Caravaggio | PD
Redação da Aleteia | Set 27, 2019
A "prova" seria um trecho isolado do Novo Testamento em que Paulo afirma que "apenas Lucas está comigo"
Volta e meia, (re)aparece a velha acusação anticatólica de que a Igreja mente ao afirmar que São Pedro esteve em Roma e foi lá martirizado. Alguns detratores se baseiam numa passagem isolada do Novo Testamento para alegarem que, “segundo a Bíblia”, Pedro “nunca esteve em Roma”. A passagem em questão é da Segunda Carta a Timóteo, 4, 11, na qual São Paulo, escrevendo de Roma, diz: “Apenas Lucas está comigo”.
Seria esta então a “prova” de que São Pedro nunca esteve em Roma?
Não é preciso muito além do mínimo de honestidade intelectual para constatar que esse versículo afirma apenas que Pedro não estava ao lado de Paulo no momento em que Paulo escrevia aquele versículo. A mesma linha de “raciocínio” que extrapola que Pedro “nunca esteve em Roma” por conta deste versículo também poderia servir para afirmar que nenhum outro cristão da época estava em Roma além de Paulo e Lucas…
O que diz São Pedro
O próprio São Pedro termina a sua primeira carta com uma saudação criptografada em que faz menção à “Babilônia”.
Era a senha da Igreja primitiva para identificar Roma. Pelo contexto, o termo certamente não pode aplicar-se literalmente à cidade da Babilônia tantas vezes citada no Antigo Testamento. Antigos cristãos escreviam em suas cartas “Estou na Babilônia” em vez de “Estou em Roma” porque as autoridades do Império os perseguiam e, portanto, era arriscado explicitar por escrito a própria localização.
O uso de mensagens em código era bastante comum entre os cristãos clandestinos: o próprio símbolo cristão do peixe, até hoje popular, era um código secreto para identificar os cristãos apenas entre eles mesmos.
O uso de “Babilônia” como código para “Roma” se devia ao que a antiga Babilônia tinha feito com os judeus, semelhante ao que Roma fazia então com os cristãos.
Outras evidências históricas
Estes dados históricos podem não ser suficientes para convencer alguns detratores da presença de São Pedro em Roma.
Outras evidências, porém, podem ser achadas em escritos primitivos e na arqueologia – e se alguém pretende acusar os católicos de mentirosos, deveria, por honestidade intelectual básica, examinar antes todas as evidências disponíveis. Algumas delas:
Santo Irineu, na sua obra “Contra as Heresias”, do ano 190 d.C., afirmou que São Mateus escreveu o seu Evangelho “enquanto Pedro e Paulo estavam evangelizando em Roma”.
Dionísio de Corinto, em 170 d.C., menciona explicitamente o “plantio feito por Pedro e Paulo em Roma”.
Em pleno século XX, arqueólogos escavaram sob a Basílica de São Pedro para checar se ela tinha mesmo sido construída sobre o túmulo de São Pedro. E o que eles encontraram nessa escavação? O túmulo de São Pedro! Até os túmulos próximos continham também inscrições que afirmavam: “Sepultado próximo de Pedro”.
Um interessante relato dessas escavações pode ser lido na obra “The Bones of St. Peter” (Os Ossos de São Pedro), do historiador, biógrafo e jornalista norte-americano John Evangelist Walsh (1927-2015).
A tradição
Segundo a tradição, São Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, em Roma, porque não se considerava digno de receber a mesma morte imposta a Jesus.
Public Domain
São Pedro Apóstolo pediu para ser crucificado de cabeça para baixo porque ele não se sentia digno de imitar a morte de Jesus.
Na cultura católica, uma obra literária se tornou mundialmente célebre ao relatar o contexto da permanência e morte de São Pedro em Roma: “Quo Vadis?“, do autor polonês Henryk Sienkiewicz.
Fonte: Aleteia
Comentários
Postar um comentário