Aleteia | Jul 05, 2018
Graças ao progresso da medicina, hoje nem imaginamos o pavor que despertava antigamente a palavra peste. Esta história nos dará uma ideia...
Com os progressos da medicina moderna, não temos ideia do pavor que despertava antigamente a palavra peste. O conhecimento do que são as bactérias causadoras da peste, como se propagam e como podem ser combatidas era praticamente nulo, e saber que a peste começou numa cidade era de apavorar.
No ano de 1008, na cidade de Valenciennes, norte da França, o pavor tinha razão de ser, pois em poucos dias morreram cerca de 8.000 pessoas!
Saber que a morte está por perto sempre torna as pessoas mais religiosas. Além disso, na França, as pessoas dessa época eram real e sinceramente religiosas. Nada estranha, então, que elas se tenham voltado ao Céu para pedir que as protegesse da peste mortal.
Havia perto da cidade um eremita de nome Bertelain, o qual também pediu à Virgem proteção para os habitantes. Nossa Senhora apareceu-lhe e disse que faria um grande milagre, visível para todos, na noite de 7 de setembro.
O eremita percorreu a cidade contando o fato e, na data marcada, a população encheu as muralhas, torres e lugares mais elevados. Nessa noite, efetivamente, no meio de uma grande luz bem visível para todos os habitantes, Nossa Senhora caminhou ao redor da cidade, deixando cair no trajeto uma fita vermelha.
A aparição e as testemunhas
Não se pense que foi coisa de um instante, ou que Nossa Senhora percorreu poucos metros: foram nada menos que 14 quilômetros – e a cidade inteira assistiu ao fato. Aliás, ao contrário de outras aparições, nas quais as fontes históricas são poucas, todas as crônicas da cidade e da época falam do ocorrido como sendo de notoriedade pública. Mais ainda: a fita ficou guardada em um relicário na cidade durante muitos séculos, até que, durante a Revolução Francesa, foi queimada. É que os revolucionários não querem saber de provas: com elas ou sem elas, seu ódio é igual contra Deus, a Virgem e a verdadeira Igreja.
E qual era a população da cidade na época?
Pergunta nada fácil de responder, dado que não havia os censos regulares de hoje. Há algum tempo, a população está estabilizada em torno de 40.000 habitantes. Mas é difícil calcular quantos eram no século XI. Em todo caso, para levantar uma cifra, suponhamos que fossem dez vezes menos: 4.000 pessoas, e que a peste tenha matado metade da população: isso faria com que ainda houvesse 2.000 pessoas vivas para ver a Virgem. É um grande número de testemunhas!
A procissão e o milagre
Nossa Senhora fez saber ao eremita o significado dessa fita: ela queria que, no dia seguinte, festa de sua Natividade, fosse feita uma procissão seguindo o percurso da fita; com isso, acabaria a peste. Se a procissão fosse repetida a cada ano, Nossa Senhora protegeria a cidade de outras pestes semelhantes.
No outro dia, a procissão foi realizada por toda a população da cidade e, de fato, a peste cessou. Até o dia de hoje é feita essa procissão, conduzindo-se uma imagem que representa Nossa Senhora a deixar cair uma fita.
Faz parte da procissão uma confraria medieval chamada Raiados de Nossa Senhora do Santo Cordão. Essa denominação é devida ao fato de que o seu traje é raiado de listas azuis e brancas.
Por que isso acontecia antes e não acontece mais nos dias de hoje?
Para entender o motivo, devemos primeiro observar que o milagre está intimamente relacionado com a fé. Um milagre costuma ser um prêmio pela fé com que se acredita ou se rezou, ou então é feito para fortalecer a fé.
Os milagres não ocorrem por motivos banais, pois o mesmo Deus que opera o milagre é o que fez as leis da natureza, das quais o milagre é uma suspensão. Seria contrário à sabedoria estabelecer leis que podem ou devem ser suspensas a todo momento.
Nossa Senhora intercede por milagres tendo como meta tornar as pessoas melhores.
Pensemos um momento no que aconteceria se, na cidade onde moramos, houvesse o mesmo que em Valenciennes: Nossa Senhora aparece no céu e todos a veem. Passado um primeiro momento de encanto, logo teria que haver uma melhora significativa na fé e na moral. Quantas pessoas estariam dispostas, em nossa cidade atual, a abandonar o seu modo de vida afastado de Deus ou contrário a Ele e passar a viver religiosamente? Mais ainda, quantos estariam dispostos a abandonar os seus vícios morais e reformar seriamente sua vida? Não haveria o perigo de, pelo contrário, as pessoas se revoltarem por ter que deixar de lado os seus roubos, mentiras, invejas, imoralidades, indecências?
Quem recebe um milagre e não muda fica pior do que era antes. Para que fiquem piores, Nossa Senhora certamente não vai aparecer. Isto nos leva a meditar quão longe estamos da feliz Valenciennes medieval, em que, por sua fé e virtudes, as pessoas mereceram ver a Virgem Maria.
Peçamos a ela que realize em breve a sua promessa do triunfo do Imaculado Coração, para assim podermos viver numa civilização realmente cristã.
