Começam os preparativos para o bicentenário da morte de Frei Galvão

Santo Antônio de Sant’Anna Galvão (foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Por Fernando Geronazzo
1 de agosto de 2021

Em 2022, são recordados os 200 anos da morte de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, o frade franciscano que se tornou o primeiro santo brasileiro.

Para celebrar a data, está sendo programada uma série de iniciativas que acontecerão a partir do próximo dia 25 de outubro, quando o bicentenário será aberto e se estenderá até dezembro de 2022.

As atividades envolverão a Arquidiocese de São Paulo, onde Frei Galvão viveu boa parte de seu ministério e onde está sepultado, a Arquidiocese de Aparecida (SP), em cujo território está sua cidade natal, Guaratinguetá, e a Ordem dos Frades Menores, na qual o santo brasileiro consagrou sua vida.

Um santo brasileiro

Um dos articuladores dessas iniciativas é o historiador, cineasta e produtor cultural Malcolm Forest. Devoto e pesquisador da vida Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, ele produziu e dirigiu o filme documentário “Frei Galvão, o Arquiteto da Luz”, lançado em 2013, no qual também atuou como ator. Ele é, ainda, autor da canção “Meu Querido Frei Galvão”.

Forest herdou a devoção por Frei Galvão de sua Mãe, Lygia Marques Kigar, que viveu mais de 100 anos e testemunhou inúmeras graças alcançadas pela intercessão do Franciscano.

Para o cineasta, as comemorações do bicentenário de Frei Galvão serão uma oportunidade de tornar este santo mais conhecido pelos brasileiros, não apenas como alguém a quem os fiéis buscam a intercessão por graças e milagres, mas também como exemplo de um homem que viveu heroicamente as virtudes cristãs, trabalhou ardorosamente pela evangelização, foi uma grande testemunha da caridade e deixou um legado valioso para a Igreja no Brasil.

“Nesses tempos difíceis que vivemos, em tantos aspectos, nossa sociedade precisa de mais fé e, por isso, valorizar o testemunho de Frei Galvão, um brasileiro como nós, que teve uma vida tão exemplar, é muito oportuno”, afirmou Forest ao O SÃO PAULO.   

Malcolm Forest, devoto e pesquisador de Frei Galvão (foto: Luciney Martins/ O SÃO PAULO)

Programação

A programação do bicentenário que, em breve será divulgada, prevê celebrações nos locais emblemáticos da vida de Frei Galvão, procissões, eventos culturais, lives, podcasts, um ciclo de palestras, homenagens cívicas e outras iniciativas. 

O produtor cultural tem mantido contato com os arcebispos de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, e de Aparecida, Dom Orlando Brandes, além do Reitor do Santuário de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, em Guaratinguetá, Frei Diego Melo, para viabilizar a programação.

Malcolm Forest enfatizou que o bicentenário da morte de Frei Galvão será uma celebração protagonizada pela Igreja, pois, antes de ser um ilustre personagem da história brasileira, o franciscano é um santo católico e deve ser conhecido e valorizado como tal.

Frei Galvão

Nascido em Guaratinguetá (SP), em 1739, filho de Antônio Galvão de França e Izabel Leite de Barros, Frei Galvão cresceu num ambiente profundamente religioso. Aos 13 anos, foi enviado para estudar no Seminário da Companhia de Jesus, dos Padres Jesuítas, na cidade de Belém de Cachoeira (BA). Aos 21 anos, ingressou no noviciado da Ordem dos Frades Menores, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, fez a profissão solene dos votos religiosos, sendo ordenado sacerdote em 11 de julho de 1762.

Depois de ordenado, Frei Galvão foi enviado para o Convento de São Francisco, em São Paulo, para aperfeiçoar os estudos e praticar o apostolado. E foi no apostolado que o franciscano começou a destacar-se por suas virtudes e empenho pastoral, em um período em que a liberdade religiosa era muito ameaçada pelo Império.

Recolhimento da luz

Designado confessor do Recolhimento Santa Teresa, em 1770, o franciscano conheceu Irmã Helena Maria do Espírito Santo, religiosa de profunda oração e grande penitência, que afirmava ter visões pelas quais Jesus lhe pedia para fundar um novo Recolhimento, isto é, uma casa onde mulheres viviam de maneira comunitária, dedicando-se à oração, sem, no entanto, professarem os votos religiosos, uma vez que o Marquês de Pombal não permitia fundações de casas religiosas.

