Igreja no Brasil celebra abertura do processo de beatificação do Padre Léo

Membros do Tribunal Eclesiástico do processo de beatificação do Padre Léo/ Foto: Elaine Santos – Canção Nova

POR JÚLIA BECK

SÁBADO, 7 DE MARÇO DE 2020, 18H01

“Acreditamos que padre Léo é santo e queremos vê-lo ser declarado santo”, afirmou Dom Wilson durante Missa em Ação de Graças pela abertura do processo de beatificação do sacerdote

Julia Beck
Da redação

Aproximadamente cinco mil pessoas acompanharam na tarde deste sábado, 7, na sede da Comunidade Bethânia, em São João Batista, a cerimônia de abertura do processo de beatificação do Padre Léo. Entre os presentes estavam os irmãos de Padre Léo: Ernane Pereira, Célia Pereira e Elisabeth Pereira; além de familiares e amigos.

O ato jurídico e canônico instaurou o tribunal eclesiástico do processo, que será composto por: Paolo Vilotta, postulador da causa de beatificação; Ronaldo Frigini, notário da causa; padre Tarcísio Pedro Vieira, delegado episcopal; Dom Wilson Tadeu Jönck, arcebispo de Florianópolis; padre Alcides Amaral, promotor de justiça; e o diácono Roque Inácio Filho, notário adjunto.

Após o ato, uma Missa em Ação de Graças pela abertura do processo de beatificação do novo Servo de Deus foi presidida por Dom Wilson Tadeu Jönck. No início da celebração, os restos mortais do Padre Léo foram acolhidos pelo celebrante.


Família e amigos participam da cerimônia de abertura do processo de beatificação do Padre Léo/ Foto: Elaine Santos – Canção Nova

Santidade: vocação universal

“Estamos reunidos porque acreditamos que padre Léo é santo e porque queremos vê-lo ser declarado santo”. É o que afirmou Dom Wilson no início de sua homilia. O arcebispo explicou aos fiéis que a santidade é uma vocação universal e exortou todos a buscarem inspiração na vida de Padre Léo. “Que essa celebração possa suscitar em nós o desejo de ser santo”.

Em seguida, Dom Wilson pontuou uma consequência do caminho da santidade: o processo de “saída”. “Não há santidade se ficarmos no mesmo lugar. É preciso sair do comodismo, da vida de pecado”. Para o membro do tribunal eclesiástico do processo de beatificação do padre Léo, o processo de “saída” deve ser realizado todos os dias. “É preciso descobrir de onde sair, pois Deus nos convida a sair”.

O arcebispo esclareceu que ser santo não é obra do ser humano, mas sim de Deus, que age na vida do santo. Segundo Dom Wilson, quando Deus se faz atuante na vida de uma pessoa, não só ela é beneficiada, mas todos aqueles que passam pela vida dela.


Dom Wilson Tadeu Jönck durante homilia/ Foto: Elaine Santos – Canção Nova

Sobre os milagres realizados por intermédio dos santos, o bispo reafirmou: “Deus faz o milagre. O milagre é sempre obra de Deus”. Dom Wilson prosseguiu comentando que quando um santo é admirado e venerado, os leigos se mostram agradecidos a Deus por tudo que Ele fez na vida daquela pessoa.

“Na vida do padre Léo, Deus foi crescendo em importância. Ele sempre dedicou tempo e atenção a Deus até que de repente toda a sua vida era voltada para Deus”, sublinhou o membro do tribunal eclesiástico do processo de beatificação do Servo de Deus. De acordo com o arcebispo, o santo passa a voltar-se ao serviço de Deus na oração, pregação e prática da caridade até que todos os seus dias e horas passam a ser voltados para Deus.

Dom Wilson destacou o bem que Padre Léo fez na vida de muitos. “Esse proceder, essa generosidade do Padre Léo fez com que Deus acontecesse na vida de muitas pessoas. E Deus continua a manifestar e agir mesmo após a morte do Padre Léo”. A fé, para o bispo, é o que faz com que toda a comunidade acredite que o mundo possa ser transformado.

