Como você pode ajudar um ente querido com Alzheimer a viver sua fé?

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Edifa | Mar 03, 2020

Viver com uma pessoa que sofre de Alzheimer impõe missões e responsabilidades, incluindo a de ser um mediador de Deus, porque além dos distúrbios da memória, o paciente também sofre de distúrbios da comunicação, e não apenas com seus entes queridos, mas também com o Senhor

Perda da memória imediata, mudanças de comportamento, mudanças emocionais marcadas pela inibição são todos sinais que atestam a doença de Alzheimer. Os familiares dos doentes são confrontados com muitas perguntas, incluindo a da fé: Como ajudar um ente querido com Alzheimer a manter suas referências espirituais? Veja a seguir os conselhos de Eric Kiledjian, geriatra e especialista em doença de Alzheimer, que estudou esse assunto de perto.

Do que o paciente tem necessidade?

Das coisas mais básicas: a atenção dos outros, especialmente daqueles que ele ama, e um olhar que o valorize. A pessoa doente é confrontada com a desconstrução do sujeito. Por exemplo, ela está à mesa com seus filhos e netos, mas ninguém mais conversa com ela. Nesse quadro preciso, podemos colocar a mão na dela, olhá-la nos olhos e perguntar se o que ela come é bom, se ela se sente bem. Sem passar o tempo a fazer piadas ou brincadeiras, você precisa simplesmente mostrar a ela que ela está lá, que ela existe.

Basicamente, o paciente precisa acima de tudo de confiança. Obviamente, há uma tendência a não arriscar mais, porque ele esquece tudo, comete erros. No entanto, apenas porque uma pessoa é imprevisível, não significa que você precise remover toda a confiança nela. Vemos muito isso em certas famílias onde colocamos a pessoa doente quase presa a um lugar específico. Quando seria muito melhor adaptar o lugar segundo as suas necessidades, como movendo objetos perigosos, etc.

Eu gosto de repetir para as famílias que devemos incentivar sem perseguir. A pessoa gostava de fazer palavras cruzadas, mas agora não consegue mais? Se ela ainda gostar, podemos fazer com ela, ela ficará feliz. Por outro lado, sob o pretexto de estimular sua memória, fazê-lo ler uma página inteira de um jornal e fazer perguntas depois pode ser a melhor maneira de irritá-lo. Se não houver satisfação na atividade, ela não deve ser feita. Os cuidadores e a família têm um papel preponderante: de ser um grupo bondoso, caloroso e tranquilizador. O melhor remédio para a doença está aí.

A nível espiritual, o que o paciente experimenta?

É um grande mistério, mas há indícios que mostram que muita coisa está acontecendo. Devido à perda do autocontrole, algumas pessoas, por exemplo, recitam espontaneamente o Pai-Nosso, apesar de terem esquecido sua data de nascimento. Podemos sentir claramente, através dessas orações aprendidas durante a infância, que há uma sensibilidade ao divino.

No entanto, a pessoa doente tem dificuldade em conceber a imagem de Deus. É por esse motivo que o papel daqueles a sua volta é essencial. De fato, a autonomia do paciente fica cada vez mais ameaçada – mesmo em seu relacionamento com Deus – os mais íntimos têm um papel de “guardiões”. Da mesma forma que ajudar o paciente a ir ao banheiro o empurra a repetir gestos que ele não faria mais sozinho, ajuda-lo a fazer suas orações também é possível. Estou falando do “apoio espiritual”, que passa por coisas muito simples como rezar juntos, cantar uma canção, acender uma vela, fazer o sinal da cruz.

Podemos realmente falar de vida espiritual?

Claro, e ainda mais do que antes! A doença limpa uma série de filtros, como a racionalidade excessiva. De repente, os movimentos do desejo – da qual a vida espiritual é também feita – são livres. Essa aspiração espiritual está muito presente. Eles já não exclamam: “Eu preciso ser amado!”, mas o seu comportamento (ansiedade, choro, aparência) pode manifestar essa sede. Mesmo se certos elementos religiosos (ler a palavra de Deus, acompanhar uma homilia) desaparecem, a experiência espiritual continua.

