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Robert McTeigue, SJ | Jun 22, 2020
Não vamos nos enganar: a batalha é constante
Jesus disse: “aquele que não tiver uma espada, venda sua capa para comprar uma” (Lucas 22, 36). Alguns podem perguntar: “Por que Jesus nos disse para comprar uma espada?”
Outros podem perguntar: “Uma espada será suficiente?”
Tendo para a última pergunta porque li recentemente o livro “Combate imortal: Confrontando o coração das trevas”, do padre Dwight Longenecker (Immortal Combat: Confronting the Heart of Darkness).
O padre Longenecker usa a mitologia grega para delinear um relato memorável de como podemos sucumbir ou ser seduzidos pelo mal.
Na última parte de seu livro, ele usa temas especificamente bíblicos – retratados através da imagem da espada – para nos mostrar como lutar contra o mal e garantir um terreno conquistado com dificuldade.
Tanto ataque quanto defesa – o padre Longenecker deixa claro –, são essenciais para a vitória na guerra contra o mal.
Não vamos nos enganar. A batalha é constante. Nosso inimigo espiritual está ansioso para nos levar a uma falsa sensação de segurança, para que possamos relaxar.
São Jerônimo adverte: “Não vamos perder pela paz oca o que preservamos pela guerra”.
Invocando Santa Teresa de Lisieux (“Santidade! Deve ser vencida na ponta de uma espada!”), que gritou no leito de morte: “Morrerei com minhas armas na mão!”, o padre Longenecker lista “10 espadas” (10 armas contra o mal).
Vamos analisar cada uma delas e depois considerar como ter um lugar para todas em nossas vidas.
Sacramentos: Em cada um deles temos uma participação na cruz e ressurreição de Cristo. Não teremos poder espiritual confiável se não vivermos uma vida sacramental.
Sagradas Escrituras: Não podemos progredir na maturidade espiritual se não lermos o manual. Seria loucura não trazer na mente e no coração as próprias palavras que sustentaram todos os santos de Deus.
Pequenez: Nossa única opção, diz Jesus, é “tornar-se como criancinhas”. (Mateus 18, 3) Somente aqueles que sabem que são pequenos não confiarão em sua própria força, mas sim na força de Deus.
Segredo: Por mais pública que seja nossa devoção ou apostolado, deve haver tempo para se retirar, para permitir que Deus trabalhe em nós de maneiras ocultas.
Sacrifício: A prontidão para nos doar e gastar, inclusive dando a vida, é um antídoto poderoso para o orgulho e o narcisismo de Satanás.
Simplicidade: A simplicidade da fala nos impede de mentir. A simplicidade da vida nos ajuda a valorizar corretamente o que é justamente valioso. A simplicidade da pessoa, diz o padre Longencker, permite-nos ter um senso próprio de nós mesmos, e não o orgulho. Ele cita São Francisco de Sales: “Seja quem você é e fique muito bem.”
Firmeza: Não há substituto para bons hábitos, desenvolvidos com cuidado e paciência, ao longo do tempo.
Silêncio: O silêncio pode ser invocado quando os participantes não ouvem a razão. O silêncio pode ser invocado quando as palavras são usadas apenas para falsidades e propaganda. Em outras palavras, não discuta com mentirosos ou demônios. O silêncio é sempre necessário para a oração contemplativa.
Sobrenatural: Não podemos combater inimigos sobrenaturais dependendo apenas de habilidades naturais. Sem recorrer ao sobrenatural, perderemos.
Sofrimento: O padre Longenecker identifica um paradoxo perene, a saber, que o Caminho do Guerreiro Cristão também é o Caminho do Cordeiro. Em Eclesiástico 2, 1, lemos: “Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação.” Da mesma forma, Santo Inácio de Loyola escreveu: “Nada digno de Deus pode ser feito sem que a Terra seja lançada em tumulto e despertadas as legiões do inferno”.
Como seria a vida de um discípulo cristão armado com essas espadas espirituais?
Tal discípulo viveria uma vida sóbria, esforçada, vigilante, fraterna, diligente, humilde e alegre.
Sóbria, porque ele não pode ter ilusões sobre esta vida ou a próxima.
Esforçada, porque ele está lutando pelo prêmio máximo – a maior glória de Deus, o amor ao próximo e a salvação de sua alma.
Vigilante, porque ele sabe que luta contra um inimigo que nunca se cansa.
Fraterno, porque ele sabe que não pode lutar sozinho.
Diligente, porque ele está ansioso para aprender e melhorar o serviço ao Rei Eterno.
Humilde, porque ele tem certeza de sua fraqueza e da força de Deus.
Alegre, porque ele sabe que encontrou um bom motivo para viver e um bom motivo para morrer.
Fonte: Aleteia
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