A transfiguração de Jesus e do Padre Léo

O evangelho do dia, que recorda a transfiguração de Jesus, exorta homens e mulheres a também se transfigurarem, frisa o arcebispo. Para isso, Dom Wilson explicou que é preciso compreender duas palavras gregas que significam vida: bios e zoe.

Bios, de acordo com o arcebispo, é a natureza, a biologia. “Nosso corpo humano tem desejos e quando deixarmos que ele seja guiado por eles, quebramos a cara, tendemos ao egoísmo, à corrupção. Isso deve ser transformado”, apontou. A segunda palavra que significa vida, zoe, corresponde à vida espiritual que vem de Deus e vai se instaurando no ser humano. “Deus se faz presente em nós, na vida das pessoas, para alcançar a nossa vida. A zoe não morre, e tudo aquilo que é biológico morre e deve morrer”.

Restos Mortais do Padre Léo/ Foto: Elaine Santos – Canção Nova

“Ser santo então não é ser mais generoso e caridoso, é ser diferente, ser outra coisa, ser filho de Deus. Só somos filhos de Deus por ação do próprio Deus”, afirmou o arcebispo. Para assumir esta realidade, Dom Wilson exortou os fiéis a deixarem tudo o que traz morte e escravidão. “Muitas das pregações de Padre Léo giravam em torno disso: matar o que nos impede de transfigurar”.

O bispo esclareceu que quando homens e mulheres se aproximam de Cristo, absorvem características santas. “Aproximar-se e buscar Cristo, este é o nosso caminho, este é o caminho de santidade”. Ao ter as ações de Cristo multiplicadas, o membro do tribunal eclesiástico do processo de beatificação do Padre Léo revelou que homens e mulheres passam a ocupar suas vidas com oração e caridade. “É assim que nos tornamos santos”.

Sacerdote que tocava corações

Sobre a vida do novo Servo de Deus, o arcebispo destaca sua inquietude. “A vida biológica pulsava muito forte dentro dele e, no encontro com Cristo, percebeu um outro caminho e se deixou conduzir a partir deste caminho, buscou a vida sacerdotal e se tornou sacerdote. Esse sacerdote fez bem a muita gente e, a medida que vivia seu sacerdócio, as características de Jesus eram manifestadas”.

De acordo com Dom Wilson, Padre Léo tocava os corações tanto dos que o procuravam, quanto dos que descobriram que podiam colaborar com suas obras. “Seu tempo era para servir a Deus, servindo o próximo, e essa transformação não acontece sem paixão”, observou. Assim como Cristo Ressuscitado passou pela morte, para ser santo, é preciso passar por ela também, completou o arcebispo.

“A vida nova em Cristo só é possível se morrermos para nós mesmos. Jesus é aquele que se esvaziou totalmente de si, e é esse Jesus que ressuscitou e traz vida nova, a vida que Padre Léo descobriu e não quis largar”.

As pregações do Servo de Deus, no tempo em que estava doente, eram mais densas e tinham significados profundas, pontuou Dom Wilson. Para o bispo, a doença permitiu que Padre Léo enxergasse a vida de forma diferente. “O próprio sofrimento, paixão, nos garante que ele ressurgiu com Cristo e está com Cristo. A mesma ressurreição que desejamos e buscamos, nós reconhecemos no Padre Léo”.

O arcebispo pediu que Padre Léo seja o intercessor de todos que desejam seguir o caminho da santidade. “Aonde há um santo, há abundância de graças para toda a comunidade. Que possamos nos dispor para que Deus realize sua obra na nossa vida”.

Fonte: Canção Nova


Restos mortais do padre Léo foram exumados e colocados em nova urna, para o início do processo de beatificação. Foto: Patrick José

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