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O Brasil e a cristofobia


CHRISTIAN PERSECUTION,NEW YORK,TIMES SQUARE
Jeffrey Bruno | Aleteia


Francisco Borba Ribeiro Neto | publicado em 27/09/20

O cristianismo é a confissão religiosa que mais sofre com perseguições ao redor do mundo, com agressões, assassinatos e destruição de locais de culto

Considerado o maior país cristão do mundo, o Brasil poderia ser “cristofóbico”, isto é, os cristãos brasileiros poderiam sofrer alguma forma de perseguição ou discriminação por sua confissão religiosa? Muita gente se fez essa pergunta, após uma frase polêmica, proferida pelo presidente Bolsonaro em seu discurso à ONU em 22 de setembro último.

O cristianismo é a confissão religiosa que mais sofre com perseguições ao redor do mundo, com agressões, assassinatos e destruição de locais de culto – particularmente em países nos quais é religião minoritária, na Ásia e na África. Contudo, em nosso país, os mais perseguidos são os praticantes de religiões de matriz africana. Dependendo da fonte consultada, a probabilidade, no Brasil, de um fiel de uma dessas religiões ser vítima de violência por suas convicções e práticas é algo entre 130 a 210 vezes maior do que para a população em geral.

Se os cristãos brasileiros não sofrem perseguição com agressões físicas e perda de direitos, padecem com uma mentalidade laicista que deslegitima qualquer expressão social que tenha vinculação com a religião. Os cristãos, apesar de majoritários em termos demográficos, podem tornar-se minoria político-cultural. Infelizmente, tal situação algumas vezes leva à militância intransigente e aguerrida, que procura revidar as agressões culturais sofridas com outras violências, gerando uma espiral crescente de incompreensão e conflito.

Na história

A Igreja Católica sofreu com perseguições por parte do Estado e de grupos políticos hegemônicos em muitos momentos ao longo da história do Brasil. O padroado era um acordo, feito entre a Coroa e o Vaticano, segundo o qual o governo protegia, amparava e coordenava as atividades eclesiais em seu território. No Brasil, perdurou até a proclamação da República. Contudo, ao longo do tempo se configurou num controle do Estado sobre a Igreja. Além disso, tem havido um conflito, às vezes velado, outras vezes escancarado, entre o catolicismo e as elites de formação iluminista – que consideravam a mentalidade católica retrógrada e inculta… Apesar da instrução escolar, no período colonial, ser oferecida principalmente pela Igreja e de parte significativa dos intelectuais brasileiros terem sido membros do clero. Vejamos alguns exemplos desses conflitos históricos:

As primeiras vítimas de perseguição, ainda no período colonial, foram os missionários, pela defesa que fizeram dos índios – culminando com a expulsão dos jesuítas, em 1759.
Uma das batalhas travadas por Frei Galvão (1739-1822), o primeiro brasileiro declarado santo, foi justamente contra o fechamento – determinado pelo governo – daquele que é hoje o Mosteiro da Luz, em São Paulo.
No século XIX, por uma desavença com a Maçonaria, dois bispos católicos, Dom Vital e Dom Macedo Costa, foram condenados à prisão, em 1874.
No presente

Até hoje, esse preconceito contra a religião se manifesta em muitas situações. O cristianismo se tornou uma espécie de “bode expiatório”, de “consciência culpada”, da sociedade ocidental – inclusive no Brasil.

A acusação, por exemplo, de que a inculturação do Evangelho, feita pelos missionários no período colonial, destruía a cultura indígena é muito frequente. Poucas vezes, contudo, é lembrado que, nesse mesmo período, os espanhóis e portugueses, com a aprovação do governo, matavam e/ou escravizavam os índios – que eram defendidos pela Igreja.

O discurso de respeito às minorias, justo e necessário, condenou as piadas e zombarias referentes a raça ou orientação sexual das pessoas. Contudo, é considerado “liberdade de expressão” quando os humoristas ridicularizam elementos caros à fé cristã. Apesar da ênfase no respeito à diversidade e à pluralidade, a cultura hegemônica também não aceita o valor da castidade e a possibilidade de ser oferecida como opção aos jovens.

Os cristãos brasileiros não sofrem com a perseguição física ou perda de liberdade política. Mas são vítimas de uma coerção cultural em relação a seus valores e à explicitação de sua vida de fé. Por outro lado, uma visão deturpada do Evangelho muitas vezes faz com que os valores cristãos sejam instrumentalizados para legitimar condutas repressivas, preconceituosas e anticristãs. Daí vem uma situação paradoxal. Quem orienta sua vida por valores cristãos frequentemente se sente menosprezado e incompreendido pelos agnósticos, quem orienta sua vida por valores diferentes se sente oprimido e discriminado por cristãos fervorosos. Os que se deixam determinar por esse clima de discórdia, não conseguem praticar o diálogo – tão defendido tanto pelo Papa Francisco quanto por líderes de outras religiões e pensadores humanistas agnósticos.

Dar a outra face?

“Tendes ouvido que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao homem mau; mas a quem te bate numa face, volta-lhe também a outra” (Mt 5, 38-39). Esse trecho do Sermão da Montanha se torna bastante perturbador nesse contexto. Mais ainda se pensarmos nos países onde os cristãos sofrem perseguição e são martirizados.

Vale a pena ler a Carta a Diogneto (CD),  um documento escrito pelos primeiros cristãos, ainda na época da perseguição romana. Os cristãos, diz o texto, “amam todos e por todos são perseguidos […] são desprezados e, no desprezo, são glorificados […] são injuriados e bendizem […] fazendo o bem, são punidos como maus […] Tal é o posto que Deus lhes determinou, e não lhes é lícito dele desertar” (CD 5, 11 – 6, 10). O sucesso dessa “estratégia” de amor se evidenciava, segundo a Carta, pela felicidade experimentada pelos cristãos e pela expansão do cristianismo no mundo, a despeito de todo sofrimento imposto aos fiéis.

“Dar a outra face” não significa ficar passivo e submisso diante do mal e das ofensas, mas responder com amor. Os cristãos, esse é o testemunho da Carta, não combatem com a violência nem mesmo às perseguições mais terríveis. Com maior razão, não devem revidar as incompreensões das quais se sentem vítimas com agressões e violência, mas sim com amor.

“Não falo de coisas estranhas, nem busco coisas absurdas” (CD 11, 1), diz o autor da Carta. Para ele, era uma constatação demonstrada pelos fatos, não uma ingenuidade, que a grande resposta a qualquer forma de intolerância sofrida pelos cristãos é um verdadeiro amor ao próximo, não a força ou o poder.

Fonte: Aleteia

https://religious-freedom-report.org/pt/home-pt/

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