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Sagrado Coração de Jesus-Ninguém amou como Ele
Ninguém amou como Ele
O Arcebispo Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, faz uma reflexão sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Um grande teólogo alemão, Karl Rahner (1904 – 1984), na apresentação de um livro sobre o Coração de Jesus, escreveu que, no futuro do mundo e da Igreja, o homem será um místico, isto é, uma pessoa com profunda experiência religiosa, ou não será mais cristão. E acrescentou: “Só os místicos serão capazes de compreender o sentido da expressão ‘Coração de Jesus’”.
Essa reflexão me vem à lembrança porque estamos no mês que a piedade popular consagra a esse Coração que tanto amou os homens. Mas essa devoção ainda tem sentido? Não será ela uma forma ultrapassada de expressão religiosa, própria de outras épocas e de outras culturas? Sabemos que o ser humano se relaciona com o seu Senhor utilizando-se de palavras, expressões e gestos tirados de seu mundo, de seu tempo e de sua realidade. Assim, muitas devoções, largamente difundidas em outras épocas, caíram aos poucos em desuso, transformando-se em lembranças que apenas os antigos livros devocionais conservam. Não teria acontecido o mesmo com a expressão “Coração de Jesus?”
Eu diria que depende: depende do modo como a vemos ou da maneira como a entendemos. Se nossas expressões de fé tiverem uma base bíblica, elas conseguirão ultrapassar culturas, épocas e costumes. Quando, pois, se faz referência ao Coração de Jesus, convém lembrar que a linguagem bíblica dá grande importância à palavra “coração”: aparece 853 vezes no Antigo Testamento e 159 no Novo Testamento e, na maioria das vezes, para expressar a interioridade da pessoa. Na Bíblia, portanto, a palavra “coração”, mais do que referir-se ao órgão físico, sintetiza a intimidade do ser humano, o mais profundo do seu ser.
Passaram-se os séculos e isso não mudou. É comum falarmos: “Este homem tem um bom coração!”; ou: “Aquela mulher tem um coração de mãe!”; ou, ainda: “Estou com o coração amargurado!” Na Palavra de Deus encontramos exemplos ainda mais ilustrativos disso: “O homem vê a aparência; o Senhor vê o coração” (1Sm 16,7); “Este povo me procura só de palavra, honra-me apenas com a boca, enquanto o coração está longe de mim” (Is 29,13). Pelo profeta Ezequiel, Deus prometeu dar à humanidade um novo coração (cf. Ez 36,24-28).
Não foi difícil, pois, aos contemporâneos de Jesus, entender o convite que ele lhes fez: “Vinde a mim vós todos que estais cansados sob o peso de vosso fardo e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 28-29).
O apóstolo Paulo penetrou nesse Coração. Ele foi, portanto, segundo o teólogo Rahner, um místico e, desse coração, saiu transformado. Esse apóstolo dedicou a sua vida para anunciar a todos Cristo Jesus que, através de sua experiência de fé, conhecera tão bem. Pôde, então, escrever aos Filipenses: “Deus me é testemunha de que eu vos amo a todos com a ternura de Cristo Jesus” (Fl1,8).
Não se pode escrever ou falar do Coração de Jesus sem fazer referência a um sinal escolhido por Deus: o lado aberto do Salvador. Para São João Evangelista, a visão de Cristo transpassado quando estava na Cruz ficou profundamente marcada no seu coração: “Chegando a Jesus, viram que estava morto. Por isso, não lhe quebraram as pernas, mas um soldado golpeou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água” (Jo 19,33). O sangue era sinal de salvação, de libertação (cf. Ex 12,7,13). O sangue que havia salvado os judeus era aspergido cada ano para lembrar a salvação que Deus realizara com o seu povo. O sangue de Jesus, o Cordeiro Pascal – sangue que nos liberta do pecado – é sinal da Eucaristia; comprova a nova aliança que Deus faz com o seu povo. A água que saiu do lado aberto de Cristo saiu, na verdade, de uma fonte batismal. Era a água viva prometida por Jesus à Samaritana (cf. Jo 4,10-14); é a água que sacia a nossa sede: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva” (Jo 7,37).
“Sagrado Coração de Jesus” é, pois, outro nome que a Igreja, esposa de Cristo, dá a seu Esposo, o Transpassado na Cruz. A Igreja sabe que, apesar dos pecados de seus filhos, ela foi amada por Jesus até à última gota de sangue.
Hoje, é a nós que Jesus convida: “Vinde a mim!” E, para nos incutir confiança, acrescenta: “Sou manso e humilde de coração!” Se aceitarmos o seu convite e entrarmos em seu Coração, em sua intimidade, faremos uma profunda experiência de sua bondade e de sua misericórdia. Compreenderemos, então, a razão de sua predileção pelos mais pobres, pelos doentes e pelos aflitos. Mais: seremos evolvidos pelo seu ardente amor ao Pai. Entenderemos, então, um pouco melhor, seu amor infinito – esse amor que nos conduz cada dia ao dom total de nós mesmos, fazendo-nos penetrar nos mistérios da Santíssima Trindade.
