Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 23“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. 24Quem não me ama não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou. 25Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. 26Mas o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito. 27Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. 28Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. 29Disse-vos isto agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis”.
Um Deus que fala
6º Domingo do Tempo Pascal
- Ano C
Evangelho de João 14,23-29
REFLEXÃO
Esta página do Evangelho está no contexto da última ceia e faz parte do grande discurso de despedida de Jesus. A leitura insiste no amor e na vivência da Palavra de Jesus, para mantê-la no coração e aquecê-la com afeto. Assim, formaremos comunhão de vida com o Pai e com seu Filho. As palavras de Jesus são as mesmas do Pai. Jesus soube captar o desejo e a vontade de seu Pai. O Pai e Jesus, que são um, estabelecem sua morada com os seguidores do Mestre, formando, juntos, uma nova família. Jesus é o laço de união entre o Pai e cada seguidor seu. A função do Espírito é fazer-nos recordar e compreender o que Jesus ensinou durante sua vida. O Espírito é a memória sempre atualizada da prática de Jesus em todos os tempos e lugares. Ao se despedir, Jesus nos oferece o dom da paz. Não a “pax romana”, que oprimia, mas a paz que plenifica a vida e que é fruto da justiça. Viver a “paz de Jesus” é não se comprometer com os esquemas de violência e dominação.
(Dia a Dia com o Evangelho 2025 - PAULUS)[1]
Coleta
Deus todo-poderoso, dai-nos viver com ardor estes dias de júbilo em honra do Senhor ressuscitado, para que sempre manifestemos com nossas obras o mistério que celebramos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Um Deus que fala
Quem não guarda a Palavra de Jesus não o ama (v. 24), ainda que declare com os lábios que o ama. E em quem não guarda a Palavra, Deus não mora. O que significa de fato ‘guardar a palavra’? Comecemos com o Antigo Testamento. Cento e quarenta e uma vezes ocorre a expressão ‘palavra de Javé’ (palavra de Deus). O Deus do Antigo Testamento é um Deus que fala, que se manifesta, que delega a palavra a outros, que faz dela um ensinamento, uma doutrina, uma lei. Digamos logo: é um Deus vivo (e não como o dos pagãos, de ouro e prata, mas mudo, como lembra o Salmo 115,4-8), um Deus que se interessa por tudo o que acontece às criaturas e entre as criaturas.
Noventa e três vezes a expressão ‘palavra de Deus’, no Antigo Testamento, vem com um sentido profético – grande força do Antigo Testamento. Ela aparece em forma de chamado, escutado diretamente de Deus (Jr 1,4: “A palavra do Senhor foi-me dirigida”. Jr 1,9: “O Senhor estendeu a mão e tocou-me a boca. O Senhor disse-me: ponho as minhas palavras em tua boca”). Cada profeta recebe a palavra a seu modo, mas há nela sempre um encontro muito pessoal e um compromisso com Deus. A palavra do profeta passa a ser palavra de Deus, ou seja, o profeta fala em nome de Deus.
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]
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