As orações que fazemos pelos falecidos expressam principalmente a nossa fé cristã no mistério da morte e da ressurreição de Jesus.
Afinal, a aparência negativa da morte só é superada pela manifestação pessoal e comunitária da nossa fé pascal. Para nós, não existe outra esperança de vida após a morte senão em Jesus Ressuscitado. Por isso, a encomendação dos mortos é um ato de confiança em Deus e de entrega da pessoa falecida à sua misericórdia.
Ao mesmo tempo, a encomendação é um ato de solidariedade fraterna da comunidade para com aqueles que estão sentindo a perda de um ente querido. E é bonito ver as tradições que ainda se mantêm em muitas comunidades, que estendem esses encontros de oração pelo falecido durante vários dias após o enterro.
A encomendação deve expressar a ação de graças pelo dom da vida, a súplica da misericórdia divina, a entrega do falecido a Deus, a esperança da ressurreição final e o consolo dos familiares e amigos. E tudo seja feito através dos méritos de Jesus Cristo, que, pela cruz e ressurreição, obteve a redenção da vida para todos os seres humanos.
As encomendações podem ser feitas na casa do falecido ou no velório, na igreja ou diante da sepultura, dependendo do ambiente rural ou urbano em que se realizam. Mais importante do que o lugar é a própria reunião de algumas pessoas e familiares, que testemunham sua fé no mistério da vida eterna por meio de orações e cantos.
São orações que não dependem de um ministro ordenado. Na ausência de um ministro leigo designado para esta pastoral, qualquer pessoa batizada pode tomar a iniciativa e convocar todos os presentes para a oração. É importante, porém, referir-se sempre à Palavra de Deus, para evitar qualquer ideia de purificação mágica do falecido.
Como normalmente não é possível fazer a encomendação dentro da celebração da Eucaristia, assim que for possível, os familiares e amigos devem participar da Santa Missa. É quando toda a comunidade pede ao Pai: "Lembrai-vos do(a) vosso(a) filho(a) que chamastes deste mundo à vossa presença. Concedei-lhe que, tendo participado da morte de Cristo pelo batismo, participe igualmente da ressurreição, no dia em que ele ressuscitar os mortos, tornando o nosso pobre corpo semelhante ao seu corpo glorioso".
Autor: Pe. José Ulysses da Silva, C.Ss.R.
Fonte: Revista de Aparecida - novembro/2013
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Você sabe qual é o significado das exéquias para os cristãos?
O Catecismo da Igreja Católica nos ajuda a compreender o que são as exéquias
A palavra exéquias provém do verbo latino exsequi, que significa “seguir” e refere-se ao cortejo fúnebre que segue o corpo do defunto até o túmulo. Para entender o significado cristão disso, encontramos uma profunda explicação das exéquias no Catecismo da Igreja Católica. A primeira parte do Catecismo nos apresenta as verdades da fé, o Credo. A segunda parte se refere à Celebração do Mistério Cristão; a terceira parte à moral cristã, definida como “vida em Cristo”; e a última parte à oração cristã (na qual se destaca o comentário sobre o ‘Pai-Nosso’).
A reflexão sobre as exéquias se encontra na segunda parte, depois da explicação sobre os sacramentos (Batismo, Confirmação, Eucaristia etc.).
Reflexões
Destacam-se, a seguir, algumas reflexões do Catecismo sobre as Exéquias.
Antes de tudo, há um item sobre “A última Páscoa do cristão”. Aqui, lembra-se que a Morte e a Ressurreição de Cristo revelam para nós o sentido da nossa morte: o cristão que morre em Cristo Jesus “abandona este corpo para ir morar junto do Senhor” (2 Coríntios 5,8).
A Igreja, como mãe, acompanha o cristão no termo da sua caminhada para entregá-lo ‘nas mãos do Pai’. Em seguida, fala-se explicitamente sobre “A celebração das exéquias”.
Onde acontecem as exéquias?
A Celebração das Exéquias, aqui no Brasil, acontece, frequentemente, em três lugares: o velório municipal, onde os parentes recebem os amigos do falecido; o cemitério, onde se sepulta o corpo do falecido; e a Igreja onde se celebra a Missa do sétimo dia.
Nesses três lugares, muitos cristãos escutam a Palavra de Deus, especialmente os Evangelhos, e rezam. A Palavra nos transmite o sentido da morte para o cristão, como acima lembrado. E a oração expressa a nossa fé na “comunhão dos santos”. “Santos” são os santificados pelo batismo, que procuram viver sua fé de maneira coerente. A morte não nos separa dos falecidos: nós permanecemos “em comunhão” com eles. Eles estão em Deus e rezam por nós; e vice-versa. Na vida presente, muitas vezes, a fé é misturada com pecados de fraqueza e egoísmo, que, mesmo assim, não rompem de maneira radical a comunhão com Deus e com os irmãos. Então, logo após a morte, os cristãos vão completar sua conversão: e aqui encontramos a fé católica na existência do Purgatório. Vivos e falecidos permanecem, pois, unidos, e rezam reciprocamente uns pelos outros, para que a conversão total a Cristo seja completa.
A esse respeito, é bom lembrar a origem da palavra “cemitério”. Na língua grega koimeterion (κοιμητήριον) significa “lugar de repouso”, dormitório. Sim, mas quem vai dormir, depois do descanso, levanta. E nós levantaremos, no dia da ressurreição: para viver com Cristo, que destruirá a morte para sempre. A palavra “cemitério” aponta, pois, para o sentido profundamente cristão da morte.
Quanto à Missa de sétimo dia, é importante lembrar que a Eucaristia é a celebração mais solene dos cristãos, na qual anunciamos a morte do Senhor que ressuscitou, que nos ressuscitará e está presente na Eucaristia como semente de ressurreição. Podemos, então, afirmar que este é o “momento forte” das exéquias cristãs.
Nos três lugares das exéquias, nós cristãos somos chamados a ser missionários, quer dizer, anunciadores da morte-ressurreição de Cristo, que dá um novo sentido à vida e à morte. As exéquias são, pois, um “momento de graça” para renovar a nossa fé e para proclamá-la.
Lino Rampazzo
Doutor em Teologia pela Pontificia Università Lateranense (Roma), Lino Rampazzo é professor e pesquisador no Programa de Mestrado em Direito do Centro Unisal – U.E. de Lorena (SP) – e coordenador do Curso de Teologia da Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).
É bom lembrar que todo o Catecismo da Igreja Católica está disponibilizado na Internet e, no seguinte site, encontra-se a parte que se refere às “Exéquias Cristãs”
(números 1680-1690): http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p2s2cap4_1667-1690_po.html
Fonte: Canção Nova
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