São criaturas espirituais. São, por assim dizer, a "periferia" espiritual criada por Deus. De fato, segundo a Bíblia, "o circundam". O termo "anjo" deriva do grego ággelos, que significa "mensageiro". A primeira atribuição deles é de ser mensageiros de Deus, isto é, de fazer os contatos entre o invisível e o visível, entre o mistério infinito de Deus e a nossa realidade física.
É uma verdade de fé. O Antigo e o Novo Testamento são repletos de anjos. Os Santos Padres, os teólogos sempre ensinaram que a existência dos anjos está indissoluvelmente entrelaçada com a história do universo e com o mistério da Redenção. Lê-se na Bíblia que Deus, no princípio, criou os puros espíritos, os anjos, os quais, num momento não precisado dos séculos, foram submetidos a uma grande prova. Talvez tenha sido mostrado a eles o projeto que Deus tinha feito com relação ao homem. Alguns daqueles puros espíritos, capitaneados por Lúcifer, o anjo mais próximo de Deus, rebelaram-se, recusando-se a aceitar aquele desígnio de Deus. E nos céus travou-se uma batalha. Os anjos rebeldes foram expulsos e tornaram-se demônios: os anjos fiéis continuaram sendo mensageiros de Deus.
Sempre discutiu-se muito sobre a natureza dos anjos. A tese prevalente é que eles são "criaturas espirituais". São, portanto, semelhantes ao espírito do homem. Como homem, possuem, inteligência e vontade, mas livres das limitações impostas pela matéria. São uma concentração absoluta de inteligência, de vontade, de energia espiritual. Como o homem, cada anjo possui sua personalidade distinta. Não existe um anjo igual a outro. Cada um é um universo em si mesmo.
Quando se manifestam aos homens assumem aparências humanas belíssimas e luminosíssimas, aquelas que o corpo humano deverá ter depois da ressurreição. Mas estas aparências podem ser somente um símbolo para fazer-nos conhecer a sua perfeição. Segundo alguns teólogos, os anjos são "espíritos puríssimos": se possuem uma forma, permanece desconhecida para nós. Segundo outros, ao contrário, eles possuiriam uma certa "corporeidade", mesmo que espiritual. São Gregório de Nazianzo, que pela sua sabedoria era cognominado "Teólogo", e é doutor da Igreja grega, estudou profundamente a questão e dizia: "Se for comparado ao homem, o anjo é espiritual, se for comparado a Deus, é corporal".
A Bíblia fala de milhares de milhões: Jacó, no seu misterioso sonho da escada que, apoiada na terra, tocava ao céus, viu uma "infinidade de anjos que subiam e desciam". Daniel, na sua teofania diz que "mil milhares de anjos serviam e dez mil miríades assistiam o antigo dos dias". Jesus, no início da sua Paixão, diz a Pedro que, se quisesse, o Pai colocaria à sua disposição doze legiões de anjos. São todas, frases que dão a entender que os anjos são inumeráveis. Alguns padres da Igreja aventaram a hipótese que o número dos anjos seja muito superior ao de todos os homens que existiram até agora e que existirão até o fim do mundo.
Dionísio, de Atenas, o "Aeropagita" convertido por São Paulo, que foi um grande estudioso dos anjos, explica o modo de comunicação dos anjos com estas palavras: "quando um puro espírito mais elevado quer participar qualquer novidade a um inferior e menos provido de ciência, apresenta-se a ele segundo a sua natureza. Tal contato suscita idéias que despertam no outro conhecimentos inatos. Então diz-se que eles falam entre si e a conversa desenvolve-se em uma troca coloquial de luzes intelectuais, transbordantes de amor". São expressões que procuram explicar um fato que, como eu disse, não conhecemos, mas deve ser maravilhoso e fascinante.
É opinião comum entre os estudiosos dessa matéria, que toda atividade humana tem como protetores esses seres de luz, a fim de ser iluminada de uma maneira justa para poder ser útil aos homens e conforme os desígnios de Deus. O Papa João Paulo II, no seu discurso recente sobre os anjos, falou também sobre o anjos da guarda, que seria dado por Deus a todo homem. Esta é uma das verdades mais belas e consoladoras da fé cristã. É uma realidade estupenda. Todo homem, ao nascer recebe de Deus um presente maravilhoso: um anjo amigo que tem o dever específico de tomar conta dele. Por tudo que já dissemos sobre os anjos, é fácil entender a grandiosidade e a incrível importância prática deste presente. O anjo, com os seus poderes, suas faculdades, sua força, sua inteligência, seu conhecimento, é uma espécie de "super-homem". Pois bem, esse "super-homem" é nosso amigo, nos quer bem. Para o cristão, essa não é uma tradição piedosa, uma devota ilusão. Por mais que possa parecer inacreditável , é uma verdade de fé, isto é, uma realidade absoluta sancionada pela palavra de Deus, da qual não se pode duvidar.
Fonte: Revista Jesus Vive e é o Senhor
(Entrevista com Monsenhor Ernesto Pisoni)
Comentários
Postar um comentário