O cardeal Víctor Manuel Fernández apresenta o documento Mater populi fidelis na Cúria Jesuíta, em Roma, em 4 de outubro de 2025
O prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, cardeal Víctor Manuel Fernández, apresenta hoje (4) o documento Mater populi fidelis na Cúria Jesuíta, em Roma. | Victoria Cardiel / EWTN News
4 de nov de 2025 às 16:19
O prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, cardeal Víctor Manuel Fernández, disse que o documento publicado hoje (4) que rejeita os títulos de Co-redentora e Medianeira para Nossa Senhora não pretende "julgar" a fé dos simples fiéis, mas "aprender" com eles.
"Não queremos julgar os cristãos simples como se fossem crentes de segunda classe, porque não fizeram cursos de teologia ou porque não participam das estruturas da Igreja", disse o cardeal argentino ao apresentar o documento na Cúria Jesuíta.
"Queremos, ao contrário, aprender com eles", disse Fernández, "com a nova confiança deles, com a capacidade deles de se abandonar sem tentação, com a ternura viva de seu amor espontâneo por Nossa Senhora".
A Santa Sé decidiu que os títulos "Co-redentora" e "Medianeira" não são modos apropriados de descrever a participação de Nossa Senhora na salvação.
No documento Mater populi fidelis ("Mãe do Povo Fiel de Deus"), o Dicastério para a Doutrina da Fé disse que "Co-redentora" é uma expressão que "não ajuda a exaltar Nossa Senhora" como a primeira e principal colaboradora na obra da Redenção e da graça, porque "comporta o risco de obscurecer o papel exclusivo de Jesus Cristo" e também pediu "prudência" no uso do termo "Medianeira".
Ao publicar o documento doutrinal, disse o cardeal Fernández, "não se trata de julgar as intenções" dos crentes, que sem dúvida "são honestos e cheios de esperança, e buscam expressar de várias maneiras a beleza" da Nossa Senhora.
O prefeito disse que o texto do dicastério, assinado pelo papa Leão XIV, quer colocar a mariologia no horizonte da fé do povo, em que Nossa Senhora é reconhecida como "Mãe próxima, cheia de graça, unida de modo único a Cristo", evitando qualquer instrumentalização ideológica ou política da figura dela.
Os fiéis simples, disse o cardeal Fernandez, "não duvidam que a transcendência existe" e "não raciocinam se Deus existe ou não".
"Eles não duvidam, mas vivem com a certeza de que precisam do mistério e de seu consolo", disse ele. Nessa fé, disse o cardeal, "como disseram os bispos latino-americanos no Documento de Aparecida, os pobres descobrem a ternura e o amor de Deus no rosto de Nossa Senhora".
O Documento de Aparecida é o relatório final da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe (CELAM), de 2007. O relator oficial do documento era o então arcebispo de Buenos Aires Jorge Mario Berglglio, depois papa Francisco, e o secretário dele era o próprio Fernández, atual prefeito do Dicastério para a Doutrinas da Fé, nomeado pelo papa Francisco.
Fernández disse que, na experiência dos povos, Nossa Senhora reflete "a mensagem essencial do Evangelho", sendo sinal de esperança, consolação e ternura. "Nela, as pessoas crentes reconhecem a proximidade de Deus, a misericórdia e a fidelidade d’Ele, além de qualquer esquema teórico", disse o cardeal Argentino.
Assim, o prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé destacou o papel de Nossa Senhora como rosto visível do Evangelho.
"É preciso entender que essa fé dos simples tem um modo próprio de se manifestar, que não é a de palavras, teorias ou explicações”, disse ele. “É antes uma expressão mistagógica e simbólica daquela atitude evangélica de confiança que o próprio Espírito Santo ilumina".
O cardeal Fernández disse que essa confiança espiritual "está profundamente ligada a Nossa Senhora". Segundo o cardeal, os fiéis mais humildes reconhecem na Mãe de Jesus uma presença próxima, tangível e compassiva: "Os crentes que sabem adornar as imagens marianas com flores – como nós fizemos – que sabem transformar em glória as figuras de Nossa Senhora que encontramos nos Evangelhos, sentem que ela é um dos seus".
Em seu discurso, o cardeal falou sobre o realismo da maternidade de Nossa Senhora, que a aproxima ainda mais da experiência cotidiana das mulheres e das famílias. "Eles sabem que ela, como nossas mulheres, carregou seu Filho em seu ventre, o amamentou, e não sem os problemas da maternidade".
Na apresentação, que aconteceu na Cúria Jesuíta e não na Sala de Imprensa da Santa Sé, havia uma imagem de Santa María la Antigua, venerada como padroeira do Panamá, uma das mais antigas devoções a Nossa Senhora do continente americano e um símbolo de profunda identidade nacional.
O culto a Nossa Senhora la Antigua remonta a 1510, quando os primeiros colonizadores espanhóis fundaram Santa María la Antigua del Darién, a primeira diocese do continente continental.
A imagem, inspirada numa pintura sevilhana que representava Nossa Senhora com o Menino Jesus e uma lâmpada acesa, símbolo da fé e da presença de Deus, foi trazida da Espanha e tornou-se um sinal de esperança para os primeiros cristãos do Novo Mundo. Segundo o cardeal Fernández, a imagem da cúria jesuíta foi um presente do papa Francisco.
Fonte: ACI digital
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