosos eram obrigados a ler, meditar e até decorar trechos de uma longuíssima série de cerca de quinze livros intitulada “Cartas de Nuestro Padre“, com milhares de epístolas que nem sequer tinham sido escritas de fato por ele. Quadros com a sua foto eram pendurados em todos os seminários e casas da congregação, ao lado de retratos do papa reinante e de imagens de Nossa Senhora de Guadalupe. O culto à sua pessoa alimentava uma produção massiva de material laudatório à sua figura, desde santinhos até filmes, passando por livros-entrevistas em que reiterava as suas mentiras com extraordinária naturalidade. Imponentes e multitudinários encontros de juventude e família eram organizados mundo afora, sempre destacando a sua presença como um dos pontos altos, quando não o ápice.

Quando a máscara de Maciel foi arrancada após décadas de denúncias eficazmente silenciadas por ele próprio e por seus cúmplices dentro e fora da congregação, inclusive no Vaticano, o impacto foi devastador. Basta registrar que o Papa Bento XVI, sem panos quentes, descreveu o falsário como “falso profeta“.

É chamativo recordar que, uma vez comprovada a fraude de Marcial Maciel, milhares de pessoas começaram, quase subitamente, a intercambiar em fóruns da internet as suas desconfianças e impressões de que o culto ao redor de “Nuestro Padre” era um claro indício de que ele não poderia ser quem dizia que era. E tão chamativo quanto isso é o fato de que, mesmo com esta percepção, a maioria das pessoas não fez nada para frear esse culto enquanto havia tempo.

Cultos à personalidade foram e são dedicados a muitos outros fundadores ou superiores de movimentos, comunidades e congregações religiosas, dentro e fora da Igreja Católica, de modo semelhante ao que acontece com as mais fanatizadas facções ideológicas militantes e até com as mais sanguinárias células terroristas.

Quando um padre promove o próprio nome tanto ou mais que o de Jesus Cristo, ou é tacitamente conivente com o culto que em seu favor é alimentado por seus sequazes mais próximos, é no mínimo prudente que você se pergunte a quem está de fato venerando.

2 | Fique atento à manipulação emocional, sobretudo do sentimento de culpa
Entre os muitos sinais de alerta aos quais é preciso ficar atento no tocante a padres criminosos está o controle sistemático sobre a consciência de suas vítimas, instigando-lhes medo, vergonha e culpa por se atreverem a desconfiar do seu “pai espiritual”.

3 | Não tolere condutas inapropriadas e exija respeito ao seu espaço pessoal
Um tipo de episódio que se repete consistentemente nos relatos de vítimas de padres criminosos é o incentivo ou mesmo a indução a toques físicos e carícias, inclusive nas partes íntimas, sob as justificativas mais absurdas. No caso do já mencionado Marcial Maciel, relatos de vítimas afirmam que ele alegava dores terríveis que só podiam ser aliviadas com a aplicação de drogas ou com esse tipo de carícia – e ainda garantia que o fazia com permissão especial do papa. Nesse contexto, perpetrava abusos sexuais contra vítimas menores de idade.

4 | Fique de olho em mudanças comportamentais de pessoas próximas ao suspeito
Em decorrência da devastadora manipulação emocional e dos abusos sexuais a que são submetidas, é comum que as vítimas, sobretudo se são crianças ou adolescentes, apresentem mudanças no seu comportamento, sejam bruscas, sejam graduais, mas sem motivo aparente. Elas costumam passar a mostrar-se tristes, arredias, silenciosas, além de se afastarem de familiares e amigos. Quando questionadas sobre o que está havendo, tendem a se limitar a relatos vagos.

5 | Respeite e escute atentamente os relatos das vítimas, antes de julgar a sua veracidade
Quando um denunciante se enche de suficiente coragem para finalmente falar dos comportamentos criminosos de um sacerdote, é crucial escutá-lo com empatia e analisar o seu relato com imparcialidade. Ajudar os denunciantes a se abrirem é fundamental para que a verdade venha à tona – seja para comprovar a denúncia, seja para inocentar o acusado em caso de calúnia.

6 | Não seja cúmplice com seu silêncio: leve suas dúvidas a profissionais qualificados e autoridades competentes
Permanecer em silêncio diante de comportamentos criminosos pode permitir que a injustiça continue a prejudicar não somente você, mas também outras pessoas. Denunciar esses casos é uma responsabilidade moral e ética. Se você suspeita de comportamentos criminosos de sacerdotes, busque ajuda de quem pode ajudar, sejam profissionais qualificados que ajudem você a lidar com a situação, sejam autoridades competentes que tenham a obrigação de investigar. Essas autoridades incluem as civis e as eclesiásticas. Se for o caso, procure também o apoio de instituições de proteção à infância e à juventude.

7 | Colabore com as investigações
Coopere com as autoridades caso uma investigação oficial seja iniciada. É importante fornecer todas as informações relevantes possíveis para ajudar a esclarecer a verdade e garantir a responsabilização de todos os envolvidos.

8 | Nem condene sem provas, nem defenda cegamente
Em 2011, o ex-coroinha Daniel Gallagher*, então com 22 anos e conhecido nos Estados Unidos como “Billy Doe”, virou manchete no país ao afirmar que tinha sido violentado diversas vezes pelos padres Charles Engelhardt e Edward Avery (este último acabaria deixando o ministério sacerdotal), assim como pelo professor Bernard Sheroe, enquanto cursava a 5ª e a 6ª séries na escola da paróquia de São Jerônimo, na Filadélfia.

Seu depoimento levou à condenação dos três supostos agressores e também do pe. William Lynn, ex-vigário da arquidiocese para assuntos do clero, considerado culpado de acobertamento. Foi o primeiro caso da história em que um administrador católico foi condenado por esse tipo de acusação. A imprensa “mainstream” alimentava tão vorazmente as chamas da história de Billy Doe que o público “vibrava” com as punições aos padres, tachados de pedófilos sem direito a uma defesa minimamente proporcional ao espaço que se dava ao acusador. A arquidiocese da Filadélfia foi condenada a pagar a “Billy Doe” uma indenização de aproximadamente 5 milhões de dólares – o valor foi pago em agosto de 2015.

Nesse meio tempo, o pe. Charles Engelhardt morreu na cadeia, em novembro de 2014, após ter um pedido negado pela justiça para se submeter a uma cirurgia cardíaca.

Desde as primeiras acusações lançadas por “Billy Doe” em 2009, o jovem apresentou pelo menos nove versões diferentes dos supostos abusos de que se dizia vítima. Ainda assim, a sua história, por mais inconsistente que se revelasse, era “boa demais” para não ser espremida ao máximo pela parcela da imprensa que é mais ávida por escândalos e pelo dinheiro que eles lhe rendem do que disposta a fazer ao menos as perguntas elementares que se costumavam aprender nas aulas de jornalismo.

Crimes de calúnia com trágicas consequências para quem é falsamente denunciado ainda parecem merecer bem menos atenção do que relatos escabrosos que garantem audiência a veículos caça-cliques. No entanto, é um princípio basilar da justiça que todos são inocentes enquanto não houver provas em contrário – o que se aplica aos dois lados da denúncia. Durante o andamento das investigações, é imprescindível deixar que os fatos venham à tona e sejam verificados e contrastados com objetividade e imparcialidade, sem se defender cegamente nenhum dos lados, nem se ter a mesma avidez da mídia sensacionalista em linchá-lo(s) virtualmente.

A melhor forma de colaborar com a verdade é apresentando todos os fatos reais que se conheçam a respeito dos envolvidos, para que se conte com o máximo de informação no processo.


Fonte: Aleteia
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