Milhares de pessoas se reuniram na manhã deste domingo, 17 de fevereiro, na praça São Pedro, no Vaticano, para o primeiro Ângelus com o Papa Bento XVI desde que ele anunciou sua renúncia. Bento XVI renunciará ao trono de Pedro no dia 28 de fevereiro.
Em espanhol, pediu que continuem rezando pelo próximo Papa. Em alemão, pediu aos fiéis que estejam próximos a ele e à Cúria Romana, sobretudo por ocasião desta semana de Exercícios espirituais. Por fim, fez uma calorosa saudação aos presentes de língua italiana, com um pensamento especial aos fiéis e cidadãos de Roma – dos quais é pastor qual Bispo de Roma:
"Obrigado por virem tão numerosos! Também isso é um sinal do afeto e da proximidade espiritual que vocês estão me manifestando nestes dias. Saúdo, em particular, a administração de Roma Capital, conduzida pelo prefeito, e com ele saúdo e agradeço a todos os habitantes dessa amada Cidade de Roma." O Santo Padre concedeu, a todos, a sua Bênção apostólica.
Às 18h deste domingo no horário de Roma (14h de Brasília) o Papa irá se retirar para a realização de exercícios espirituais que devem durar toda a semana - algo que já estava previsto para o período da Quaresma. [a]
No Ângelus deste domingo, da janela de seus aposentos que dá para a Praça São Pedro, o Santo Padre afirmou que a Quaresma nos ensina que a fé em Deus é "o critério-base" da vida da Igreja:
"Neste Ano da Fé a Quaresma é um tempo favorável para redescobrir a fé em Deus como critério-base da nossa vida e da vida da Igreja. Isso comporta sempre uma luta, um combate espiritual, porque o espírito do mal naturalmente se opõe à nossa santificação e busca fazer-nos desviar do caminho de Deus."
Em seguida, Bento XVI observou que Jesus é conduzido ao deserto para ser tentado pelo diabo no momento de "iniciar o seu ministério público". Portanto, não um momento casual: "Jesus teve que desmascarar e repelir as falsas imagens de Messias que o tentador lhe propunha. Mas essas tentações são também falsas imagens do homem, que em todos os tempos insidiam a consciência, travestindo-se de propostas convenientes e eficazes, até mesmo boas."
Os evangelistas Mateus e Lucas, observou, apresentam as tentações diversificando-as por ordem, mas a sua natureza não muda: "O núcleo central delas consiste sempre no instrumentalizar Deus em função dos próprios interesses, dando mais importância ao sucesso ou aos bens materiais. O tentador é astuto: não impele diretamente em direção ao mal, mas em direção a um falso bem, fazendo crer que as verdadeiras realidades são o poder e aquilo que satisfaz as necessidades primárias."
"Desse modo – acrescentou – Deus torna-se secundário, se reduz a um meio, definitivamente, torna-se irreal, não conta mais, desvanece": "Nos momentos decisivos da vida, mas, olhando bem, em todos os momentos, encontramo-nos diante de uma bifurcação: queremos seguir o eu ou Deus? O interesse individual ou o verdadeiro Bem, aquilo que realmente é bem?" As tentações, prosseguiu, fazem parte da "descida" de Jesus à nossa condição humana, "ao abismo do pecado e das suas consequências". Uma descida que Jesus fez até os "infernos do extremo distanciamento de Deus".
Desse modo, afirmou, Jesus é, portanto, "a mão que Deus estendeu ao homem, à ovelha perdida para reconduzi-la a salvo": "Portanto, também nós não temos medo de enfrentar o combate contra o espírito do mal: o importante é que o façamos com Ele, com Cristo, o Vencedor. E para estar com Ele dirigimo-nos à Mãe, Maria: invoquemos Nossa Senhora com confiança filial no momento da provação, e ela nos fará sentir a potente presença de seu Filho divino, para repelir as tentações com a Palavra de Cristo, e assim recolocar Deus no centro da nossa vida." [b]
Fonte: G1 [a] Radio Vaticano [b]
Foto: Vicenzo Pinto/AFP
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