_______
Adaptado de Valdis Grinsteins, “Catolicismo”, setembro de 2006, via blog Orações e Milagres Medievais, de Luis Dufaur
Fonte: Aleteia
Graças ao progresso da medicina, hoje nem imaginamos o pavor que despertava antigamente a palavra peste. Esta história nos dará uma ideia...
Com os progressos da medicina moderna, não temos ideia do pavor que despertava antigamente a palavra peste. O conhecimento do que são as bactérias causadoras da peste, como se propagam e como podem ser combatidas era praticamente nulo, e saber que a peste começou numa cidade era de apavorar.
No ano de 1008, na cidade de Valenciennes, norte da França, o pavor tinha razão de ser, pois em poucos dias morreram cerca de 8.000 pessoas!
Saber que a morte está por perto sempre torna as pessoas mais religiosas. Além disso, na França, as pessoas dessa época eram real e sinceramente religiosas. Nada estranha, então, que elas se tenham voltado ao Céu para pedir que as protegesse da peste mortal.
Havia perto da cidade um eremita de nome Bertelain, o qual também pediu à Virgem proteção para os habitantes. Nossa Senhora apareceu-lhe e disse que faria um grande milagre, visível para todos, na noite de 7 de setembro.
O eremita percorreu a cidade contando o fato e, na data marcada, a população encheu as muralhas, torres e lugares mais elevados. Nessa noite, efetivamente, no meio de uma grande luz bem visível para todos os habitantes, Nossa Senhora caminhou ao redor da cidade, deixando cair no trajeto uma fita vermelha.
A aparição e as testemunhas
Não se pense que foi coisa de um instante, ou que Nossa Senhora percorreu poucos metros: foram nada menos que 14 quilômetros – e a cidade inteira assistiu ao fato. Aliás, ao contrário de outras aparições, nas quais as fontes históricas são poucas, todas as crônicas da cidade e da época falam do ocorrido como sendo de notoriedade pública. Mais ainda: a fita ficou guardada em um relicário na cidade durante muitos séculos, até que, durante a Revolução Francesa, foi queimada. É que os revolucionários não querem saber de provas: com elas ou sem elas, seu ódio é igual contra Deus, a Virgem e a verdadeira Igreja.
E qual era a população da cidade na época?
Pergunta nada fácil de responder, dado que não havia os censos regulares de hoje. Há algum tempo, a população está estabilizada em torno de 40.000 habitantes. Mas é difícil calcular quantos eram no século XI. Em todo caso, para levantar uma cifra, suponhamos que fossem dez vezes menos: 4.000 pessoas, e que a peste tenha matado metade da população: isso faria com que ainda houvesse 2.000 pessoas vivas para ver a Virgem. É um grande número de testemunhas!
A procissão e o milagre
Nossa Senhora fez saber ao eremita o significado dessa fita: ela queria que, no dia seguinte, festa de sua Natividade, fosse feita uma procissão seguindo o percurso da fita; com isso, acabaria a peste. Se a procissão fosse repetida a cada ano, Nossa Senhora protegeria a cidade de outras pestes semelhantes.
No outro dia, a procissão foi realizada por toda a população da cidade e, de fato, a peste cessou. Até o dia de hoje é feita essa procissão, conduzindo-se uma imagem que representa Nossa Senhora a deixar cair uma fita.
Faz parte da procissão uma confraria medieval chamada Raiados de Nossa Senhora do Santo Cordão. Essa denominação é devida ao fato de que o seu traje é raiado de listas azuis e brancas.
Por que isso acontecia antes e não acontece mais nos dias de hoje?
Para entender o motivo, devemos primeiro observar que o milagre está intimamente relacionado com a fé. Um milagre costuma ser um prêmio pela fé com que se acredita ou se rezou, ou então é feito para fortalecer a fé.
Os milagres não ocorrem por motivos banais, pois o mesmo Deus que opera o milagre é o que fez as leis da natureza, das quais o milagre é uma suspensão. Seria contrário à sabedoria estabelecer leis que podem ou devem ser suspensas a todo momento.
Nossa Senhora intercede por milagres tendo como meta tornar as pessoas melhores.
Pensemos um momento no que aconteceria se, na cidade onde moramos, houvesse o mesmo que em Valenciennes: Nossa Senhora aparece no céu e todos a veem. Passado um primeiro momento de encanto, logo teria que haver uma melhora significativa na fé e na moral. Quantas pessoas estariam dispostas, em nossa cidade atual, a abandonar o seu modo de vida afastado de Deus ou contrário a Ele e passar a viver religiosamente? Mais ainda, quantos estariam dispostos a abandonar os seus vícios morais e reformar seriamente sua vida? Não haveria o perigo de, pelo contrário, as pessoas se revoltarem por ter que deixar de lado os seus roubos, mentiras, invejas, imoralidades, indecências?
Quem recebe um milagre e não muda fica pior do que era antes. Para que fiquem piores, Nossa Senhora certamente não vai aparecer. Isto nos leva a meditar quão longe estamos da feliz Valenciennes medieval, em que, por sua fé e virtudes, as pessoas mereceram ver a Virgem Maria.
Peçamos a ela que realize em breve a sua promessa do triunfo do Imaculado Coração, para assim podermos viver numa civilização realmente cristã.
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Adaptado de Valdis Grinsteins, “Catolicismo”, setembro de 2006, via blog Orações e Milagres Medievais, de Luis Dufaur
Fonte: Aleteia
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