Padre Julio Caprani
É muito comum escutar testemunhos sobre a reza do terço, especialmente entre o povo. Nestes dias, numa família da nossa comunidade, encontrei Dona Severina, devota de Nossa Senhora desde criança; ela cultiva uma afeição pela mãe de Jesus e guarda com carinho uma imagem dela na cabeceira da cama. Ultimamente ela está obrigando os filhos e netos a rezarem o rosário inteiro todos os dias, porque algumas pessoas disseram que Nossa Senhora pediu: "eles dizem que Nossa Senhora mandou, e eu tenho de obedecer. É o único modo de livrar o mundo da perdição". Isto está gerando desconforto na família de Dona Severina. Muitas pessoas se aproximam da reza do terço por obrigação ou porque alguém disse que Nossa Senhora pediu "a reza do terço para salvar o mundo". Por outro lado, outras pessoas dizem que a oração do rosário é monótona e que Deus valoriza mais a oração espontânea que sai do coração.
Não sabemos exatamente quando os cristãos começaram a rezar a Ave-Maria como oração vocal. Alguns afirmam que, na Idade Média, alguns monges analfabetos rezavam a Ave-Maria 150 vezes ao longo do dia, mas somente a primeira parte composta pela saudação do anjo (Lc 1,28) e as palavras de Isabel (Lc 1,42). Por volta do ano de 1300, um frade dominicano organizou as 150 Ave-Marias em 15 dezenas, iniciando cada uma com a oração do Pai-Nosso. Depois, outro monge sugeriu a meditação dos mistérios da vida de Jesus ao longo da oração; algum tempo depois, outro irmão dominicano criou o Rosário, dividido em mistérios da alegria, da agonia e da glória, contemplando assim a encarnação do Filho de Deus, Sua paixão e morte, e a ressurreição e glorificação. Dizem que a segunda parte da oração da Ave-Maria foi incorporada ao Rosário por volta do ano 1480. As confrarias e congregações religiosas promoveram a oração do Rosário, espalhando a devoção. O povo aprendeu rápido porque é uma oração fácil. Recentemente, o então Papa João Paulo II propôs os mistérios da luz, nos quais contemplamos a vida pública de Jesus. A devoção não nasceu de um dia para o outro, várias pessoas foram acrescentando, modificando e organizando a oração até chegar ao modelo que conhecemos hoje.
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