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Homilia do Papa Francisco no Monumento de Maria Rainha da Paz, em Maurício (09/09/2019)


Papa Francisco durante a Missa. Foto: Captura Youtube

REDAÇÃO CENTRAL, 09 Set. 19 / 08:38 am (ACI).- O Papa Francisco celebrou a Santa Missa no Monumento Maria Rainha da Paz, nos arredores de Por Louis, capital de Maurício, onde chegou nesta segunda-feira, 9 de setembro, procedente de Madagascar, em sua viagem pela África que o levou também a Moçambique.

Em sua homilia, o Papa se referiu à herança evangelizadora do Beato Jacques-Désiré Laval, missionário francês que chegou a Maurício em 1841 e cujo trabalho pastoral marcou a sociedade e a Igreja local até a atualidade.

O Santo Padre recordou que “através do seu dinamismo missionário e do seu amor, o padre Laval deu à Igreja mauriciana uma nova juventude, um novo respiro, que hoje somos convidados a continuar no contexto atual”.

A seguir, a homilia completa do Papa Francisco:

Aqui, diante deste altar dedicado a Maria, Rainha da Paz, nesta montanha donde vemos a cidade e, mais além, o mar, fazemos parte desta multidão de rostos que vieram das Maurícias e doutras ilhas desta região do Oceano Índico para escutar Jesus que anuncia as Bem-aventuranças, para ouvir a própria Palavra de Vida, com a mesma força que tinha há dois mil anos, o mesmo fogo que inflama até os corações mais frios. Juntos, podemos dizer ao Senhor: cremos em Vós e sabemos, pela luz da fé e o palpitar do coração, que é verdadeira a profecia de Isaías quando manda anunciar a paz e a salvação, levar a boa nova de que já reina o nosso Deus.

As Bem-aventuranças «são como que o bilhete de identidade do cristão. Assim, se um de nós se questionar sobre “como fazer para chegar a ser um bom cristão”, a resposta é simples: é necessário fazer – cada qual a seu modo – aquilo que Jesus disse no sermão das Bem-aventuranças.

Nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia-a-dia da nossa vida» (FRANCISCO, Exort. ap. Gaudete et exsultate, 63), como fez o Beato Jacques-Désiré Laval, chamado o «apóstolo da unidade mauriciana», tão venerado nestas terras. O amor de Cristo e dos pobres marcou de tal maneira a sua vida que o protegeu da ilusão de realizar uma evangelização «abstrata e assética».

Sabia que evangelizar implica fazer-se tudo para todos (cf. 1 Cor 9, 19-22): aprendeu a língua dos escravos recém-libertados e anunciou-lhes de maneira simples a Boa Nova da salvação. Soube reunir os fiéis, formá-los para empreender a missão e criar pequenas comunidades cristãs em bairros, cidades e aldeias vizinhas; muitas daquelas pequenas comunidades estão na origem das paróquias atuais. A sua solicitude levou-o a confiar nos mais pobres e descartados, para que fossem eles mesmos os primeiros a organizar-se e a encontrar respostas para as suas tribulações.

Através do seu dinamismo missionário e do seu amor, o padre Laval deu à Igreja mauriciana uma nova juventude, um novo respiro, que hoje somos convidados a continuar no contexto atual.

E devemos ter a peito este impulso missionário, pois pode acontecer que percamos o entusiasmo evangelizador, como Igreja de Cristo, caindo na tentação de nos refugiarmos em seguranças mundanas que acabam, pouco a pouco, por condicionar a missão tornando-a gravosa e incapaz de fascinar as pessoas (cf. FRANCISCO, Exort. ap. Evangelii gaudium, 26). O impulso missionário tem um rosto jovem e capaz de fazer rejuvenescer. São precisamente os jovens que, pela sua vitalidade e dedicação, lhe podem dar a beleza e o frescor próprios da juventude, quando desafiam a comunidade cristã a renovar-se e nos convidam a partir para novos horizontes (cf. FRANCISCO, Exort. ap. pós-sinodal Christus vivit, 37).

Isto, porém, nem sempre é fácil, pois exige que aprendamos a considerá-los e a dar-lhes lugar no seio da nossa comunidade e da nossa sociedade.

Nesta linha, custa constatar como, apesar do crescimento econômico que registou o vosso país nas últimas décadas, sejam os jovens quem mais sofre: são eles os mais afetados pelo desemprego, o que lhes causa um futuro incerto e tira-lhes também a possibilidade de se sentirem protagonistas da sua própria história comum.

