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Opção por ou contra Cristo - 20° Domingo do Tempo Comum (Ano C )


Opção por ou contra Cristo

20° Domingo do Tempo Comum – 
Ano C

Evangelho de Lucas 12,49-53

* Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 49“Eu vim para lançar fogo sobre a terra e como gostaria que já estivesse aceso! 50Devo receber um batismo e como estou ansioso até que isso se cumpra! 51Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão. 52Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; 53ficarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra”.

REFLEXÃO:

A linguagem do texto do Evangelho é um pouco provocadora e enigmática. O fogo que Jesus traz não é fogo destruidor, mas o fogo do Espírito Santo, com sua força purificadora e inovadora. Sua mensagem arde no coração das pessoas que optam por ele, transformando-as em novas criaturas. No Pentecostes, o Espírito pousou em forma de línguas de fogo sobre as pessoas presentes na sala, fogo que não se apagará e continuará ardendo ao longo dos tempos. O batismo de que fala Jesus é sua morte e glorificação, pleno cumprimento de sua obra de salvação. O fogo do Espírito infundirá vida e dinamismo nos seguidores de Jesus, que vão continuar o que ele começou. A mensagem do Evangelho é uma provocação, ou seja, a vida do cristão não é um mar de rosas, um refúgio cômodo para pessoas medrosas e tímidas. O cristão é chamado a viver a decisão de seguir Jesus até a cruz. O projeto de Jesus, selado com seu sangue na cruz, vem abalar os fundamentos da sociedade injusta. O Mestre não veio trazer divisão, mas a opção por ele é que pode provocar conflito na comunidade e até na família. Jesus rompe com a falsa paz da propalada “ordem estabelecida”. Quem aceita a novidade do Reino de Deus, assume a prática do amor, tão revolucionária que acaba provocando divisões.

(Dia a dia com o Evangelho 2022) [1]

Oração do Dia

Ó Deus, preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas, que superem todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Opção por ou contra Cristo

Sempre falando no Fim, Lc traz, no evangelho de hoje, a palavra de Jesus dizendo que veio trazer fogo à terra. Palavra que deixa transparecer ainda a participação de Jesus na efervescência escatológica de seu tempo (como aquela outra: 10,18: “Eu via Satanás cair do céu qual relâmpago!”). Jesus não era um desses teólogos que falam com termos assépticos. Partilhava a linguagem apocalíptica de seu tempo. Experimentava o Reino de Deus como uma força que vinha sobre ele. Por isso, não diz apenas que ele deve administrar um batismo de fogo (cf. 3,16), mas que ele mesmo deve ser imerso neste batismo escatológico; e como o deseja (12,50)! O Espírito de Deus veio sobre Jesus como fogo, ele viveu na obediência, recebeu sua missão escatológica, na fé e na esperança. E, por isso, é mais ainda nosso Redentor: porque ele é o protótipo de nossa fé. Podemos crer com ele. A fé não nos separa de Jesus, colocando-o do outro lado, como “objeto”. Somos com ele co-sujeitos da sua fé: ouvintes da palavra do Pai.

A 2ª leitura nos propõe, exatamente, Jesus como o supremo exemplo de fé (depois de Hb 11 ter oferecido todo um elenco de exemplos; cf. dom. pass.). Ele é o autor e consumidor de nossa fé. Como ele assumiu sua “corrida” e, transformado em sinal de contradição para o mundo, a levou corajosamente até o fim, nós também a devemos assumir e percorrer até o fim. Com Cristo, corremos ao encontro do Pai. Ele nos precedeu, por assim dizer, em nossa corrida.

Esta corrida é um certame. Coloca-nos numa posição dialética face ao mundo. Também nisso, Jesus €nosso exemplo: não veio trazer a paz – pelo menos não como a gente pensa – e sim a divisão (Lc 12,51); é sinal de contradição (Hb 12,3), como foram os profetas antes dele, especialmente Jeremias (1ª leitura). Nós esperamos facilmente uma paz que se imponha (graças a uma autoridade forte, um regime inabalável etc.). Jesus vem propor uma paz baseada na adesão e livre escolha; apela para a liberdade; portanto, abre também o caminho para o desacordo; pois não força ninguém a estar de acordo com ele. Ninguém pode ser forçado a amar o próximo como a si mesmo, isto é, dar-lhe a preferência quando preciso (pois isso é amar…). Ninguém pode ser forçado a entregar livremente sua vida por amor. .. Contudo, nisto consiste a paz que Jesus vem propor. Proposta que divide as pessoas em pró e contra, mesmo no seio da própria família. No momento em que Lc escrevia, isso era dura realidade, pois já tinham iniciado as perseguições contra os cristãos.

Para Lc, tudo isso são “sinais do tempo” (12,54ss, sequência da leitura de hoje). Sinais do tempo decisivo, em que também Deus tomará partido. Nós somos hoje sinais de contradição no mundo (e ai de nós se não o formos, pois este mundo não é compatível com Deus!). Devemos considerar isso como uma “situação escatológica”. A controvérsia em redor do ser cristão no mundo de hoje é um sinal do tempo da escolha; escolha do homem em favor ou contra Cristo, escolha de Deus em favor ou contra os que, com Cristo, querem ser seus filhos, ou não. Escolher entre o amor de Deus e o do mundo é a dimensão escatológica permanente do ser cristão.

Será que os cristãos devem então ser menos humanos? Gente carrancuda, eternos insatisfeitos? Insatisfeitos, sim (quem poderia estar satisfeito com a sem-vergonhice solta por aí?); carrancudos, não, pois é por amor ao mundo que estão insatisfeitos. Por paixão … padecem.

Por paixão, jovens escolhem profissões pouco lucrativas, para melhor servir seus irmãos deserdados, e ficam eles mesmos deserdados por seus pais. Por paixão, um bispo intelectual, Dom Romero, se toma porta-voz dos oprimidos e é ele mesmo suprimido. “Vim trazer a divisão…”

PE. JOHAN KONINGS - professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Comentário do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes" [2]

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