Novos tumultos após três semanas de protestos no Chile
AMÉRICA LATINA | 09.11.2019
Em Santiago, edifício de universidade é incendiado, igreja é saqueada e prédio da Embaixada da Argentina é danificado. Manifestações no país já provocaram 20 mortes, por volta de 2,5 mil feridos e 3 mil detenções.
Um incêndio atingiu nesta sexta-feira (08/11) um edifício histórico no centro de Santiago, perto da Praça Itália, onde centenas de milhares de pessoas protestaram no dia que marca três semanas de manifestações pelo país que já provocaram 20 mortes, por volta de 2,5 mil feridos e 3 mil detenções.
O fogo se propagou rapidamente pelo segundo e terceiro andares do edifício datado do início do século 20 e utilizado como reitoria e decanato de várias faculdades da Universidade Pedro de Valdivia.
A coluna de fumaça era facilmente visível de vários pontos da capital chilena, enquanto diversos bombeiros voluntários se apressavam em chegar ao local para tentar conter as chamas, que envolviam a maior parte do edifício.
Os caminhões dos bombeiros tiveram que passar pela manifestação na Praça Itália. Com a ajuda dos manifestantes, as chamas foram controladas em uma hora. Parte do teto do edifício, que anteriormente foi ocupado pelo Comitê Olímpico do Chile, cedeu durante as tarefas de extinção.
Felipe Guevara, prefeito da região metropolitana, onde está localizada a capital do país, disse à televisão nacional chilena que "um grupo de encapuzados" entrou no prédio e, depois de saqueá-lo, o incendiou.
O reitor da Universidade Pedro de Valdivia, Rafael Rosell, disse que "é muito triste que Santiago perca seu patrimônio" e que esse acontecimento causa "grandes danos à comunidade".
População chilena volta à Praça Itália para protestar contra sistema econômico e pedir renúncia de presidente
Destroços na embaixada da Argentina e saque de igreja
Outro grupo de manifestantes pulou as grades da Embaixada da Argentina no Chile, onde causou danos no jardim e quebrou algumas janelas arremessando pedras.
Os incidentes violentos do dia continuaram com os saques da Paróquia da Assunção, de onde eles pegaram bancos e confessionários para fazer barricadas nas ruas.
A eclosão social que o Chile está enfrentando teve início em 18 de outubro, diante do aumento do preço da passagem do metrô, para depois se tornar um clamor popular contra o governo e o modelo econômico desigual do país.
O presidente Sebastián Piñera, que decretou ou estado de emergência durante os primeiros dias da crise, anunciou na quinta-feira medidas de combate ao "vandalismo" e a convocação do controverso Conselho de Segurança Nacional (Cosena), criado durante Augusto Pinochet (1973-1990).
O protesto desta sexta-feira foi convocado com a ideia de replicar a grande mobilização de 26 de outubro, quando 1,2 milhão de pessoas se aglomeraram na praça central de Santiago para mostrar descontentamento com a desigualdade social e pedir a renúncia de Piñera.
Fonte: DW
Manifestantes mascarados montam barricada com objetos de igreja de Santiago, no Chile, nesta sexta-feira (8) — Foto: Jorge Silva/Reuters
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