19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. 20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. 22E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.
Solenidade de Pentecostes
8º Domingo do Tempo Pascal
- Ano C
Evangelho de João 20,19-23
REFLEXÃO
Não há mais barreiras que o Ressuscitado não possa atravessar. No mesmo dia da Páscoa, ele aparece aos apóstolos medrosos e lhes deseja a paz: “A paz esteja com vocês”. É o desejo de plenitude que o Mestre lhes oferece. É a primeira Boa Notícia que recebem e a dádiva por excelência, que os auxilia na superação do medo. Após uma segunda saudação do desejo da paz, os discípulos são convidados a dar continuidade à obra do Mestre, e para isso são enviados. Em seguida, sopra sobre eles o Espírito Santo, que é a certeza da sua presença e da sua força na missão dos seus. Com o sopro do Espírito, o Ressuscitado renova a ação de Deus criador que deu vida ao ser humano. Ser humano criado para viver a paz, a reconciliação e a harmonia entre si. Com o sopro do Espírito, Jesus ressuscitado impele sua Igreja a sair de si, não ficar trancada entre quatro paredes e se lançar ao mundo, superando o medo e o comodismo para levar à sociedade os valores do Reino de Deus.
(Dia a Dia com o Evangelho 2025 - PAULUS)[1]
Coleta
Ó Deus, que pelo mistério da festa de hoje santificais vossa Igreja inteira, em todos os povos e nações, derramai por toda a extensão do mundo os dons do vosso Espírito Santo, e realizai agora, no coração dos que creem em vós, as maravilhas que operastes no início da pregação do Evangelho. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Pelo que faz sabemos quem é
É muito significativo que o Espírito Santo desça sobre os Apóstolos no mesmo lugar da instituição da Eucaristia, como se ele viesse completar o mistério do Corpo e do Sangue de Jesus. De fato, a partir de Pentecostes, os discípulos (a Igreja) formarão o corpo total de Cristo, serão os continuadores da missão de Jesus aqueles que, fazendo a Eucaristia, são por ela transformados no Corpo do Senhor. Ensina o Concílio: “Ao comunicar o seu Espírito, fez de seus irmãos, chamados de todos os povos, misticamente os componentes de seu próprio corpo” (Lumen Gentium, 7).
Numa de suas Admoestações, São Francisco de Assis faz uma afirmação que muitos julgam confusa. Na verdade, é transparente, se lembrarmos que o Espírito Santo é quem age em nós, quando nos relacionamos com Deus: “É o Espírito Santo do Senhor, que habita nos fiéis, quem recebe o santíssimo Corpo e Sangue do Senhor”. Portanto, será nula a comunhão, se não estivermos santificados pelo poder do Espírito Santo. E por menores que sejamos, seremos dignos do Senhor, porque não é a pequenez que conta, mas a grandeza do Espírito Santo de Deus em nós. Nesse sentido, São Paulo escreveu aos Coríntios: “Só quem é guiado pelo Espírito Santo pode dizer: Senhor Jesus!” (1Cor 12,3). E São Francisco escreveu na Regra da Ordem que, antes de tudo, os Frades devem possuir o Espírito Santo e seu modo de operar.
Lemos no Ano C, como Evangelho da festa de Pentecostes, dois pequenos trechos do discurso de despedida de Jesus na Ultima Ceia, em que ele promete o Espírito Santo. O Evangelista João inseriu no discurso-testamento de Jesus cinco afirmações sobre o Espírito Santo. Daquilo que o Espírito Santo faz podemos deduzir aquilo que ele é. O Espírito Santo age sempre em comunhão com Jesus e o Pai (vv. 16.23.26) em benefício da comunidade eclesial.
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]
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