Vence quem crer em Jesus, Filho de Deus
Embora para nós, brasileiros, a palavra ‘deserto’ pouco nos diga, porque dele não temos nenhuma experiência, na Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, chega a ser mais que uma região geográfica calcinada e árida. O deserto
vira símbolo. Hoje, olhemos apenas seu lado improdutivo e inabitável, que recorda a maldição de Deus; lugar ideal para a moradia do diabo. Jesus começa sua vida pública no deserto. No meio da humanidade, incapaz de produzir frutos dignos
de Deus, aparece Jesus Cristo, a encarnação da bênção divina. Aparece para transformar, na expressão do profeta Isaías (41,18-19), o deserto em um jardim regado e florido. No entanto, a salvação, que Jesus trouxe, não tira o sofrimento humano, não dispensa o homem de lutar contra as forças do mal e, sobretudo, não o dispensa de uma decisão pessoal. O homem já foi chamado de filho da desgraça. Em forma figurada, diríamos: filho do deserto. Mas pode tornar-se filho da graça, se superar as propostas do Maligno, que lhe são apresentadas tão atraentemente. Às tentações do ter, do poder e do dominar, que estão em nosso sangue, desde a desgraça de Adão, Jesus veio propor o desapego, a fraternidade e o serviço.
“Se és o Filho de Deus …” Duas vezes hoje o diabo inicia a interpelação de Jesus com essa frase condicional, carregada de ironia. Todo o Evangelho de Mateus foi escrito para mostrar que Jesus de Nazaré era e é o Filho de Deus. Estando Jesus agonizante, volta a frase: “Se és o Filho de Deus, desce da Cruz!” (Mt 27,40). Hoje, Jesus sai da cruz das tentações e sobre essa vitória constrói o Reino, a maneira humano-divina de viver na terra, que Adão não soube fazer. Jesus hoje é vitorioso sem o alarde do milagre. Na Sexta-feira Santa, ele não desce da Cruz, porque nela estava a vitória definitiva do desapego, do serviço, da fraternidade, que geram vida e paz, verdade e salvação.
A frase duvidosa do diabo, repetida ironicamente pelos que o injuriavam ao pé da Cruz, precisa transformar-se em afirmativa: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!” (Mt 14,33 e 27,54). A fé tem muito a ver com uma decisão pessoal, intransferível. Exatamente a decisão frisada no Evangelho de hoje.
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