Papa aos novos Arcebispos: Jesus quer homens que Lhe digam: “Tu és a minha vida”


Papa Francisco na celebração da Solenidade de S. Pedro e S. Paulo: Foto:Daniel Ibañez/ ACI Prensa

Vaticano, 29 Jun. 19 / 05:22 am (ACI).- Na missa em que serão entregues os pálios episcopais aos novos arcebispos, incluindo 3 brasileiros, o Santo Padre afirmou na sua homilia que Jesus quer que os homens de hoje, em particular os bispos, sejam testemunhas, que Lhe digam dia a dia: «Senhor, Tu és a minha vida».

À continuação, trazemos a homilia do Santo Padre na Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, na Basílica vaticana: Os apóstolos Pedro e Paulo aparecem aos nossos olhos como testemunhas. Nunca se cansaram de anunciar, viver em missão, a caminho, desde a terra de Jesus até Roma. E aqui levaram o seu testemunho até ao fim, dando a vida como mártires. Se formos às raízes do seu testemunho, escobrimo-los testemunhas de vida, testemunhas de perdão e testemunhas de Jesus.

Testemunhas de vida... e, todavia, as suas vidas não foram límpidas nem lineares. Eram ambos de índole muito religiosa: Pedro, discípulo da primeira hora (cf. Jo 1, 41); Paulo, acérrimo defensor das tradições dos pais (cf. Gal 1, 14). Mas cometeram erros enormes: Pedro chegou a negar o Senhor; Paulo, a perseguir a Igreja de Deus. Ambos reentram em si por uma pergunta de Jesus: «Simão, filho de João, tu amas-Me?» (Jo 21, 15); «Saulo, Saulo, porque Me persegues?» (At 9, 4). Pedro fica

pesaroso com as perguntas de Jesus; Paulo, encandeado pelas suas palavras. Jesus chamou-os pelo seu nome e mudou a sua vida. E, depois de todas estas aventuras, fiou-Se deles, dois pecadores arrependidos. Poderíamos perguntar-nos: Porque é que o Senhor não nos deu duas testemunhas integérrimas, com a ficha limpa, com a vida ilibada? Porquê Pedro, quando havia João? Porquê Paulo e não Barnabé?

Nisto, encerra-se uma grande lição: o ponto de partida da vida cristã não está no facto de ser dignos; com aqueles que se julgavam bons, bem pouco pôde fazer o Senhor. Quando nos consideramos melhores que os outros, é o princípio do fim. O Senhor não realiza prodígios com quem se crê justo, mas com quem sabe que é necessitado. Não é atraído pela nossa habilidade, não é por isso que nos ama. Ele ama-nos como somos, e procura pessoas que não se bastam a si mesmas, mas estão prontas a abrir-Lhe o coração. Pedro e Paulo apresentaram-se assim ransparentes diante de

Deus. Pedro disse-o imediatamente a Jesus: «Sou um homem pecador» (Lc 5, 8). Paulo escreve que era «o menor dos apóstolos, nem [era] digno de ser chamado Apóstolo» (1 Cor 15, 9). E, na vida, mantiveram-se nesta humildade até ao fim: Pedro crucificado de cabeça para baixo, porque julgava indigno de morrer como o seu Senhor; Paulo sempre afeiçoado ao seu nome, que significa «pequeno», esquecendo-se do que recebeu no nascimento, Saulo, nome do primeiro rei do seu povo.

Compreenderam que a santidade não está no elevar-se mas em humilhar-se: não é uma subida na classificação, mas confiar dia a dia a própria pobreza ao Senhor, que realiza grandes coisas com os humildes. Qual foi o segredo que, no meio das fraquezas, os fez continuar para diante? O perdão do Senhor. 

Descubramo-los, pois, como testemunhas de perdão. Nas suas quedas, descobriram a força da misericórdia do Senhor, que os regenerou. No seu perdão, encontraram uma paz e alegria irreprimíveis. Com o mal que fizeram, poderiam viver com sentimentos de culpa: quantas vezes terá Pedro pensado na sua negação! Quantos escrúpulos para Paulo, que fizera mal a tantas pessoas inocentes! Humanamente, faliram; mas encontraram um amor maior do que os seus fracassos, um perdão tão forte que curava até os seus sentimentos de culpa. Só quando experimentamos o perdão de Deus é que renascemos verdadeiramente. Recomeça-se daqui: do perdão. Reencontramo-nos a nós mesmos aqui: na Confissão.

