Pregador assíduo, utilizava todos os meios possíveis, inclusive as redes sociais, para ensinar a doutrina católica, respondendo perguntas simples ou sofisticadas, mas sempre com sabedoria, erudição e eloquência.
Exemplar, tinha um porte respeitoso, casto, varonil e paterno, que conciliava a firmeza e o carinho numa harmonia rara, tão ausente hoje em nossa sociedade.
Dom Henrique não era um bispo de aeroporto ou de WhatsApp, distante das ovelhas ou frio com o clero, não era um burocrata politicamente correto, um administrador que visava somente os ganhos econômicos, não se preocupava consigo mesmo, antes, morreu por sua abnegação: zeloso por seu ministério episcopal, deixou a saúde própria por último.
Dom Henrique falava como um pastor e não como membro de uma corporação. É por isso que suas palavras vinham do coração, pois ele não estava falando para ser admirado pelos seus pares no episcopado, mas para ser entendido pelo povo mais simples e católico.
O povo fiel sente hoje a sua ausência como uma orfandade porque encontrava nele um bispo-bispo, não um bispo politiqueiro, um bispo membro de uma ONG, um bispo gerente de uma empresa, um bispo apresentador de programa de televisão, um bispo incoerente com sua vocação ou laicizado e de moral duvidosa. Não, ele realmente era um bispo-bispo.
Apesar de defender o Concílio Vaticano II e de não ter nunca celebrado publicamente uma missa tridentina – antes, era um entusiasta da tal “hermenêutica da reforma na continuidade” e da “reforma da reforma” –, ele efetivamente era alguém que sabia compaginar a nova liturgia com elementos tradicionais, sobretudo com a piedade e a devoção que os sacramentos requerem por sua própria natureza. Embora compreendesse a crise da Igreja a seu modo, nele transbordava o que nem o Vaticano II e suas reformas puderam eliminar: a fé viva em Nosso Senhor Jesus Cristo.
Era um bispo que carregava o odor daquela tradição católica amada pelo povo, mas odiada por tantos que aprenderam nos seminários a serem brutais e iconoclastas.
Ele se parte e deixa um vazio. É como se os católicos tivessem perdido uma perna e, de repente, tudo ficasse um pouco mais difícil nesse quadro eclesiástico tão nebuloso que vivemos.
Se o nosso clero fosse humilde e sábio – e que os seja! – tiraria as lições desta comoção nacional e começaria a refazer o caminho de retorno para aquela pátria espiritual católica cuja nostalgia faz hoje nosso povo tanto sofrer. Talvez o desaparecimento de Dom Henrique possa despertar os tímidos, os fracos, os deprimidos a voltarem ao front desta batalha pela fé e assumirem o protagonismo que lhes cabe, sem políticas nem concessões, sendo uma imagem corajosa do Cristo Sacerdote que todo padre deveria ostentar.
Com caixão lacrado, em cerimônia rápida, Dom Henrique foi sepultado às pressas, como mais um contaminado pelo vírus chinês. Decerto, ofereceu sua vida pela Igreja e teve a sua oferenda aceita. Que a sua morte possa trazer vida à nossa religião tão castigada justamente por aqueles que deveriam defendê-la.
— Adeus, Dom Henrique!
Fonte: Fratersinunum
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