1Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. 7Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então, contou-lhes uma parábola: 8“Quando tu fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, 9e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então tu ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar. 10Mas, quando tu fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima’. E isso vai ser uma honra para ti diante de todos os convidados. 11Porque quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”. 12E disse também a quem o tinha convidado: “Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te, e isso já seria a tua recompensa. 13Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. 14Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.
Gente dentro, gente fora
22º Domingo do Tempo Comum
- Ano C
Evangelho de Lucas
14,1.7-14
REFLEXÃO
Em dia de sábado, a caminho de Jerusalém, Jesus dá uma parada e vai se alimentar na casa de um chefe dos fariseus. Diz o Evangelho que “eles o observavam”. A impressão é a de que estavam à procura de algum deslize de Jesus para acusá-lo. Jesus observa que todos procuram o lugar mais importante. Ele desmascara a competitividade social: estar sempre em primeiro lugar, para ter privilégios e mordomias. Diante daquilo que vê, o Mestre conta uma parábola, exaltando, como é próprio de Lucas, os pobres e injustiçados. Eles são os primeiros a serem convidados ao banquete do Reino de Deus. E convida os discípulos a se colocarem no último lugar, onde se encontram os empobrecidos. A atenção deve ser dada aos mais pobres, pois esses não têm condições de retribuir. Isso nos educa à prática da gratuidade, isto é, fazer o bem sem esperar recompensa. Dessa ação gratuita é que nasce a felicidade do fiel seguidor de Jesus. Na sociedade moderna, compete-se para estar sempre na frente dos outros.
(Dia a Dia com o Evangelho 2025 - PAULUS)[1]
Coleta
Deus onipotente, fonte de todo dom perfeito, semeai em nossos corações o amor ao vosso nome e, estreitando os laços que nos unem convosco, fazei crescer em nós o que é bom e guardai com amorosa solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Gente dentro, gente fora
Era sábado. Dia santo para os hebreus. Recordavam a criação do mundo e lembravam a libertação da vida escrava do Egito. Liam os Profetas e a Lei. Rezavam salmos de agradecimento. Era um refazer da fé, da unidade, da dependência de Deus. Era também um momento de confirmação do povo santo e escolhido. Jesus aceitou a refeição, mas foi além do comer e do falar. Mais tarde, o autor da Carta aos Hebreus imaginou a glória do céu como um sábado sem-fim (Hb 4,9-10). Mais de uma vez Jesus comparou o Reino dos Céus a um grande banquete, a uma ceia de comunhão eterna, como diz uma das Orações Eucarísticas.
Jesus contou duas parábolas. Uma, dirigida diretamente aos convivas. A outra, dirigida ao dono da casa, mas foi dita em voz alta para que os pobres e os estropiados, que estavam de fora, sem convite, pudessem-no escutar e entender. Aliás, nesse dia, os pobres e deficientes físicos deviam ser muitos.
Há um trecho, que é saltado na leitura de hoje, em que, apenas chegado ao banquete, Jesus cura um hidrópico (vv. 2-6). O fato deve ter aglomerado muitos para ver Jesus. A liturgia salta o milagre, porque quer acentuar a lição sobre a humildade e a gratuidade. A lição é de atualidade imensa. Se observarmos o mundo de hoje, vemos uns poucos sentados à mesa da fartura, conversando, não raramente sobre Deus, enquanto a maioria dos pobres é tolerada como espectadora, do lado de fora da sala do bem-estar.
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]
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