LUDOVIC MARIN | AFP
Caroline Becker - publicado em 03/08/21
Nem os jatos de água utilizados para conter o fogo, nem o entulho causado pelo desmoronamento de parte do telhado foram fortes o suficiente para apagar as frágeis chamas das velas
Dia 16 de abril de 2019. No dia seguinte ao incêndio, a Catedral de Notre Dame está em um estado apocalíptico. Pedras, entulho e poeira invadiram o santuário após o violento incêndio que devastou seu telhado e destruiu a torre de Viollet-le-Duc.
Lá dentro, os bombeiros estão ocupados, protegendo a área. Enquanto isso, religiosos e leigos vagueiam com cautela para retirar as obras de arte e objetos litúrgicos ainda presentes nas capelas. Uma dessas pessoas, que deseja manter o anonimato, conta à Aleteia ter presenciado uma cena surpreendente.
Velas acesas na Notre Dame após o incêndio
Ao passar pela famosa estátua da Virgem do Pilar, colocada na entrada do coro, ele nota que várias velas ainda estão acesas. Atônito, ele se vira para um bombeiro e pergunta, quase inocentemente, se as velas tinham sido acesas novamente. O bombeiro garante que não, já que o acesso à área estava fechado devido aos escombros. Disse a testemunha:
“Fiquei fascinado diante daquelas velas acesas. Não conseguia compreender como as chamas tão frágeis tinham resistido ao desabamento da abóbada, aos jatos de água derramados durante várias horas e ao impressionante sopro emitido pela queda da torre”.
Ao seu redor, os bombeiros observam com espanto a mesma cena. “Eles ficaram tão impactados quanto eu”, acrescentou a testemunha.
Questionado pela edição francesa da Aleteia, o reitor da catedral, Monsenhor Chauvet, que também estava presente no interior da catedral naquele dia, fez a mesma observação. ele disse que viu velas ainda acesas não aos pés da Virgem do Pilar, mas perto da Capela do Santíssimo Sacramento. “Pude observar, de fato, que as velas continuavam a queimar”, testemunha.
O relicário de Santa Genoveva, uma mulher milagrosa
Um acontecimento igualmente surpreendente aconteceu no mesmo dia, a poucos metros de distância. Numa das capelas da parte norte da Catedral de Notre Dame, conserva-se, numa moldura de vidro, o relicário de Santa Genoveva, obra do ourives parisiense Placide Poussielgue-Rusand (1824-1889).
No dia seguinte ao incêndio, ele estava perfeitamente intacto, apesar das pedras caídas que o cercavam. “Ao redor do relicário estavam muitos entulhos. O menor deslizamento de material contra a parede de vidro o teria estilhaçado. E ainda assim o relicário estava impecável.”
Eis outra visão perturbadora que esta testemunha direta não consegue explicar, mas que, vários meses depois, deixa nele uma memória inesquecível.
“Como fiel, não posso deixar de ver isso como uma leitura espiritual. O que também me impressionou enormemente foi a luz do sol que entrava pelo orifício da torre que caiu e iluminava toda a nave. Foi extremamente lindo. Era como uma Presença”, lembra ele.
“Estética e espiritualmente, se pensarmos que a beleza é da ordem do divino, então Deus estava presente naquele dia”, conclui.
O interior de Notre-Dame de Paris após o incêndio
Veja como ficou o interior da catedral de Notre Dame após o devastador incêndio.
Fonte: Aleteia
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