As irmãs de São José da Aparição cobrem o altar da igreja de Nossa Senhora da Aliança em Jerusalém, recém-dedicado pelo patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa. A cobertura do altar significa que ele é tanto o lugar do sacrifício eucarístico quanto a mesa do Senhor. | Cortesia do Patriarcado Latino de Jerusalém
Por Marinella Bandini
12 de set de 2024 às 10:49
A Igreja de Nossa Senhora da Arca da Aliança foi reaberta para o culto na colina de Kiryat Yearim, a 14,5 km de Jerusalém, em 31 de agosto, exatamente 100 anos depois de sua dedicação.
A igreja, que ficou fechada por quatro anos para obras de restauração, fica no topo da colina com vista para a vila árabe de Abu Gosh. Do topo, os visitantes podem ver Jerusalém.
O local, mencionado na Bíblia como “Quiriate-Jearim”, teve um papel importante na história do povo judeu, pois foi nesse local que a Arca da Aliança repousou depois de ser recuperada dos filisteus (cf 1 Samuel 6 ).
A arca continha as duas tábuas de pedra nas quais os Dez Mandamentos, a aliança de Deus com o povo judeu, estavam inscritos e era o sinal da presença de Deus entre Seu povo.
Segundo a Bíblia, a arca ficou na casa de Abinadabe, onde permaneceu por cerca de 20 anos (cf 1 Samuel 7:1-2) até o rei Davi leva-la para Jerusalém.
Por esse motivo, ainda hoje o local é visitado por muitos grupos de judeus.
Uma basílica bizantina foi construída no topo da colina por volta do século V d.C. A igreja atual, cuja pedra fundamental foi colocada em 1920, fica sobre os restos daquele edifício. A igreja foi consagrada em 1924 pelo então patriarca latino de Jerusalém, dom Luigi Barlassina, e dedicada a Nossa Senhora da Arca da Aliança.
O patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, foi recentemente à basílica para dedicar seu novo altar por ocasião da reabertura da igreja.
“Essa reabertura é um momento de confiança no futuro, um desejo de recomeçar, e é disso que mais precisamos neste momento, quando tudo ao nosso redor fala de morte e fins”, disse o cardeal Pizzaballa à CNA, agência da EWTN News, depois da celebração em 31 de agosto.
“Subir esta montanha, abençoados pela presença do Senhor”, disse o cardeal, “convida-nos a ter uma perspectiva ampla e clarividente dos acontecimentos e a não nos fecharmos no dramático momento presente”.
As anfitriãs do evento foram as irmãs de São José da Aparição, congregação francesa fundada em 1832 pela santa madre Emilie De Vialar. A congregação é a proprietária e administradora da igreja e das propriedades ao redor.
Os detalhes completos de como a terra foi adquirida pelas freiras estão perdidos na história, mas eles se concentram numa das freiras da ordem que morreu em 1927. A irmã Josephine Rumèbe, que está enterrada na igreja, teria dons místicos especiais e conseguiu adquirir a terra em nome das freiras. A história conta que ela tinha 5 mil francos à sua disposição e buscou a ajuda de um clérigo para a compra. Para evitar que um comprador concorrente a adquirisse, o clérigo comprou a colina inteira por 20,3 mil francos. Miraculosamente, quando a irmã Josephine contou as moedas de ouro escondidas em seu quarto, a quantia correspondia exatamente ao que ela precisava.
A dedicação do novo altar na basílica ocorreu depois da recitação do credo e do canto das ladainhas. O cardeal colocou relíquias no altar, incluindo uma da santa madre Emilie de Vialar, canonizada pelo venerável papa Pio XII em 1951. Depois, houve a unção do altar, a incensação do altar, a cobertura do altar e a iluminação do altar.
“A aliança de Deus com seu povo encontra seu cumprimento em Jesus Cristo, que não é mais apenas o sinal da presença de Deus, mas o próprio Deus entre nós. Maria é a nova Arca da Aliança porque ela carregou o próprio Cristo em seu ventre”, disse o cardeal em sua homilia ao convidar os fiéis, seguindo o exemplo de Nossa Senhora, a renovar sua confiança em Deus como o Senhor da história e ativo dentro da história.
Ao entrar na igreja, cujos elementos iconográficos foram criados por artistas do Centro Ave do movimento dos Focolares, o olhar é atraído pela chama dourada que emana do centro da abside.
Uma decoração especial evoca o significado bíblico do fogo, simbolizando a presença de Deus, e está conectada à história do lugar e particularmente à visão da irmã Josephine de uma “montanha de fogo”.
Quando ela ainda era uma jovem postulante na França, durante a adoração eucarística, a irmã Josephine teve uma visão de chamas formando uma montanha com Jesus acima delas em vez da hóstia. A visão então desapareceu, e somente 50 anos depois, na época da colocação da pedra fundamental da igreja, foi revelado a ela que a “montanha de fogo” era de fato Kiryat Yearim, que ela costumava chamar de “a Montanha Sagrada”.
A irmã Valentina Sala, atual provincial da congregação para a Terra Santa, imediatamente sentiu uma forte conexão com o lugar. Ela disse à CNA: “A primeira vez que vim aqui por algumas semanas, uma irmã me levou para Kiryat Yearim. Ajoelhei-me no túmulo da irmã Josephine e rezei para retornar se fosse a vontade de Deus”.
No centenário da dedicação da igreja, a irmã Valentina também falou sobre a importância do lugar para sua congregação, cujo carisma é servir às necessidades das pessoas por meio de obras de caridade.
Fonte: ACI digital
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