[Naquele tempo, 1Jesus dizia aos discípulos:] “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isso que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. 3O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’. 5Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ 6Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te depressa e escreve cinquenta!’ 7Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega tua conta e escreve oitenta’. 8E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz. 9E eu vos digo, usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas.[10Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. 11Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? 12E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? 13Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.]
Relacionamento com os bens
25º Domingo do Tempo Comum
- Ano C
Evangelho de Lucas 16,1-13
ou 10-13
REFLEXÃO
Jesus conta uma parábola que nos inquieta ao elogiar a criatividade de alguém que pensa no seu sustento futuro. No tempo de Jesus, os grandes fazendeiros tinham seus capatazes que trabalhavam por eles. Esses capatazes nem sempre eram honestos e sinceros. Quando se veem em risco de perder o emprego, usam da criatividade para garantir o próprio futuro. A parábola convida os cristãos a serem criativos e empenhados na construção do Reino de Deus. O Evangelho questiona como é usado o dinheiro, os bens públicos e o que cada um tem. O cristão não pode entrar na lógica do mundo: lucro, acúmulo e exploração. A lógica do Reino é usar o dinheiro para criar amizade: dinheiro e bens partilhados em favor dos mais pobres. Na vida, há uma escolha: permanecer na lógica do mundo, servindo ao dinheiro, ou entrar na lógica do Reino, partilhando os bens. A palavra-chave é a conclusão do texto de hoje: “Ninguém pode servir a dois senhores”, ou seja, ao deus dinheiro (mamona) e ao Deus da vida.
(Dia a Dia com o Evangelho 2025 - PAULUS)[1]
Coleta
Ó Deus, que resumistes toda a sagrada lei no amor a vós e ao próximo, concedei-nos que, observando os vossos mandamentos, mereçamos chegar à vida eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Relacionamento com os bens
Nas traduções, essa passagem quase sempre vem intitulada como ‘0 Administrador infiel’, o que ajuda a pensar que Jesus tenha elogiado a infidelidade. Se puséssemos como título ‘0 Administrador esperto’, compreenderíamos melhor e mais depressa o ensinamento da parábola. O vocábulo original grego, que é traduzido por ‘astuto’, ‘esperto’, tem uma abrangência maior e significa aquele que tem a lucidez de perceber a gravidade de uma situação, a rapidez em encontrar uma boa solução e a coragem de tomar decisões certas. Ora, eram exatamente essas qualidades que Jesus pedia aos discípulos em todas as situações, mas, no Evangelho de hoje, sobretudo diante do forte apego aos bens materiais e da necessidade de tudo deixar para segui-Lo (Lc 18,28) ao Calvário e à Ressurreição.
‘Materialismo’ é o apego exagerado às coisas materiais, ao dinheiro e ao prazer do luxo. São Paulo definiu a filosofia de vida dos materialistas neste sentido: “Comamos e bebamos, pois amanhã morreremos” (1Cor 15,32). Esse materialismo foi condenado muitas vezes no Antigo Testamento. E também por Jesus. São Paulo adverte contra quem torna seu ventre o próprio Deus (Fl 3,19). Mas também não podemos odiar e destruir os bens, porque seria odiar as criaturas de Deus. Quem despreza os bens que Deus criou despreza o próprio Deus. A lição de Jesus está no nosso relacionamento com os bens.
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]
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