Após estudar tais mensagens e discerni-las com o auxílio de pessoas sábias e esclarecidas, Frei Galvão fundou um recolhimento em 2 de fevereiro de

1774, dedicando-o a Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência. “Frei Galvão era sensível ao fato de que havia vocações e que o governo não podia obstruir seu florescimento”, explicou Padre José Arnaldo. Esse Recolhimento se tornou um mosteiro apenas em 1929, sendo incorporado à Ordem da Imaculada Conceição (concepcionistas).

Mosteiro da Luz, fundado por Frei Galvão e onde seus restos mortais estão sepultados (reprodução da internet)

Perseguições

No ano seguinte, Irmã Helena, tendo adoecido gravemente, morreu. Frei Galvão tornou-se, então, o único apoio para a comunidade. Nesse mesmo período, o novo capitão-general da Capitania de São Paulo, Martim Lopes Saldanha, obrigou o fechamento do Recolhimento. O Santo obedeceu à decisão. Porém, as recolhidas, que não tinham aonde ir, permaneceram escondidas na casa, confiantes na providência divina. Um mês depois, graças à pressão do povo e do bispo local, o Recolhimento foi reaberto.

Durante 14 anos (1774-1788), Frei Galvão se empenhou pessoalmente na ampliação das instalações do Recolhimento, cujas vocações não paravam de crescer. Por outros 14 anos (1788-1802), dedicou-se à construção da igreja, inaugurada em 1802.

Em 1781, após defender um soldado que havia sido condenado à morte por uma pequena ofensa ao filho do Capitão-General, Frei Galvão foi transferido para o Rio de Janeiro por pressão das autoridades. A população, no entanto, se levantou contra a ordem, que acabou sendo revogada.

Defensor da Imaculada

Como bom franciscano, Frei Galvão era grande devoto de Nossa Senhora e propagador de sua imaculada conceição, que ainda não havia sido proclamada como dogma de fé, mas por séculos era difundida pelos frades. Tanto que os frades, ao professarem os votos, faziam um juramento de se empenharem na defesa da imaculada conceição da Virgem Maria.

De acordo com a biografia documentada que integra seu processo de canonização, a maturidade espiritual “franciscano-mariana” de Frei Galvão foi expressa por meio de sua consagração a Nossa Senhora como o seu “filho e escravo perpétuo”, feita em 9 de novembro de 1766.

Defensor da virgindade da Mãe de Jesus antes, durante e depois do parto, Frei Galvão difundiu essa convicção especialmente nas famosas pílulas confeccionadas e distribuídas pelas monjas do Mosteiro da Luz.

Certo dia, Frei Galvão foi procurado por um senhor aflito, porque sua mulher estava em trabalho de parto e em perigo de morte. O Frade escreveu em três papeizinhos o versículo do Ofício da Santíssima Virgem – Pos partum Virgo, Inviolata permansisti: Dei Genitrix intercede pro nobis (Depois do parto, ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, intercedei por nós) – e entregou ao homem. Após a esposa dele ingerir as pílulas, o parto ocorreu normalmente. Caso idêntico aconteceu com um jovem que sentia fortes dores provocadas por cálculos na vesícula.

Canonização de Frei Galvão (foto: Douglas Mansur/Região Episcopal Sé)

Morte

O fim de sua vida foi no Recolhimento da Luz, depois de obter autorização de seus superiores, devido ao fato de não ter mais forças físicas para se deslocar diariamente do Convento Franciscano para atender às religiosas. Ele passou a morar em um cômodo no fundo da igreja, atrás do sacrário até sua morte, em 23 de dezembro de 1822.

Na homilia da canonização de Frei Galvão, o Papa Bento XVI afirmou que a fama da sua imensa caridade não tinha limites: “Pessoas de toda a geografia nacional iam ver Frei Galvão, que a todos acolhia paternalmente. Eram pobres, doentes no corpo e no espírito que lhe imploravam ajuda”.

Assista ao videoclipe da canção “Meu Querido Frei Galvão”:


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