Apesar de morrer, Ele é vida imortal
2° Domingo da Quaresma - Ano B
Evangelho de Marcos 9,2-10
Naquele tempo, 2Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observaram essa ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.
REFLEXÃO:
No meio de intensa atividade junto ao povo sedento de ouvir sua Palavra, Jesus tem um momento de glória. Uma comprovação de que sua missão está correta e de que ele age conforme a vontade do Pai: “Este é o meu Filho amado. Ouçam-no”. É proposital a escolha das três testemunhas: Pedro, Tiago e João. Serão esses que Jesus convidará também por ocasião de sua paixão (cf. Mc 14,33). Nessa ocasião, para não entrarem em pânico, nem desistirem do Mestre, eles se fortalecerão com a lembrança da transfiguração, uma amostra de sua glorificação antecipada. Moisés e Elias, representantes de toda a Antiga Aliança, dialogam com Jesus. Esse fato confirma que Jesus é o centro da história da salvação. Ele vem para cumprir toda a Lei e os Profetas. Doravante, é a ele que a Igreja deverá ouvir.
(Dia a dia com o Evangelho 2024)[1]
Oração do Dia
Deus todo-poderoso, através dos exercícios anuais do sacramento da Quaresma, concedei-nos progredir no conhecimento do mistério de Cristo e corresponder-lhe por uma vida santa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Apesar de morrer, Ele é vida imortal
Nas teofanias do Antigo Testamento, havia sempre um recado ao povo e uma solene promessa de fidelidade da parte do povo. Assim no Monte Sinai, o povo prometeu: “Faremos tudo o que o Senhor nos disse!” (Êx 24,3). Hoje Deus apresenta o próprio Filho, a nova Arca da Aliança (Êx 40), o novo templo de Deus (Jo 2,19-22) e recomenda: ‘Escutei-o!’ (v. 7). Este era o dever dos Apóstolos: escutar Jesus com mais ouvidos do que os israelitas escutaram Moisés, que lhes transmitia a vontade de Deus. Apesar da morte, ele tem palavras de vida eterna (Jo 6,69).
Moisés mandara o povo ouvir os profetas (Dt 18,15) como o haviam escutado a ele na saída do Egito e na travessia do deserto. O novo Moisés, o novo profeta, agora é Jesus de Nazaré. O próprio Deus manda escutá-lo, porque ele tem palavras de vida mesmo quando fala em paixão e morte, como fizera pouco antes da Transfiguração, escandalizando Pedro (Mc 8,31-33), e como voltará a acentuar pouco depois (Mc 9,30-32). Os caminhos mais simples de Deus ultrapassam as razões da inteligência humana. Quanto mais, quando se trata da morte de quem, por definição, é imortal! Jesus não se transfigura para deslumbrar seus amigos e mostrar-se superior a eles. Tratou-se de um gesto para inspirar, criar e fundamentar a confiança de quem tinha razão para ter medo.
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]
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