Deus não impõe a sua verdade - 16° Domingo do Tempo Comum (Ano B )


Deus não impõe a sua verdade

16° Domingo do Tempo Comum – 
Ano B

Evangelho de Marcos 6,30-34

* 30 Os apóstolos se reuniram com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31 Havia aí tanta gente que chegava e saía, a tal ponto que Jesus e os discípulos não tinham tempo nem para comer. Então Jesus disse para eles: «Vamos sozinhos para algum lugar deserto, para que vocês descansem um pouco.» 32 Então foram sozinhos, de barca, para um lugar deserto e afastado. 33 Muitas pessoas, porém, os viram partir. Sabendo que eram eles, saíram de todas as cidades, correram na frente, a pé, e chegaram lá antes deles. 34 Quando saiu da barca, Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão, porque eles estavam como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar muitas coisas para eles.


REFLEXÃO

Concluída a missão, os apóstolos se reúnem em torno de Jesus para a completa avaliação. Essa prática será efetuada pelas comunidades cristãs primitivas. Os missionários voltam ao ponto de onde partiram, a fim de narrar as maravilhas que haviam realizado pelo poder do Espírito Santo (cf. At 14,27-28). Aos apóstolos, que retornam após intenso trabalho, Jesus convida a descansar um pouco em ambiente silencioso. Não passou da proposta e do desejo, já que muitas pessoas acorreram até onde estavam Jesus e seus discípulos. O que elas queriam estava estampado no rosto: “eram como ovelhas sem pastor”. Sem perder tempo, Jesus pôs-se logo a ensinar-lhes muitas coisas. Importante é encontrar o equilíbrio entre os muitos afazeres pastorais e a necessidade de reabastecimento físico e espiritual.


(Dia a dia com o Evangelho 2024)[1]

Oração do Dia

Senhor, sede propício a vossos fiéis, e, benigno, multiplicai neles os dons da vossa graça, para que, fervorosos na fé, esperança e caridade, perseverem sempre vigilantes na observância dos vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

Deus não impõe a sua verdade

Marcos emprega a palavra ‘apóstolo’. É a única vez que o termo ocorre no seu Evangelho. Nas outras páginas fala sempre em ‘discípulos’. Apóstolo é uma palavra grega que significa ‘enviado para uma missão’. Na linguagem profana era pouco usada. O termo popularizou-se por meio de Lucas e, sobretudo, de São Paulo, que faz belíssima descrição do conceito e da missão do Apóstolo: é chamado por Deus (Rm 1,1), para pregar o Evangelho (2Cor 5,20), como testemunha da vida, morte e ressurreição de Jesus (1Cor 15,3-5) e como servo de todos (2Cor 1,24).

Ninguém é apóstolo por sua conta e preferência. Deus chama-o para uma finalidade específica, dá-lhe o conteúdo da pregação, que ele deve propor a todos com paciência, ‘oportuna e inoportunamente’ (2Tm 4,2), deixando-lhes a liberdade da decisão, porque Deus não impõe suas verdades, mas as propõem.

A proposta de ir para um lugar deserto depois da pregação não é nova. O próprio Jesus a pusera em prática depois da pregação em Cafarnaum (Mc 1,35). Tem o sentido de descanso, mas tem também o sentido de uma oração pessoal, de devolver a Deus o bem feito, porque todo o bem que fazemos a Deus pertence; de ‘escutar’ a vontade do Pai e predispor-se a novas missões. Nos Evangelhos é bastante comum ver Jesus antes e depois de um grande ensinamento ou de uma importante decisão, retirar-se em oração (Lc 5,16; 6,12; Mt 14,23; 26,36).

FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]

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