Corpus Christi: ‘Eis o mistério da fé’


Fonte e o ápice da vida cristã, a Eucaristia é o memorial da paixão, morte e ressurreição de de Jesus Cristo (foto: Santiago Mejía/Cathopic)

Por
Fernando Geronazzo
2 de junho de 2021

Especial do O SÃO PAULO destaca a centralidade do sacramento da Eucaristia na vida dos cristãos

Na Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, popularmente conhecida como Corpus Christi, na quinta-feira, 3, a Igreja Católica reafirma sua fé no sacramento da Eucaristia, fonte e ápice da vida cristã, e testemunha publicamente sua convicção da presença real de Jesus Cristo nas espécies do pão e do vinho consagrados na Santa Missa.

Instituída por Jesus Cristo na Última Ceia, a Eucaristia perpetua o sacrifício da cruz na Igreja ao longo dos séculos. Quando este sacramento é celebrado, o acontecimento central de salvação se faz realmente presente e “realiza-se também a obra da nossa redenção”, como expressou São João Paulo II, na encíclica Ecclesia de Eucharistia (2003).

O santo sacrifício eucarístico torna presente não só o mistério da Paixão e Morte de Jesus, mas também o mistério da sua Ressurreição. Por estar vivo e ressuscitado é que Cristo pode se tornar “pão da vida” (Jo 6,35.48). Tal verdade de fé era proclamada pelos padres e doutores dos primórdios da Igreja. Santo Amrósio lembrava aos cristãos recém-batizados: “Se hoje Cristo é teu, Ele ressuscita para ti cada dia”. Já São Cirilo de Alexandria sublinhava que a participação na Eucaristia “é uma verdadeira confissão e recordação de que o Senhor morreu e voltou à vida por nós e em nosso favor”.

(Foto: Juan Pablo Aria/Cathopic)

Presença real

É certo que Jesus ressuscitado está presente na Igreja de diversas maneiras: na sua Palavra, na oração da Igreja – “Onde dois ou três estão reunidos em Meu nome…” (Mt 18,20) –, nos pobres, nos doentes, nos prisioneiros, nos seus sacramentos, dos quais é o autor, e na pessoa do ministro ordenado que preside a Santa Missa. A doutrina católica, porém, ressalta que é sobretudo sob as espécies eucarísticas que o Senhor manifesta sua presença por excelência.

Pelas palavras de Jesus na Última Ceia e pela invocação do Espírito Santo na celebração da missa, o pão e o vinho se tornam verdadeiramente o corpo e o sangue de Cristo. O Concílio de Trento afirma que na Eucaristia estão “contidos, verdadeira, real e substancialmente, o corpo, o sangue, a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo”, ou seja, “Cristo completo”.

Comunhão

O ápice da participação na Eucaristia é a comunhão. É o próprio Jesus que convida: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6,53).

O principal fruto da comunhão eucarística é a união íntima com Cristo Jesus. “De fato, o Senhor diz: ‘Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele’ (Jo 6,56). A vida em Cristo tem o seu fundamento no banquete eucarístico: ‘Assim como o Pai, que vive, me enviou, e Eu vivo pelo Pai, também o que comer a minha carne viverá por Mim’ (Jo 6,57)”, recorda o Catecismo da Igreja Católica, que enfatiza, ainda, que a comunhão da carne de Cristo Ressuscitado conserva, aumenta e renova a vida da graça recebida no Batismo.

A Comunhão também afasta o fiel do pecado. “O corpo de Cristo que recebemos na Comunhão é ‘entregue por nós’ e o sangue que nós bebemos é ‘derramado pela multidão, para remissão dos pecados’. É por isso que a Eucaristia não pode nos unir a Cristo sem nos purificar, ao mesmo tempo, dos pecados cometidos, e nos preservar dos pecados futuros”, reforça o Catecismo.

Efeitos

Os que recebem a Eucaristia ficam mais estreitamente unidos a Cristo, que une todos os fiéis em um só corpo: a Igreja. Como afirma o apóstolo São Paulo: “O cálice da bênção, que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Uma vez que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, porque participamos desse único pão” (1Cor 10,16-17).

Santo Tomás de Aquino afirmou que “o efeito típico da Eucaristia é a transformação do homem em Cristo”. Já São Leão Magno destacou: “A participação do corpo e sangue de Cristo não faz outra coisa senão nos transformar no alimento que tomamos”.

Santo Agostinho pôs na boca de Jesus estas palavras: “Não és tu que me transformarás em ti, como se dá com o alimento da tua carne, mas tu serás transformado em Mim”. E Cirilo de Jerusalém enfatizou que, por meio da Eucaristia, “nos tornamos concorpóreos e consanguíneos com Cristo”.

(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Adoração

A presença de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento não se restringe à celebração da missa, mas permanece na reserva eucarística. No princípio, o sacrário ou tabernáculo era destinado a guardar a Eucaristia de maneira digna para ser levada aos enfermos e aos fiéis ausentes da missa por razões graves. Com o aprofundamento da fé na presença real de Cristo na sua Eucaristia, a Igreja tomou consciência do sentido da adoração silenciosa do Senhor, presente sob as espécies sagradas.

A visita ao Santíssimo Sacramento presente nos sacrários das igrejas permite o encontro pessoal de cada fiel com Jesus e o coloca em comunhão com toda a Igreja, que se reúne em torno da Eucaristia. Por isso, além de convidar cada um dos fiéis a encontrar pessoalmente tempo para se demorar em oração diante do sacramento do altar, a Igreja motiva as paróquias, comunidades e grupos eclesiais a promoverem momentos de adoração comunitária.

Para receber a Eucaristia

Como ensina São Paulo, para receber o corpo e o sangue de Cristo, é necessária a devida preparação. “Quem comer o pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, cada qual a si mesmo e, então, coma deste pão e beba deste cálice; pois quem come e bebe, sem discernir o corpo do Se- nhor, come e bebe a própria condenação” (1Cor 11,27-29).

Nesse sentido, a Igreja exorta os que tiverem consciência de um pecado grave a receber o sacramento da Reconciliação antes de se aproximarem da Sagrada Comunhão, com o fim de evitarem um sacrilégio e usufruírem das graças infinitas de tão admirável dom.

Prevê-se, ainda, que o fiel que recebe a Comunhão seja católico, batizado e cultive cotidianamente a sua fé, por meio da participação da vida eclesial, especialmente dos sacramentos, da oração, da escuta da Palavra e da prática das obras de misericórdia. Também é imprescindível que a pessoa creia vivamente que irá receber o corpo e o sangue de Cristo.

(Foto: Juan Pablo Aria/Cathopic)

Como forma de preparar o corpo e a alma para receber bem a santa

Comunhão, a Igreja prescreve o jejum eucarístico, isto é, abster-se de qualquer alimento ou bebida (exceto água ou remédios) antes de comungar. No passado, esse período era de 12 horas, depois, foi reduzido para três horas e, atualmente, é de uma hora antes da Comunhão. Por meio deste gesto penitencial, o cristão expressa a sua fé e reverência ao Santíssimo Sacramento e manifesta o desejo de recebê-lo como o mais importante alimento da vida.

A Igreja também prescreve aos seus fiéis a obrigação de “participar na divina liturgia nos domingos e dias de festa” e de receber a Eucaristia ao menos uma vez em cada ano, se possível no tempo pascal, preparados pelo sacramento da Reconciliação. “Mas recomenda-lhes vivamente que recebam a Santa Eucaristia aos domingos e dias de festa, ou ainda mais vezes, mesmo todos os dias”, reforça o Catecismo.

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