Testemunhas de vida, testemunhas de perdão, Pedro e Paulo são sobretudo testemunhas de Jesus. No Evangelho de hoje, Jesus pergunta: «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?» As respostas evocam personagens do passado: João Batista, Elias, Jeremias ou alguns dos profetas.

Pessoas extraordinárias, mas todas mortas. Diversamente, Pedro responde: «Tu és o Cristo» (cf. Mt 16, 13.14.16), isto é, o Messias. Uma palavra que não indica o passado, mas o futuro: o Messias é o esperado, a novidade, aquele que traz ao mundo a unção de Deus. Jesus não é o passado, mas o presente e o futuro. Não é um personagem distante para lembrar, mas alguém a quem Pedro trata por «tu»: Tu és o Cristo. Para a testemunha, mais do que um personagem da história, Jesus é a pessoa da vida: é o novo, não o já visto; a novidade do futuro, não uma lembrança do passado. Por isso, não é testemunha quem conhece a história de Jesus, mas quem vive uma história de amor com Jesus.

Porque, no fundo, o que a testemunha anuncia é apenas isto: Jesus está vivo e é o segredo da vida. De facto, vemos que, depois de ter dito «Tu és o Cristo», Pedro acrescenta: «o Filho de Deus vivo» (16, 16). O testemunho nasce do encontro com Jesus vivo. E, no centro da vida de Paulo, encontramos a mesma palavra que transborda do coração de Pedro: Cristo. Paulo repete esse nome continuamente: quase quatrocentas vezes nas suas cartas! Para ele, Cristo não é apenas o modelo, o exemplo, o ponto de referência: é a vida. Escreve: «Para mim, viver é Cristo» (Flp 1, 21). Jesus é o seu presente e o seu futuro, a ponto de, à vista da sublimidade do conhecimento de Cristo, considerar o passado como lixo (cf. Flp 3, 7-8).

Diante destas testemunhas, interroguemo-nos: Renovo eu cada dia o encontro com Jesus? Talvez sejamos curiosos sobre Jesus, talvez nos interessemos por coisas de Igreja ou notícias religiosas. Abrimos sites e jornais, e conversamos sobre coisas sagradas. Mas, assim, ficamos no que dizem os homens, nas sondagens, no passado. Mas isto, a Jesus, interessa-Lhe pouco. Não quer repórteres do espírito, e muito menos cristãos de capa de revista. Ele procura testemunhas, que Lhe digam dia a dia: «Senhor, Tu és a minha vida». 

Os Apóstolos, tendo encontrado Jesus e experimentado o seu perdão, estemunharam uma vida nova: não mais se pouparam, deram-se a si mesmos. Não se contentaram com meias medidas, mas adotaram a única medida possível para quem segue Jesus: a dum amor sem medida.

«Ofereceram-se em sacrifício» (cf. 2 Tm 4, 6). Peçamos a graça de não ser cristãos tíbios, que vivem de meias medidas, que deixam resfriar o amor. Encontremos as nossas raízes na relação diária com Jesus e na força do seu perdão. Como a Pedro, Jesus pergunta também a ti: Quem sou Eu, para ti?

Amas-me tu? Deixemos que estas palavras penetrem dentro de nós e acendam o desejo de não nos contentarmos com o mínimo, mas de apontar para o máximo: sermos, também nós, testemunhas vivas de Jesus. Hoje são benzidos os pálios para os Arcebispos Metropolitas nomeados no ano transcorrido.

O pálio recorda a ovelha que o Pastor é chamado a carregar aos ombros: é sinal de que os Pastores não vivem para si mesmos, mas para as ovelhas; é sinal de que, para possuir a vida, é preciso perdê- la, dá-la. Segundo uma bela tradição, partilha connosco a alegria de hoje, uma Delegação do Patriarcado Ecuménico, que saúdo com afeto. A vossa presença lembra-nos que não podemos poupar-nos sequer no caminho rumo à plena unidade entre os crentes, na comunhão a todos os níveis. Porque é juntos, reconciliados por Deus e perdoando-nos mutuamente que somos chamados a ser testemunhas de Jesus com a nossa vida.

Fonte: ACI digital

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Senhor, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, tende piedade de nós.
Coração de Maria, Mãe do Filho de Deus, rogai por nós.

Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo, tende piedade de nós.
Coração de Maria, obra-prima do Espírito Santo, rogai por nós.

Corações unidos no amor e na dor, salvai-nos.
Corações inflamados de caridade e misericórdia, ouvi-nos.
Corações adoráveis e compassivos, tende compaixão de nós.

Coração Sacratíssimo de Jesus, reinai em nossos corações.
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Jesus e Maria, fazei que nossos corações sejam semelhantes aos vossos!

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