BRASILIA, 09 Ago. 19 / 12:15 pm (ACI).- No último mês de julho, aconteceu um Seminário de Estudo do Documento de Trabalho do Sínodo para a Amazônia, em Brasília, com presença, entre outros, de diversos bispos; porém, a promoção de uma “mística indígena” em um momento do evento chamou a atenção de fiéis que seguem levantando questionamentos.
O seminário, promovido pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) e Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), aconteceu de 16 a18 de julho, na sede do Centro Cultural Missionário, em Brasília.
Entre as atividades realizadas durante o evento, teve repercussão nas redes sociais uma “mística indígena” promovida em 18 de julho. Na página de Facebook da REPAM, este momento foi demonstrado por meio de fotos e a seguinte descrição: “Com uma mística indígena, pedindo proteção e bênçãos sobre a caminhada sinodal, seguiu-se os trabalhos no Seminário em Brasília”.
As imagens foram criticadas pelo blogger e influenciador católico de Minas Gerais, Bruno Braga, que classificou como “ritual escabroso” este ato do seminário, reprovando a participação de bispos em um ritual próprio do “paganismo indigenista”.
Por sua vez, Pe. Renato Gonçalves, da diocese de Santo Amaro (SP), também compartilhou a publicação da REPAM e questionou: “A Igreja Católica não tem a Mística dela? Será que é preciso tomar este tipo de atitude, Repam? Veja a maioria dos comentários dos nossos leigos! Com toda a razão, estão escandalizados! No mínimo: Atitude de extrema imprudência”.
Durante o evento, indicaram, “os participantes puderam aprofundar as temáticas discutidas no Instrumentum Laboris, bem como identificar as possíveis carências e imprecisões no texto”, além disso, “os bispos participaram de oficinas de texto como preparação das aulas sinodais”.
O evento reuniu representantes da região da Amazônia, participantes de outras regiões do país, de outros países da Pan-Amazônia e de outras igrejas cristãs, como os pastores luteranos Roberto Zwetsch e Romi Bencke, secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil/CONIC.
Perigos da “cosmovisão”
Em recente análise, na qual apresenta uma série de objeções e críticas ao Instrumentum Laboris do Sínodo da Amazônia, o Cardeal Gerhard Müller, que foi Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé entre 2012 e 2017, advertiu, entre outras coisas, sobre os perigos do conceito de “cosmovisão” presente do documento.
“Uma cosmovisão com seus mitos e a magia ritual da Mãe ‘Natureza’, ou de seus sacrifícios aos ‘deuses’ e espíritos que assustam nosso intelecto, ou que nos tentam com falsas promessas, não podem de forma alguma ser um enfoque adequado para a vinda do Deus Trino em Sua Palavra e em Seu Espírito Santo”, afirmou.
O Cardeal pediu maior seriedade aos responsáveis pelo Instrumentum Laboris e perguntou: “Acaso na formação dos futuros pastores e teólogos deve-se substituir o conhecimento da filosofia clássica e moderna, dos Padres da Igreja, da teologia moderna e dos concílios pela cosmovisão amazônica e a sabedoria dos antepassados com seus mitos e rituais?”.
“A contemplação do cosmos é apenas a ocasião para glorificar Deus e seu maravilhoso trabalho na natureza e na história. O cosmos, entretanto, não deve ser adorado como Deus; só o Criador deve sê-lo”, acrescentou.
Do mesmo modo, rechaçou conceitos como “teologia indígena” ou “ecoteologia”: “são uma derivação do romanticismo social”.
“A teologia é a compreensão (intellectus fidei) da Revelação de Deus em Sua Palavra na Profissão de Fé da Igreja, e não uma nova e contínua mistura de sentimentos do mundo e de pontos de vista do mundo ou de constelações religiosas-morais do sentimento cósmico tudo-em-um, a mistura dos sentimentos do próprio eu com os do mundo”.
Pelo contrário, “nosso mundo natural é a criação de um Deus Pessoal. A fé no sentido cristão é, portanto, o reconhecimento de Deus em Sua Palavra Eterna que se fez Carne: é a iluminação do Espírito Santo para que reconheçamos a Deus em Cristo”.
O Cardeal Müller assinalou ainda que o que falta no documento “é um testemunho claro da autocomunicação de Deus no verbum incarnatum, da sacramentalidade da Igreja, dos Sacramentos como meio objetivo da Graça em lugar de meros símbolos autorreferenciais, do caráter sobrenatural da Graça”.
Fonte: ACI digital
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