Dom Murilo S. Krieger,
Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil e Vice-presidente da CNBB.
Fonte: Revista Brasil Cristão (junho/2015)
Essa reflexão me vem à lembrança porque estamos no mês que a piedade popular consagra a esse Coração que tanto amou os homens. Mas essa devoção ainda tem sentido? Não será ela uma forma ultrapassada de expressão religiosa, própria de outras épocas e de outras culturas? Sabemos que o ser humano se relaciona com o seu Senhor utilizando-se de palavras, expressões e gestos tirados de seu mundo, de seu tempo e de sua realidade. Assim, muitas devoções, largamente difundidas em outras épocas, caíram aos poucos em desuso, transformando-se em lembranças que apenas os antigos livros devocionais conservam. Não teria acontecido o mesmo com a expressão “Coração de Jesus?”
Eu diria que depende: depende do modo como a vemos ou da maneira como a entendemos. Se nossas expressões de fé tiverem uma base bíblica, elas conseguirão ultrapassar culturas, épocas e costumes. Quando, pois, se faz referência ao Coração de Jesus, convém lembrar que a linguagem bíblica dá grande importância à palavra “coração”: aparece 853 vezes no Antigo Testamento e 159 no Novo Testamento e, na maioria das vezes, para expressar a interioridade da pessoa. Na Bíblia, portanto, a palavra “coração”, mais do que referir-se ao órgão físico, sintetiza a intimidade do ser humano, o mais profundo do seu ser.
Passaram-se os séculos e isso não mudou. É comum falarmos: “Este homem tem um bom coração!”; ou: “Aquela mulher tem um coração de mãe!”; ou, ainda: “Estou com o coração amargurado!” Na Palavra de Deus encontramos exemplos ainda mais ilustrativos disso: “O homem vê a aparência; o Senhor vê o coração” (1Sm 16,7); “Este povo me procura só de palavra, honra-me apenas com a boca, enquanto o coração está longe de mim” (Is 29,13). Pelo profeta Ezequiel, Deus prometeu dar à humanidade um novo coração (cf. Ez 36,24-28).
Não foi difícil, pois, aos contemporâneos de Jesus, entender o convite que ele lhes fez: “Vinde a mim vós todos que estais cansados sob o peso de vosso fardo e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 28-29).
O apóstolo Paulo penetrou nesse Coração. Ele foi, portanto, segundo o teólogo Rahner, um místico e, desse coração, saiu transformado. Esse apóstolo dedicou a sua vida para anunciar a todos Cristo Jesus que, através de sua experiência de fé, conhecera tão bem. Pôde, então, escrever aos Filipenses: “Deus me é testemunha de que eu vos amo a todos com a ternura de Cristo Jesus” (Fl1,8).
Não se pode escrever ou falar do Coração de Jesus sem fazer referência a um sinal escolhido por Deus: o lado aberto do Salvador. Para São João Evangelista, a visão de Cristo transpassado quando estava na Cruz ficou profundamente marcada no seu coração: “Chegando a Jesus, viram que estava morto. Por isso, não lhe quebraram as pernas, mas um soldado golpeou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água” (Jo 19,33). O sangue era sinal de salvação, de libertação (cf. Ex 12,7,13). O sangue que havia salvado os judeus era aspergido cada ano para lembrar a salvação que Deus realizara com o seu povo. O sangue de Jesus, o Cordeiro Pascal – sangue que nos liberta do pecado – é sinal da Eucaristia; comprova a nova aliança que Deus faz com o seu povo. A água que saiu do lado aberto de Cristo saiu, na verdade, de uma fonte batismal. Era a água viva prometida por Jesus à Samaritana (cf. Jo 4,10-14); é a água que sacia a nossa sede: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva” (Jo 7,37).
“Sagrado Coração de Jesus” é, pois, outro nome que a Igreja, esposa de Cristo, dá a seu Esposo, o Transpassado na Cruz. A Igreja sabe que, apesar dos pecados de seus filhos, ela foi amada por Jesus até à última gota de sangue.
Hoje, é a nós que Jesus convida: “Vinde a mim!” E, para nos incutir confiança, acrescenta: “Sou manso e humilde de coração!” Se aceitarmos o seu convite e entrarmos em seu Coração, em sua intimidade, faremos uma profunda experiência de sua bondade e de sua misericórdia. Compreenderemos, então, a razão de sua predileção pelos mais pobres, pelos doentes e pelos aflitos. Mais: seremos evolvidos pelo seu ardente amor ao Pai. Entenderemos, então, um pouco melhor, seu amor infinito – esse amor que nos conduz cada dia ao dom total de nós mesmos, fazendo-nos penetrar nos mistérios da Santíssima Trindade.
Dom Murilo S. Krieger,
Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil e Vice-presidente da CNBB.
Fonte: Revista Brasil Cristão (junho/2015)
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