O Espírito Santo e a escolha dos Papas
Jeffrey Bruno | Aleteia
Francisco Vêneto - publicado em 15/06/22
"Existem exemplos demais de Papas que evidentemente o Espírito Santo não teria escolhido", declarou o então prefeito para a Doutrina da Fé
É literalmente o Espírito Santo quem escolhe os Papas? Esta pergunta, bastante delicada e talvez até capciosa, foi feita em 1997 ao então cardeal Joseph Ratzinger, futuro Papa Bento XVI.
Conforme registrado pelos jornais católicos italianos Tempi e Avvenire, este último pertencente à Conferência Episcopal Italiana, o cardeal Ratzinger, que era na época o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, assim respondeu:
“Eu não diria desta forma, no sentido de que seja o Espírito Santo quem o escolhe. Eu diria que o Espírito Santo não toma exatamente o controle da questão, mas sim, como bom educador que é, nos deixa muito espaço, muita liberdade, sem nos abandonar completamente.
Então o papel do Espírito deveria ser entendido num sentido muito mais elástico; não que ele dite o candidato em quem cada um tem que votar. Provavelmente, a única certeza que Ele oferece é que a coisa não possa ser totalmente arruinada. Existem exemplos demais de Papas que evidentemente o Espírito Santo não teria escolhido”.
Livre arbítrio e Espírito Santo
A lúcida e madura resposta de Ratzinger é perfeitamente coerente com toda a doutrina católica sobre a liberdade humana de tomar decisões autônomas: cada pessoa é livre para escolher, diante da própria consciência, se quer ou não quer ouvir e seguir as inspirações do Espírito Santo. “O Espírito sopra onde quer”, declarou Jesus Cristo, mas não impõe nada.
Deus, de fato, respeita o nosso livre arbítrio a ponto de acatar até mesmo a nossa decisão de rejeitá-Lo eternamente. Por que razão, então, não iria deixar os cardeais perfeitamente livres diante da sua consciência para tomarem as decisões que julgassem mais adequadas? Cada um prestará contas da própria retidão de consciência.
Fé e razão de mãos dadas
A fé madura é sempre coerente com a razão. Como sintetizou São João Paulo II na abertura da encíclica Fides et Ratio, “a fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva à contemplação da verdade”.
Fonte: Aleteia
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