O próprio Senhor será o mestre do povo
Os judeus aceitavam a autoridade dos profetas mortos, ao menos formalmente. Jesus apela para o argumento da autoridade e cita (v. 45) um texto adaptado de Isaías ou de Jeremias. Na nova Jerusalém (quando viesse o Salvador), “to
dos serão discípulos do Senhor” (Is 54,13). “Quando eu fizer a aliança nova … ninguém ensinará, porque todos me reconhecerão, dos maiores aos menores, … já que escreverei a minha lei em seu coração” (Jr 31,33-34). Os tempos chegaram. Os que ali escutavam Jesus ouviam o próprio Deus e dele eram discípulos. E porque só ele “está junto de Deus” (v. 46), só ele é a voz do Pai. E está dizendo, com toda a autoridade, que veio do céu como enviado do Pai para dar a vida eterna aos homens, e essa vida é dada pela comida de sua carne (v. 51). Mas não é o comer eucarístico que dá a vida, mas a fé no Senhor Jesus (v. 47).
Ainda uma observação. Neste capítulo, fala-se muito em ‘vida eterna’. Eterno, aqui, não quer dizer só a vida depois da morte. Tanto indica a vida depois da morte quanto a vida presente, porque ‘eterno’, aqui, é sinônimo de ‘divino’. Quem
crê participa, já na vida presente, da vida divina. No capítulo anterior, Jesus dissera: “Quem escuta a minha palavra tem a vida eterna” (Jo 5,24). O verbo no presente refere-se à vida de agora, que se torna vida divina pela vivência crística. A palavra ‘vivência’ traduz bem o ‘escutar’ do Evangelho de João.
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]
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