Quem pode acompanhar a vida espiritual da pessoa doente?

Pela minha experiência, é mais responsabilidade da própria família. Infelizmente, o doente acaba não comparecendo mais às celebrações e perde contato com sua comunidade, paróquia ou outro. A família – cônjuge, filhos – deve, portanto, assumir as celebrações particulares. Sem falar da missa em casa, podemos organizar um breve momento que faça sentido para o paciente e que mantenha o vínculo com Deus. Os padres que conhecem a realidade da doença muitas vezes imaginam coisas interessantes para dar prosseguimento a esta vida espiritual. Penso no sacramento dos enfermos, que pode ser uma coisa muito bonita, porque é encarnada. Após a morte de seus pais, parentes me disseram que recitavam regularmente o Pai Nosso à medida que a doença progredia. Todos testemunharam o quanto sentiram a alegria do parente doente.

Como ajudar espiritualmente uma pessoa com Alzheimer?

A necessidade espiritual das pessoas saudáveis ​​é acompanhada por todos os tipos de situações: encontrar amigos na missa, ir a outra paróquia que melhor lhes convém, etc. Os pacientes com Alzheimer precisam de coisas simples, mais puras e mais diretas. Em primeiro lugar, o amor. E a tal ponto que, mesmo que seja dado por um cuidador, é tão eficaz como se fosse dado por um membro da família. Muitas vezes isso choca parentes, que sentem uma espécie de competição emocional, mas, no entanto, é verdade. À medida que as pessoas são afetadas, elas não sabem mais quem são, por isso é a aparência e o contato com outras pessoas que as fazem existir. Se trata não apenas de uma necessidade emocional, mas tem a ver também com a necessidade espiritual. Na fé, Deus nos faz existir como um sujeito unificado. Deus se coloca em relação com a pessoa inteira: emocional, espiritual, psicológica. É por isso que depende de nós que essas pessoas continuem a existir.

Os parentes são como mediadores entre Deus e as pessoas doentes, para lhes dizer que eles ainda existem aos seus olhos. É responsabilidade deles conduzir espiritualmente a pessoa doente. Esperar pela iniciativa da pessoa é se enganar. Deus está presente onde a empatia e a doação estão presentes. Uma maneira de atrair a pessoa para o reino espiritual é reservar um tempo para ela, pois se doar à pessoa doente é tornar Deus presente.

Desde que sejamos atenciosos e bondosos, estaremos em mediação espiritual. Com uma pessoa que tinha fé, é preciso ir além e empregar palavras, falar de Deus. Algo muito simples, como por exemplo, através de uma pergunta: “Você quer dizer o Pai Nosso juntos?” Mas cuidado, essa sugestão não deve refletir a ansiedade do cuidador. Alguns cônjuges não estão longe da perseguição: temem que seu ente querido não ore mais, forçam-no a acompanhá-lo à missa. A mediação deve, portanto, permanecer pacífica.

Insisto também no fato de que o cuidador deve saber recarregar as baterias para poder ser uma fonte, porque o acompanhamento dessa doença é extremamente pesado. E é impossível sair de nós mesmos se nunca ficamos a sós com Deus.

Entrevista por Anna Latron

Fonte: Aleteia

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Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, tende piedade de nós.
Coração de Maria, Mãe do Filho de Deus, rogai por nós.

Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo, tende piedade de nós.
Coração de Maria, obra-prima do Espírito Santo, rogai por nós.

Corações unidos no amor e na dor, salvai-nos.
Corações inflamados de caridade e misericórdia, ouvi-nos.
Corações adoráveis e compassivos, tende compaixão de nós.

Coração Sacratíssimo de Jesus, reinai em nossos corações.
Coração Imaculado de Maria, triunfai no mundo inteiro.

Jesus e Maria, fazei que nossos corações sejam semelhantes aos vossos!

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»Do prefácio de S. Ex.ª Rev.ma Card. Angelo Comastri

"Estar sempre com Jesus, este é o meu projeto de vida".
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viver com Jesus, por Jesus, em Jesus».


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