Discurso do Papa diante de autoridades, sociedade civil e diplomatas na Romênia (31/05/2019)

Papa pronuncia seu discurso diante das autoridades romenas. Foto: Andrea Gagliarducci / ACI Prensa

BUCAREST, 31 Mai. 19 / 09:25 am (ACI).- O Papa Francisco pronunciou diante das autoridades, da sociedade civil e do corpo diplomático acreditado na Romênia o primeiro discurso de sua viagem apostólica a este país, que está realizando desde a manhã desta sexta-feira até o próximo domingo, 2 de junho. É a sua 30ª viagem.

Em seu discurso, o Santo Padre assegurou que, na Romênia, “a Igreja Católica não é estranha, mas plenamente participante do espírito nacional, como mostra a participação dos seus fiéis na formação do destino da nação, na criação e desenvolvimento de estruturas de educação integral e formas de assistência próprias de um Estado moderno. Por isso deseja dar o seu contributo para a construção da sociedade e da vida civil e espiritual na vossa formosa terra da Romênia”.

A seguir, o texto completo do discurso do Papa Francisco:

Senhor Presidente,
Senhora Primeiro-Ministro,
Beatitude,
Ilustres Membros do Corpo Diplomático,
Distintas Autoridades,
Representantes das várias Confissões Religiosas e da sociedade civil,
Queridos irmãos e irmãs!

Dirijo uma cordial saudação e os meus agradecimentos ao senhor Presidente e à senhora Primeiro-Ministro pelo convite para visitar a Romênia e as amáveis expressões de boas-vindas que o senhor Presidente me dirigiu em nome próprio e também das outras autoridades da nação e do vosso amado povo. Saúdo os membros do Corpo Diplomático e os expoentes da sociedade civil aqui reunidos.

Com deferência, apresento as minhas saudações a Sua Beatitude o Patriarca Daniel, estendendo-as aos Metropolitas e Bispos do Santo Sínodo e a todos os fiéis da Igreja Ortodoxa Romena. Saúdo com afeto os Bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e todos os membros da Igreja Católica, que venho confirmar na fé e encorajar no seu caminho de vida e testemunho cristãos.

Estou feliz por me encontrar na vossa ţară frumoasă [terra formosa], vinte anos depois da visita de São João Paulo II e no semestre em que a Romênia – pela primeira vez desde que começou a fazer parte da União Europeia – preside ao Conselho Europeu.

Trata-se de um momento propício para uma vista de conjunto aos trinta anos passados desde que a Romênia se libertou dum regime que oprimia a sua liberdade civil e religiosa e a isolava dos outros países europeus levando-a também à estagnação da sua economia e ao exaurimento das suas forças criativas. Durante este período, a Romênia empenhou-se na construção dum projeto democrático através do pluralismo das forças políticas e sociais e do seu diálogo mútuo, através do reconhecimento fundamental da liberdade religiosa e da plena integração do país no mais amplo cenário internacional.

É importante reconhecer os numerosos passos realizados neste caminho, mesmo no meio de grandes dificuldades e privações. A vontade de progredir nos vários campos da vida civil, social e científica pôs em movimento tantas energias e projetação, libertou inúmeras forças criativas que antes estavam prisioneiras e deu novo impulso às múltiplas iniciativas empreendidas, transportando o país para o século XXI. Encorajo-vos a prosseguir no trabalho de consolidar as estruturas e as instituições que são necessárias não só para dar resposta às justas aspirações dos cidadãos, mas também para estimular o vosso povo permitindo-lhe expressar todo o potencial e engenho de que sabemos ser capaz.

Ao mesmo tempo é preciso reconhecer que as transformações, tornadas necessárias pela abertura duma nova era, acarretaram consigo – juntamente com as conquistas positivas – o aparecimento de inevitáveis obstáculos que se devem superar e de consequências para a estabilidade social e a própria administração do território nem sempre fáceis de gerir.

Penso, em primeiro lugar, no fenômeno da emigração, que envolveu vários milhões de pessoas que deixaram a casa e a pátria à procura de novas oportunidades de trabalho e de uma vida digna. Penso no despovoamento de tantas aldeias, que em poucos anos viram partir uma parte considerável dos seus habitantes; penso nas consequências que tudo isto pode ter sobre a qualidade da vida em tais terras e no enfraquecimento das vossas raízes culturais e espirituais mais ricas que vos sustentaram nas adversidades.

Presto homenagem aos sacrifícios de tantos filhos e filhas da Romênia que enriquecem os países para onde emigraram, com a sua cultura, o seu património de valores e o seu trabalho e, com o fruto do seu empenho, ajudam a família que ficou na própria pátria.

