Nova moeda do Vaticano representa a Mãe Terra?


Moeda de prata que será colocada à venda em 16 de outubro / Crédito: Site do Escritório Filatélico e Numismático do Vaticano

Vaticano, 15 out. 20 / 11:13 am (ACI).- O Escritório Filatélico e Numismático do Vaticano colocará à venda a partir do dia 16 de outubro uma moeda de prata de dez euros por ocasião do 50º aniversário do Dia Mundial da Terra, com a figura de uma mulher nativa amazônica grávida e que nas redes sociais foi associada a Pachamama ou “Mãe Terra”, divindade que gerou polêmica no Sínodo da Amazônia.
De acordo com o site do escritório do Vaticano, a moeda criada por Luigi Oldani “representa uma mãe carregando a Terra, a qual devemos cuidar e amar como se fosse uma filha, com longas espigas de trigo nos cabelos, em uma referência cruzada entre o passado e o futuro que se torna atemporal, portanto eterna”.
Indicou-se também que um total de 3.300 moedas foram cunhadas no Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato (IPZS) italiano, sob a supervisão da Zecca (Casa da Moeda) do Estado da Cidade do Vaticano.
Também no dia 16 de outubro, será colocada à venda uma moeda de prata no valor de cinco euros, dedicada ao Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Esta mostra São Pedro que “acolhe, protege e cuida de todos aqueles que se refugiam na Igreja e nos interrogam, uma Igreja sem fronteiras, mãe de todos”, segundo o site do Escritório Filatélico e Numismático do Vaticano.

A Mãe Terra

A Mãe Terra ou Pachamama é uma divindade andina identificada com a fertilidade; no entanto, durante o Sínodo da Amazônia, foi apresentada como se pertencesse à cosmovisão amazônica.
A polêmica começou no dia 4 de outubro de 2019, em um evento realizado nos Jardins do Vaticano e organizado pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), com o Movimento Católico pelo Clima. Naquele dia, alguns dos participantes realizaram um ritual indígena no qual havia duas figuras femininas que, com o decorrer dos dias, foram identificadas como a Pachamama.
As imagens, que mostravam uma mulher grávida nua, foram instaladas e expostas em um altar na igreja de Santa Maria em Traspontina, dos carmelitas, a poucas quadras do Vaticano. Em 21 de outubro daquele ano, dois homens não identificados roubaram pelo menos cinco esculturas de madeira e as jogaram no rio Tibre.
Nessa mesma igreja, como informou o Grupo ACI, foi realizado de 4 a 27 de outubro de 2019 um evento sincrético que mesclava tradições indígenas da Amazônia com referências cristãs.
Em novembro de 2019, o Bispo emérito de Marajó, na Amazônia brasileira, Dom José Luis Azcona, denunciou a “idolatria” e o “escândalo” em torno de algumas polêmicas imagens da Pachamama, que estiveram presentes em diversos eventos do Sínodo da Amazônia.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

(Fonte: ACI digital)

Dom José Luis Azcona: "Escândalo de idolatria”

Uma das reações críticas mais contundentes a este sincretismo veio do Brasil.
De fato, em novembro de 2019, dom José Luis Azcona, bispo emérito da ilha de Marajó, tratou como “idolatria” e “escândalo” as relações entre esses eventos paralelos ao Sínodo da Amazônia e a Pachamama, porque se trata abertamente de um ídolo pagão. Ele pediu e defendeu mais clareza doutrinal.
Dom Azcona, que é espanhol, se tornou bastante conhecido e respeitado no Brasil por suas firmes denúncias contra a exploração sexual de crianças na região amazônica. Ele chegou, inclusive, a sofrer ameaças de morte em decorrência dessas denúncias.
O bispo emérito, além disso, contestou enfaticamente as alegações de que os indígenas seriam incapazes de compreender o celibato católico, já que uma das desculpas em voga para contestá-lo é a de que o celibato prejudicaria a continuidade da missão entre os povos indígenas. (Aleteia)

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