13Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. 14No templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. 15Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. 16E disse aos que vendiam pombas: “Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!” 17Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: “O zelo por tua casa me consumirá”. 18Então os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agir assim?” 19Ele respondeu: “Destruí este templo, e em três dias o levantarei”. 20Os judeus disseram: “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário, e tu o levantarás em três dias?” 21Mas Jesus estava falando do templo do seu corpo. 22Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele.
Nas comunidades locais está presente a Igreja Universal
A Basílica do Latrão é dedicada a Santíssimo Salvador, a São João Batista e a São João Evangelista. É da catedral de Roma, a catedral do Papa. O povo romano a conhece como Basílica de São João do Latrão, ou, simplesmente, Basílica do Latrão. A palavra “Latrão” vem da família dos Leterani, que eram seus proprietários, quando o Imperador Constantino (ⴕ 337), casado com uma Leterani, doou a vila ao Papa, depois do Edito de Milão (313), que permitiu o culto cristão livre em todo o Império romano. O Papa construiu na vila sua primeira moradia e a primeira igreja pública em Roma. Na fachada da Basílica está escrito em latim: Caput et Mater omnium ecclesiarum, que poderíamos traduzir livremente assim: “Primeira e Mãe de todas as igrejas”. Primeira no tempo e primeira em importância. Mãe por ser a Catedral do Papa, que cria todas as catedrais do mundo e com as quais mantém estreita unidade.
A festas celebra-se desde o século XI no dia 9 de novembro. Quando cai em dia de domingo, ocupa a Liturgia dominical, porque é considerada uma festa do Senhor. Mas é também ocasião para que, de vez em quando, todas as igrejas do mundo se unam à Igreja-Mãe. Normalmente, as catedrais e as matrizes celebram o dia em que foram consagradas ou bentas (dia da inauguração). Os textos da liturgia lembram a sacralidade do lugar em que se reúnem os cristãos para a Mesa da Palavra e a Mesa do Pão. Mas lembram também que cada batizado é uma pedra viva (1Pd 2,4) do grande templo de Deus, que é a Igreja, corpo de Cristo (Cl 1,17). São Pedro recorda que isso nos traz muita honra (1Pd 2,7).
Assim como caprichamos na construção das nossas igrejas, onde nos reunimos aos domingos e onde recebemos os Sacramentos, tornando-as, muitas vezes, verdadeiras obras de arte, assim devemos cuidar do templo vivo, que somos nós. São Pedro escreve: “Se sois o templo de Deus, despojai-vos de toda malícia e de toda a falsidade, das hipocrisias, das invejas e toda espécie de maledicência”. E acrescenta com um pouco de humor: “Como crianças recém-nascidas, desejai o leite espiritual, não falsificado, que vos fará crescer” (1Pd 2,1-2).
Significado de “igreja”
Na linguagem cristã, a palavra “Igreja” designa a assembleia litúrgica, a comunidade local e toda a comunidade universal dos que creem em Jesus Cristo, Filho de Deus e Salvador do mundo. O Catecismo ensina que ela “vive da Palavra e do Corpo de Cristo e ela mesma se torna assim Corpo de Cristo” (n. 752). Por estar fundada sobre Cristo e ter por alma o Espírito Santo, mas ser composta de homens pecadores, a Igreja é, ao mesmo tempo, divina e humana, santa e pecadora.
Se a comunidade é a Igreja, o termo igreja passou também a significar o lugar em que a comunidade se reúne para ler ou escutar o Evangelho, para celebrar o mistério da Eucaristia, que é a memória da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, para receber os Sacramentos do batismo, da comunhão, da confissão, do matrimônio, e para fazer suas orações em comum, na certeza de que “onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18,20).
Jesus quis a comunidade
Podemos dizer que foi São Paulo quem definiu para sempre a comunidade cristã como “Igreja”, uma palavra grega já existente tanto na literatura profana quanto bíblica, com o sentido de “convocação”, “reunião”, “assembleia”. Não significa, porém, que foi São Paulo quem fundou a Igreja. Apenas fixou a palavra com que a comunidade, querida por Jesus em torno de sua pessoa e de seus ensinamentos, passou a ser conhecida. Jesus sempre quis uma comunidade. Veja-se, por exemplo, Mc 8,34-38; Mt 10,26-39. Jesus chegou a definir a lei que regeria a comunidade dos discípulos: o amor (Mt 5,43ss); e até o símbolo da fé: o batismo (Mt 28,19). Depois da Ressurreição, aos poucos, o Cristianismo adotou como seu grande sinal e símbolo a Cruz, sobre a qual Jesus completara a obra salvadora que o trouxera ao mundo.
A palavra “católica” é grega e significa “universal”. A Igreja é católica, primeiro, porque nela está Cristo presente. Escrevia Santo Inácio de Antioquia (ⴕ 107) aos cristãos de Esmirna: “Onde está Cristo Jesus está a Igreja católica”. Segundo, porque ela conserva a totalidade dos ensinamentos recebidos de Jesus, mediante os Apóstolos. Ao longo dos séculos, a Igreja cuidou com muito zelo da fidelidade à doutrina do Evangelho. E não foram poucos os que preferiram o martírio a renegar uma das verdades ou a escamoteá-la com ideologias a serviço da política. Terceiro, a Igreja se chama católica, porque o próprio Cristo a invejoso em missão a todos os povos da terra (Mt 28,19). Todos os povos, de todos os tempos e de todas as culturas, são chamados a fazer parte do novo Povo de Deus, que Jesus chamou de Reino dos Céus.
A Igreja Católica está presente em todas as comunidades locais dos fiéis que, unidos ao Bispo diocesano, quase sempre representado pelo padre, se reúnem para as celebrações. Ensina o Catecismo: “Nessas comunidades, embora muitas vezes pequenas e pobres, ou vivendo na dispersão, está presente Cristo, por cuja virtude existe a Igreja una, santa, católica e apostólica” (n. 832). Dentro de uma igreja de pedra ou de madeira, portanto, reúne-se a comunidade dos batizados que, por menor e mais simples que seja, é sempre a Igreja universal, a Igreja de Jesus Cristo, reunida em oração.
Comunhão de bens espirituais
A festa da dedicação da Basílica do Latrão é também a celebração do lugar em que nos reunimos como comunidade de fé. Festejar a igreja que nos congrega é celebrar a unidade entre nós e nossa unidade com a Igreja-Mãe, simbolizada na catedral do Papa, sucessor de Pedro, a quem Jesus entregou as chaves (Mt 16,19), isto é, o poder de presidir, na caridade, a Igreja universal. A palavra “catedral” vem de “cátedra” (cadeira), o lugar onde se assentam os sucessores dos Apóstolos (o Papa com todos os Bispos em comunhão com ele) para ensinar, com autoridade divina, as verdades da fé.
Festejar o lugar em que nos reunimos como comunidade cristã é celebrar nosso encontro com Deus, para adorá-lo “em espírito e verdade” (Jo 4,23). E é também um momento excelente para expressar gratidão pela graça de participarmos de todos os bens espirituais da Igreja universal. Explica-nos o Catecismo: “Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros: existe uma comunhão de bens na Igreja. Como ela é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens que ela recebeu se tornam necessariamente um fundo comum” (n. 947).
Festejar o lugar em que nos reunimos como batizados é também recordar a responsabilidade de todos e de cada um pela conservação desse lugar sagrado. Do mesmo jeito como chamamos o lugar de “Casa de Deus”, podemos chamá-lo de “Casa da Comunidade”. Uma igreja bonita, funcional, bem cuidada pode ser o símbolo de uma comunidade responsável, harmônica e feliz.





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