Perdão
Olena Yakobchuk|Shutterstock
Pe. Cido Pereira - publicado em 20/03/23
"Esquecer ou não esquecer a ofensa não é importante: há certos fatos que não dá pra esquecer", explica o pe. Cido
Será que, para perdoar de verdade, precisamos esquecer o mal que sofremos? Na sua coluna de perguntas e respostas veiculada pelo portal O São Paulo, o pe. Cido Pereira recebeu o seguinte questionamento da leitora Elisângela Cristina:
“Padre, quando perdoamos a alguém e não esquecemos o que essa pessoa fez, mesmo que seja para servir de lição, é certo? Ou devemos perdoar e esquecer o mal por completo?”.
O pe. Cido observou primeiramente que perdoar não é nada fácil:
“Se existe uma virtude difícil de viver, essa é a virtude do perdão. Por uma razão: a ofensa mexe com aquilo que nós mais prezamos, a nossa honra, o nosso orgulho. Há realmente ofensas que marcam profundamente a nossa vida. Pense na mãe que perdeu um filho assassinado ou naquele que teve sua honra destruída por uma calúnia, ou na ingratidão de alguém pelo qual a gente fez o que podia e não podia. É difícil perdoar. E quem disser que não é, está faltando com a verdade”.
Em seguida, o sacerdote recordou:
“Por outro lado, não existe virtude que mais faça bem pra gente do que a virtude do perdão, pois liberta quem perdoa e quem é perdoado. Liberta quem perdoa, porque este arranca do coração algo que está amargando a sua vida e lhe tirando a paz. E o perdão liberta quem é perdoado, porque não pesará mais sobre essa pessoa aquela culpa e, assim, pode repensar sua vida”.
E quanto a esquecer o mal sofrido? O pe. Cido explicou:
“Agora, esquecer ou não esquecer a ofensa não é importante. Há certos fatos que não dá pra esquecer. Às vezes, certas ofensas marcam tanto a vida da pessoa que comprometem para sempre um relacionamento. O perdão consistirá em não fazer mais da ofensa um problema. Consistirá em não alimentar mais o ódio no coração. Consistirá em até orar pelo ofensor para que ele tenha paz e seja feliz, sem que isso signifique que devamos conviver com ele”.
O sacerdote então lembrou o fundamental para todo cristão: o exemplo do próprio Jesus.
“O grande mestre do perdão é Jesus. Devemos aprender com Ele. Eu acho muito engraçado o que dizem algumas pessoas como desculpa para não perdoar. Elas dizem: ‘Eu? Perdoar? Eu não sou Deus. Quem perdoa é Deus’. Não, não, não! Todos nós somos chamados a perdoar, porque somos filhos desse Deus que é misericórdia e perdão. E nunca é demais lembrar o que Jesus nos ensinou a pedir no Pai-nosso: ‘Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido'”.
E o padre concluiu:
“Portanto, devemos perdoar sempre, porque Deus nos perdoa sempre. Devemos nos libertar de todo sentimento de ódio, rancor, revanche, sentimento de vingança. A experiência de vida dirá se devemos ou não conviver com ela. Esquecendo ou não a ofensa, colocamos a experiência ruim que tivemos nas mãos de Deus e, livres, vamos recuperar a alegria de viver”.
Fonte: Aleteia
---
Comentários
Postar um comentário