Um futuro incerto, que os descarta e obriga a conceber a sua vida à margem da sociedade, deixando-os vulneráveis e quase sem pontos de referência perante as novas formas de escravidão deste século XXI. Eles, os nossos jovens, são a nossa primeira missão! Devemos convidá-los a encontrar a sua felicidade em Jesus; não de maneira asséptica ou abstrata, mas aprendendo a dar-lhes um lugar, conhecendo a sua linguagem, ouvindo as suas histórias, vivendo ao seu lado, fazendo-lhes sentir que são abençoados por Deus. Não deixemos que nos roubem o rosto jovem da Igreja e da sociedade! Não permitamos aos mercadores de morte roubar as primícias desta terra!

Aos nossos jovens e a quantos como eles se sentem sem voz porque estão mergulhados na precariedade, o padre Laval dirigir-lhes-ia o convite a fazer ressoar o anúncio de Isaías: «Ruínas de Jerusalém, irrompei em cânticos de alegria, porque o Senhor consola o seu povo, com a libertação de Jerusalém» (52, 9).

Mesmo quando parecer sem solução aquilo que nos rodeia, a esperança em Jesus convida-nos a reencontrar a certeza do triunfo de Deus não apenas para além da história, mas também na trama escondida das pequenas histórias que se cruzam e fazem de nós protagonistas da vitória d’Aquele que nos deu o Reino.

Para viver o Evangelho, não podemos esperar que tudo seja favorável ao nosso redor, porque muitas vezes as ambições do poder e os interesses mundanos jogam contra nós. São João Paulo II declarava «alienada a sociedade que, nas suas formas de organização social, de produção e de consumo, torna mais difícil a realização [do] dom [de si mesmo] e a constituição [da] solidariedade inter-humana» (Carta enc. Centesimus annus, 41c). Numa tal sociedade, torna-se difícil viver as Bem-aventuranças; a sua vivência pode até ser malvista, suspeita, ridicularizada (cf. Gaudete e exsultate, 91).

É verdade, mas não podemos deixar-nos vencer pelo desânimo. Ao pé desta montanha – gostaria que ela fosse hoje o Monte das Bem-Aventuranças –, devemos também nós recuperar este convite a ser felizes. Só os cristãos alegres suscitam o desejo de seguir este caminho; «a palavra “feliz” ou “bem-aventurado” torna-se sinónimo de “santo”, porque expressa que a pessoa fiel a Deus e que vive a sua Palavra alcança, na doação de si mesma, a verdadeira felicidade» (Ibid., 64).

Quando ouvimos o prognóstico ameaçador «somos cada vez menos», deveríamos preocupar-nos em primeiro lugar, não com o declínio desta ou daquela forma de consagração na Igreja, mas com a carência de homens e mulheres que queiram viver a felicidade pelos caminhos da santidade, homens e mulheres que deixem o coração inflamar-se com o anúncio mais belo e libertador.

«Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida» (Evangelii gaudium, 49).

Quando um jovem vê um projeto de vida cristã abraçado com alegria, isto entusiasma-o e encoraja-o, sentindo um desejo que se pode expressar assim: «Quero subir a esta montanha das Bem-aventuranças, quero encontrar o olhar de Jesus e que Ele me diga qual é o meu caminho de felicidade».

Rezemos, queridos irmãos e irmãs, pelas nossas comunidades para que, dando testemunho da alegria da vida cristã, vejam florescer a vocação à santidade nas diferentes formas de vida que o Espírito nos propõe. Imploremo-lo para esta diocese e também para todas as outras que fizeram o esforço de vir até aqui. Padre Laval, o Beato cujas relíquias veneramos, também experimentou momentos de decepção e dificuldade com a comunidade cristã, mas por fim triunfou o Senhor no seu coração.

Teve confiança na força do Senhor. Deixemos que esta força toque o coração de muitos homens e mulheres desta terra; deixemos que toque também os nossos corações de modo que a sua novidade possa renovar a nossa vida e a vida da nossa comunidade (cf. ibid., 11). Não esqueçamos que Aquele que tem a força de chamar, Aquele que constrói a Igreja, é o Espírito Santo.

A imagem de Maria, a Mãe que nos protege e acompanha, lembra-nos que Ela foi chamada a «bem-aventurada» (Lc 1, 48); a Ela que experimentou a dor como uma espada trespassando o seu coração, a Ela que passou pelo limiar pior da dor que é ver morrer o seu Filho, peçamos o dom da abertura ao Espírito Santo, da alegria perseverante, a alegria que não se deixa abater nem retrocede, a alegria que sempre nos faz experimentar e afirmar que o Todo Poderoso faz maravilhas, santo é o seu nome (cf. Lc 1, 49).

Fonte: ACI digital

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