Pensar nos irmãos e irmãs que estão no exterior é um ato de patriotismo. É um ato de irmandade. É um ato de justiça. Continuem fazendo isso.

Para enfrentar os problemas desta nova fase histórica, individuar soluções eficazes e encontrar a força para as concretizar, é preciso aumentar a colaboração positiva das forças políticas, econômicas, sociais e espirituais; é necessário caminhar juntos e que todos se comprometam, convictamente, a não renunciar à vocação mais nobre a que deve aspirar um Estado: ocupar-se do bem comum do seu povo.

Caminhar juntos, como forma de construir a história, requer a nobreza de renunciar a algo da própria visão ou do próprio interesse específico em favor dum desígnio mais amplo, de modo a criar uma harmonia que permita avançar seguros rumo a objetivos compartilhados.

Assim, pode-se construir uma sociedade inclusiva, na qual cada um, disponibilizando os seus próprios talentos e competências através duma educação de qualidade e dum trabalho criativo, participativo e solidário (cf. FRANCISCO, Exort. ap. Evangelii gaudium, 192), se torne protagonista do bem comum; uma sociedade onde os mais fracos, os mais pobres e os últimos sejam vistos, não como indesejados nem como obstáculos que impedem a «máquina» de singrar, mas como cidadãos e irmãos que se hão de inserir a pleno título na vida civil; mais, temos neles o melhor aferimento da real bondade do modelo de sociedade que se está a construir: com efeito, quanto mais uma sociedade toma a peito a sorte dos mais desfavorecidos, tanto mais se pode dizer verdadeiramente civil.

É preciso que tudo isto tenha uma alma, um coração e uma direção clara de marcha, imposta, não por considerações extrínsecas nem pelo crescente poder dos centros da alta finança, mas pela consciência da centralidade da pessoa humana e dos seus direitos inalienáveis (cf. ibid., 203).

Para um desenvolvimento sustentável harmonioso, para a implementação concreta da solidariedade e da caridade, para a sensibilização das forças sociais, civis e políticas ao bem comum, não é suficiente atualizar as teorias econômicas, nem bastam – apesar de necessárias – as técnicas e capacidades profissionais. Com efeito, trata-se de desenvolver, juntamente com as condições materiais, a alma do vosso povo.

Neste sentido, as Igrejas cristãs podem ajudar a reencontrar e alentar o coração pulsante donde fazer  fluir uma ação política e social que parta da dignidade da pessoa e leve a empenhar-se, leal e generosamente, pelo bem comum da coletividade. Ao mesmo tempo, as Igrejas cristãs esforçam-se por se tornar um reflexo credível e um testemunho fascinante da ação de Deus, promovendo entre si uma verdadeira amizade e colaboração.

A Igreja Católica quer colocar-se neste sulco, quer dar o seu contributo para a construção da sociedade, deseja ser sinal de harmonia, esperança de unidade e colocar-se ao serviço da dignidade humana e do bem comum. Pretende colaborar com as autoridades, com as outras Igrejas e com todos os homens e mulheres de boa vontade para caminhar juntos e pôr os próprios talentos ao serviço de toda a comunidade.

A Igreja Católica não é estranha, mas plenamente participante do espírito nacional, como mostra a participação dos seus fiéis na formação do destino da nação, na criação e desenvolvimento de estruturas de educação integral e formas de assistência próprias de um Estado moderno. Por isso deseja dar o seu contributo para a construção da sociedade e da vida civil e espiritual na vossa formosa terra da Romênia.

Senhor Presidente, ao formular votos de prosperidade e paz para a Romênia, invoco sobre a sua pessoa e família, sobre os presentes bem como sobre toda a população do país a abundância das bênçãos divinas.

Deus abençoe a Romênia!


Fonte: ACI digital

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Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, tende piedade de nós.
Coração de Maria, Mãe do Filho de Deus, rogai por nós.

Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo, tende piedade de nós.
Coração de Maria, obra-prima do Espírito Santo, rogai por nós.

Corações unidos no amor e na dor, salvai-nos.
Corações inflamados de caridade e misericórdia, ouvi-nos.
Corações adoráveis e compassivos, tende compaixão de nós.

Coração Sacratíssimo de Jesus, reinai em nossos corações.
Coração Imaculado de Maria, triunfai no mundo inteiro.

Jesus e Maria, fazei que nossos corações sejam semelhantes aos vossos!

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»Do prefácio de S. Ex.ª Rev.ma Card. Angelo Comastri

"Estar sempre com Jesus, este é o meu projeto de vida".
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