Na paz, começa a Igreja, Corpo do Senhor
Pentecostes
7° Domingo da Páscoa–
Ano A
Evangelho de João 20,19-23
* 19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. 20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. 22E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.
REFLEXÃO:
Para o quarto Evangelho, Pentecostes acontece no mesmo dia da Páscoa. Jesus se apresenta no meio dos discípulos e lhes dirige a saudação pascal: “A paz esteja com vocês”. A paz que Jesus oferece afasta o medo. Com efeito, “os discípulos ficaram contentes, porque viram o Senhor”. Missionário do Pai por excelência, Jesus nesse instante envia seus discípulos como testemunhas de tudo o que dele aprenderam; deverão prolongar no mundo a sua obra. Para isso, reveste-os com o dom do Espírito Santo e com o poder de perdoar pecados. É um poder que discerne e julga, que reconcilia e exclui. O pecado consiste em gerar e promover a injustiça, contrária naturalmente ao projeto de Jesus. Tarefa da comunidade cristã é lutar pela implantação da justiça, fazendo com que todos tenham vida em abundância.
(Dia a dia com o Evangelho 2023)[1]
Oração do Dia
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, conservar sempre em nossa vida e nossas ações a alegria das festas pascais que estamos para encerrar. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Na paz, começa a Igreja, Corpo do Senhor
Poderíamos encontrar no Evangelho de hoje os principais dons da Páscoa. Primeiro, o próprio Cristo ressuscitado. O Evangelho seria apenas um tema literário se a Páscoa não nos tivesse dado Jesus glorioso, triunfador da morte. Houve momentos em que os discípulos pensaram que tudo se havia acabado (cf Lc 24,13-24). Por isso mesmo, o segundo dom é consequência do primeiro: a paz (v. 19), ou seja, o retorno do equilíbrio ao coração da criatura humana, com a dimensão da confiança e da humildade para com Deus; com a dimensão para o próprio eu, o ser íntimo da pessoa, confortado pela certeza de não ter sido enganado; e com a dimensão para os outros, com quem pode criar comunidade e repartir a alegria (v. 20) dos fatos e da caminhada. Essa paz só é possível à medida que damos e recebemos perdão. Quando Jesus hoje diz aos Apóstolos: “A paz esteja convosco”, tanto pode significar uma saudação quanto a manifestação do perdão, de que, aliás, eles andavam muito necessitados, depois de havê-lo deixado quase sozinho na Paixão e na Morte.
O terceiro dom é o envio. Vencido o pecado e vencida a morte, Jesus reparte com os Apóstolos a missão de salvar (perdoar pecados = salvar). A mesma missão que Jesus recebera do Pai e cumprira com fidelidade, agora a passa aos Apóstolos: “Como o Pai me enviou, eu vos envio” (v. 21). Tudo quanto ele dissera, di-lo-á cada Apóstolo agora (Jo 17,8), com a mesma autoridade. Tudo quanto ele fizera, fá-lo-á cada um deles, e poderão fazer coisas ainda maiores (Jo 14,12). Até a vinda de Jesus, homem nenhum conseguira fazer a ligação entre o céu e a terra. Feito o caminho por Jesus, todos podem andar por ele. Os pecados perdoados na terra serão perdoados também pelo céu.
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]
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