O retrato bem-feito da pessoa feliz
Compreenderemos melhor esse Evangelho, se nos lembrarmos de que imediatamente antes vêm as Bem-aventuranças. Por meio de três imagens, Jesus mostra as consequências do bem-aventurado, que, exatamente por sê-lo, é perseguido e provado. Podemos dizer que as bem-aventuranças são a estrada a caminhar, ou o campo a cultivar. O ser sal, luz, sinal- as três imagens do Evangelho de hoje – é a consequência, quase diria que é a colheita, de quem plantou no campo das Bem-aventuranças.
As três imagens são ricas de sentido, sobrepõem-se, completam-se, exigem-se. Não são símbolos novos ou estranhos. O sal era usado no culto (Lv 2,13). O Levítico fala em ‘sal da aliança’, por isso se dizia ‘comer sal com alguém’ para dizer que se fez com ele um pacto. A criança, ao nascer, era lavada em sal, não por razões higiênicas, mas por razões religiosas (Ez 16,4), para simbolizar que o recém-nascido estava pronto para ser uma oferta ao Senhor. A luz perpassa a Sagrada Escritura como ‘vestimenta de Deus’ e era símbolo da presença do Senhor. Morar na cidade construída sobre a colina (Jerusalém) era o sonho de todos. Com as três imagens, Jesus pinta o retrato da pessoa “perfeita como o Pai do Céu” (Mt 5,48), da criatura realizada, perfeita tal como Cristo a descreve e a quer ao longo de todo o Evangelho, ou seja, o retrato completo do cidadão do Reino dos Céus.
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]
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