Cardeal Burke na Basílica de São Pedro, em 29 de junho de 2019. | Daniel Ibáñez /EWTN
Por Courtney Mares
10 de jul de 2025 às 10:19
O papa Leão XIV escreveu uma carta calorosa e detalhada ao cardeal Raymond Burke, agradecendo ao cardeal americano pelos 50 anos de ministério sacerdotal, num gesto que marca uma mudança de tom depois de anos de tensão entre Burke e o papa Francisco.
O cardeal foi um dos críticos mais proeminentes na hierarquia ao papa argentino, sob o qual ele caiu em desgraça.
A carta de Leão XIV, escrita em latim e assinada pelo papa em 17 de junho, foi publicada na última terça-feira (8) por Burke em sua conta oficial na rede social X. Nela, o papa elogiou Burke "pelo serviço que prestou com zelo e pelo cuidado sincero que demonstrou muito especialmente pela lei, o que também foi um bom serviço aos dicastérios da Sé Apostólica".
“Ele pregou os preceitos do Evangelho segundo o coração de Cristo e relatou Seus tesouros, oferecendo diligentemente seu serviço devotado à Igreja universal”, escreveu o papa.
Em sua publicação que acompanhava a carta papal, Burke escreveu que se sentiu "muito honrado" com ela e pediu aos seus seguidores que orem pelo papa.
"Que Deus abençoe o papa Leão e lhe conceda muitos anos de vida. Viva il Papa! ", escreveu Burke.
As mensagens representam uma marcante diferença do relacionamento tenso entre Burke e o papa Francisco, sob cujo pontificado o cardeal foi progressivamente marginalizado.
Francisco removeu Burke em 2013 da Congregação para os Bispos, órgão curial que recomenda candidatos episcopais, e o moveu da suprema corte da Igreja para uma posição basicamente cerimonial na Ordem de Malta. Depois, tirou muitas das funções de Burke mesmo nessa posição e, por fim, demitiu-o.
Crítico ferrenho da abordagem do papa Francisco à teologia pastoral, Burke se uniu duas vezes a outros cardeais para apresentar “dubia” — pedidos formais de esclarecimento — sobre o magistério do papa sobre a comunhão para católicos divorciados e recasados e bênçãos para uniões homossexuais.
Ele também é um firme defensor da missa tradicional em latim, que Francisco restringiu severamente em 2021 por meio de seu motu proprio Traditionis custodes. No mês passado, Burke fez um apelo aberto a Leão XIV para que suspendesse as restrições à missa em latim.
No fim de seu pontificado, o papa Francisco anunciou numa reunião com autoridades da Santa Sé, no fim de 2023, que retiraria de Burke o salário e o apartamento sem aluguel em que morava.
Burke, que tem 77 anos de idade, foi ordenado sacerdote pelo papa são Paulo VI em 29 de junho de 1975, na basílica de São Pedro, em Roma, quando estudava na Pontifícia Faculdade Norte-Americana, em Roma.
Ele celebrou seu jubileu de ouro de sacerdócio com uma missa novus ordo de ação de graças no último sábado (5), em sua igreja titular em Roma, Sant'Agata dei Goti. Entre os concelebrantes da missa estavam o prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, cardeal Dominique Mamberti; e o arcipreste da basílica de São Paulo Fora dos Muros, James Harvey. O cardeal Harvey proferiu a homilia.
Em seu serviço de décadas, o cardeal Burke foi bispo de La Crosse, Wisconsin, EUA (1995-2004); arcebispo de St. Louis, Missouri, EUA (2004-2008) e prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica (2008-2014). Ele foi criado cardeal pelo papa Bento XVI em 2010 e foi patrono da Ordem Soberana e Militar de Malta de 2014 a 2023.
Burke participou do conclave que elegeu o papa Leão XIV em maio.
Fonte: ACI digital
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