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Profecias de São Malaquias, o Papa e o fim do mundo


Thomas Gun CC via Wikipedia

Vanderlei de Lima | Set 20, 2020

As chamadas “Profecias de São Malaquias” são, conforme seus divulgadores, de autoria de Malaquias de Armagh, monge do mosteiro de Bangor e depois arcebispo de Armagh

Vez ou outra, alguém relembra as profecias atribuídas a São Malaquias († 1148). Elas preveem o fim do Papado e do mundo. Este artigo analisa tais presságios.
As chamadas “Profecias de São Malaquias” são, conforme seus divulgadores, de autoria de Malaquias de Armagh, monge do mosteiro de Bangor e depois arcebispo de Armagh, que, falecido com fama de santidade, foi canonizado, em 1190, pelo Papa Clemente III. Suas previsões teriam sido escritas quando o monge santo esteve, por um mês, em Roma, no ano de 1139. Consta de 111 – ou 113, segundo outros – dísticos latinos que buscam retratar cada Papa desde Celestino II (1143-1144) ao presumido Pedro II, o último Papa, que governará a Igreja até o fim do mundo. Eis, a título de exemplo, o dístico atribuído a São João Paulo II († 2005): “De labore solis – Do sofrimento do sol”.

Aqui se coloca a pergunta: foi o próprio São Malaquias quem divulgou tais profecias? – Não! Essas predições, que seriam do século XII, época na qual viveu o santo, só apareceram em 1595, fim do século XVI, na obra Lignum Vitae, ornamentum et decus Ecclesiae (Lenho da Vida, ornamento e glória da Igreja), do beneditino belga Arnoldo de Wyon. Delas, as primeiras 74 vêm acompanhadas de breve comentário de Afonso Chacón († 1601 aproximadamente), frade dominicano e historiador espanhol. Demonstra ele que as previsões se cumpriram de modo exato em cada Papa citado. Assim, sobre Vítor IV a profecia diz: Ex tetro carcere (Do cárcere escuro), ao que acrescenta Chacón: Fuit cardinalis S. Nicolai in carcere Tulliano (Foi cardeal de S. Nicolau no cárcere Túlio).
Pois bem, pelos comentários de Afonso Chacón seria possível calcular o último Papa e o fim do mundo: após João Paulo II (De labore solis) ainda haveria três pontífices: Bento XVI, Francisco e mais um que assumiria o nome de Pedro II. Sobre ele está escrito: Petrus Romanus, qui pascet oves in multis tribulationibus; quibus transactis, civitas septicollis diruetur, et ludex tremendus iudicabit populum. Finis (Pedro Romano, que apascentará as ovelhas em meio a muitas tribulações. Passadas estas, será destruída a cidade das sete colinas e o tremendo Juiz julgará o seu povo. Fim)”. Propostas, em suma, as profecias, passemos às observações. 
O primeiro grande ponto é que as chamadas “Profecias de São Malaquias” se inserem no quadro das revelações particulares: o fiel católico é, portanto, livre para aceitá-las ou não (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 66-68). Há, dentro dessa liberdade, quem lhes dê crédito, pois julga que deram certo. Por exemplo, Crux de crucem (Cruz vinda da cruz) refere-se a Pio IX (1846-1878); ora, ele muito sofreu – carregou a cruz – ataques da Casa de Savoia, em cujo emblema havia uma cruz.
Todavia, bons estudiosos recusam essas profecias. O maior desses críticos é o Pe. Ménestrier, S.J., com seu livro Réfutation des Prophéties faussement attribuées à S. Malachie sur les élections des Papes (Paris, 1689). Argumenta esse jesuíta que: 1) por 450 anos essa profecia não foi conhecida. Nenhum historiador medieval ou renascentista, ao tratar da vida dos Papas, a cita; 2) não há uma linha confiável que demonstre como Chacón a conheceu e a passou a Arnoldo de Wyon; 3) na lista, não aparecem só Papas, mas também antipapas (Vítor IV, 1159-64; Nicolau V, 1328-30; Clemente VII, 1378-94). Ora, seria blasfêmia dizer que Deus teria confundido Papas e antipapas; 4) a insinuação da data do fim do mundo para o próximo Papa, depois de Francisco, contraria a Sagrada Escritura que não revela aos homens a data do Juízo Final (cf. Mt 24,36; Mc 13,32; At 1,7); 5) as profecias são claras até Urbano VII, depois ficam genéricas (varão religioso; fogo ardente; fé intrépida etc.) e servem, por conseguinte, a qualquer Papa digno; 6) conclui, pois, Ménestrier que as predições devem ter sido criadas em 1590 e atribuídas falsamente a São Malaquias (cf. Dom Estêvão Bettencourt, OSB. Fim do mundo? A profecia de São Malaquias. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, opúsculo 39).

Ao ler este artigo, somos convidados a deixar de lado as curiosidades humanas e a redobrar a confiança no Pai celeste que cuida da sua Igreja (cf. Mt 16,18) até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20). Ele não a deixa sucumbir às tempestades (cf. Mc 4,35-41).

Fonte: Aleteia

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