Israel - Jerusalém (Sexta-feira, 18-01-2019, Gaudium Press) Este ano de 2019 é muito especial para os Franciscanos, pois se completam oito séculos desde que seu fundador, São Francisco de Assis, realizou a chamada Peregrinação da Paz na Terra Santa.
Assim se referiu a este acontecimento o Frei Francesco Patton, OFM, Custódio da Terra Santa, em uma mensagem divulgada no site da Custódia: "O ano de 2019 é especialmente significativo para nós, porque há exatamente 800 anos São Francisco veio como peregrino e testemunha da paz à Terra Santa, permanecendo aqui até 1220, antes de retornar à Itália".
O religioso comenta que a peregrinação do 'pobre de Assis', ocorreu em um contexto especial: a chamada 'Quinta Cruzada': "Parecia que o único idioma possível era o das armas. Francisco de Assis cruza as linhas da guerra e supera a lógica do choque de civilizações em curso, simplesmente seguindo a divina inspiração que lhe leva a acreditar na possibilidade do encontro fraterno com todas as criaturas".
Momento significativo daquela peregrinação de Paz, foi o encontro que o santo italiano teve com o sultão do Egipto Malek el Kamel, que havia emitido um decreto contra os cristãos.
A este respeito, se refere Frei Patton: "Graças a seu encontro com o sultão Malek el Kamel e a sua prolongada estadia na Terra Santa, mais tarde se pode elaborar esse método de evangelização, baseado no testemunho de vida e o anúncio da Palavra, que inspirou ao longo destes oito séculos e ainda hoje guia nossa presença franciscana no Oriente Médio, através da Custódia da Terra Santa".
O ano de 1219 foi um período difícil, já que a guerra entre os Cruzados e o Islã estava ocasionando graves estragos. Por então, o sultão havia emitido um decreto prometendo uma importante recompensa em ouro para aqueles que trouxessem a cabeça de um cristão. Por sua vez, os Cruzados, liderados por Pelagio Galvani, tinham a intenção de conquistar o Egito tomando o porto de Damieta.
É neste contexto que São Francisco de Assis realiza sua peculiar façanha de se encontrar com Malek el Kamel, decidindo pregar o Evangelho em território muçulmano. Quando o Santo decide transpassar as linhas muçulmanas, é capturado e pede uma audiência com o sultão.
São Boaventura relata em um de seus escritos o diálogo que tiveram: "O sultão lhe pergunta: 'Por que os cristãos pregam o amor e fazem a guerra?'. Francisco em lágrimas responde: 'Porque o amor não é amado'".
Contam que Malek el Kamel ficou muito impressionado com a presença de São Francisco, já que não havia conhecido a um cristão que fosse pacífico e devoto.
Albert Jacquard, no livro 'A preocupação pelos pobres', assinala que o sultão não esqueceu o sorriso de São Francisco, assim como sua Fé sem limite e sua doçura: "Quiçá esta recordação foi decisiva quando decidiu, dez anos mais tarde, sem nenhuma força que lhe obrigasse, entregar Jerusalém aos cristãos", diz o autor. (EPC)
Fonte: Gaudium Press
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