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Cardeal Orani: Solenidade de Todos os Santos
Cardeal Orani: Solenidade de Todos os Santos
Rio de Janeiro/2014-11-01(RV) - Celebramos neste final de semana a Solenidade de Todos os Santos. O que é a santidade? Quem é santo? Quem são os bem-aventurados? A santidade é um dom, é uma obra de Deus revelada a toda a criatura. Todos os que estão diante de Deus vivem a santidade. Mas, diante de milhões de milhões que estão no céu, a Igreja escolhe algumas pessoas, homens e mulheres, para serem conhecidos como modelos e exemplos para todos nós. Mas, recordemos, são bem-aventurados todos aqueles e todas aquelas que acolhem a palavra de Deus e se deixam guiar por ela. O Evangelho se refere às bem-aventuranças proclamadas em uma montanha, leitura que faz pare da liturgia de hoje. Começa com uma declaração solene, na qual o Reino dos céus, anunciado por Jesus, aparece como boa notícia para os pobres. Essa solene declaração constitui a abertura do discurso, chamados Sermão da Montanha, no qual propõe o estilo de vida que se faz presente com a chegada do Reino.
O grito de alegria de Jesus pela chegada do Reino de Deus e da libertação que vem com ele foi interpretado na comunidade de Mateus como orientações para a conversão e a mudança de vida que exige tal acontecimento. Em cada bem-aventurança, existe uma tensão entre a situação presente e a que está para brotar: o Reino se faz presente em forma de germe nos pobres, nos misericordiosos. As quatro primeiras bem-aventuranças estão relacionadas entre si e são uma declaração de felicidade daqueles que se abrem à ação de Deus em uma atitude de acolhida sincera. Dirigem-se ao grupo daqueles que são pobres em espírito, aos pobres do Senhor, desapegados dos valores terrenos e materiais.
As bem-aventuranças seguintes propõem atitudes que os discípulos devem ter. São convidados a ser misericordiosos, a ter um coração puro, a trabalhar para construir a paz. Finalmente, são exortados a permanecer firmes no seguimento de Cristo.
Hoje, a Igreja celebra a santidade de todos os que estão no Céu, a cidade para onde somos chamados a caminhar. Isto, para mostrar concretamente, a vocação universal de todos para a felicidade eterna. “Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade: ‘Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito’ “(Mt 5,48) (CIC 2013).
Sendo assim, nós passamos a compreender o início do sermão do Abade São Bernardo: “Para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas? A eles que, segundo a promessa do Filho, o Pai celeste glorifica? Os santos não precisam de nossas homenagens. Não há dúvida alguma, se veneramos os santos, o interesse é nosso, não deles”.
Sabemos que desde os primeiros séculos os cristãos praticam o culto dos santos, a começar pelos mártires, por isto hoje vivemos esta Tradição, na qual nossa Mãe Igreja convida-nos a contemplarmos os nossos “heróis” da fé, esperança e caridade. Eles são sinais que nos apontam para Cristo, nosso Senhor e Salvador. É um convite a olharmos para o Alto, pois neste mundo escurecido pelo pecado, brilham no Céu com a luz do triunfo e esperança daqueles que viveram e morreram em Cristo, por Cristo e com Cristo, formando uma “constelação”, já que São João viu: “Era uma imensa multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7,9).
Todos estes combatentes de Deus, merecem nossa imitação, pois foram adolescentes, jovens, homens casados, mães de família, operários, empregados, patrões, sacerdotes, pobres mendigos, profissionais, militares ou religiosos que se tornaram um sinal do que o Espírito Santo pode fazer num ser humano que se decide a viver o Evangelho que atua na Igreja e na sociedade. Portanto, a vida destes acabaram virando proposta para nós, uma vez que passaram fome, apelos carnais, perseguições, alegrias, situações de pecado, profundos arrependimentos, sede, doenças, sofrimentos por calúnia, ódio, falta de amor e injustiças; tudo isto, e mais o que constituem o cotidiano dos seguidores de Cristo que enfrentam os embates da vida sem perderem o entusiasmo pela Pátria definitiva, pois “não sois mais estrangeiros, nem migrantes; sois concidadãos dos santos, sois da Família de Deus” (Ef 2,19).
A salvação é para todos, a santidade não é para um grupinho de eleitos, para uma elite espiritual! Todos são chamados a essa vida divina que Deus quer partilhar conosco, todos são chamados à santidade! “Trajavam vestes brancas e traziam palmas nas mãos. São os que vieram da grande tribulação e lavaram e alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro”. Eis quem são os santos: aqueles que atravessaram as lutas desta vida, as tribulações desta nossa pobre existência, unidos a Cristo; são os que venceram em Cristo – por isso trazem a palma da vitória; são os que não tiveram medo de viver e, se caíram, se erraram, foram, humildemente, lavando e alvejando suas vestes no sangue precioso de Cristo: são santos com a santidade do Cristo-Deus. Nunca esqueçamos: ninguém é santo com suas forças, ninguém é santo por sua própria santidade: só em Cristo somos santificados, pois somente Cristo derrama sobre nós o Espírito de santidade. O nosso único trabalho é lutar para acolher esse Espírito, deixando-nos guiar por ele e por ele sermos transfigurados em Cristo!
Neste dia a Mãe Igreja faz este apelo a todos nós, seus filhos: “O apelo à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade se dirige a todos os fiéis cristãos.” “A perfeição cristã só tem um limite: ser ilimitada” (CIC 2028). Todos os santos e santas de Deus, rogai por nós que recorremos a Vós!
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro,
RJ.Solenidade de Todos os Santos
Fonte: Radio Vaticano
O grito de alegria de Jesus pela chegada do Reino de Deus e da libertação que vem com ele foi interpretado na comunidade de Mateus como orientações para a conversão e a mudança de vida que exige tal acontecimento. Em cada bem-aventurança, existe uma tensão entre a situação presente e a que está para brotar: o Reino se faz presente em forma de germe nos pobres, nos misericordiosos. As quatro primeiras bem-aventuranças estão relacionadas entre si e são uma declaração de felicidade daqueles que se abrem à ação de Deus em uma atitude de acolhida sincera. Dirigem-se ao grupo daqueles que são pobres em espírito, aos pobres do Senhor, desapegados dos valores terrenos e materiais.
As bem-aventuranças seguintes propõem atitudes que os discípulos devem ter. São convidados a ser misericordiosos, a ter um coração puro, a trabalhar para construir a paz. Finalmente, são exortados a permanecer firmes no seguimento de Cristo.
Hoje, a Igreja celebra a santidade de todos os que estão no Céu, a cidade para onde somos chamados a caminhar. Isto, para mostrar concretamente, a vocação universal de todos para a felicidade eterna. “Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade: ‘Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito’ “(Mt 5,48) (CIC 2013).
Sendo assim, nós passamos a compreender o início do sermão do Abade São Bernardo: “Para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas? A eles que, segundo a promessa do Filho, o Pai celeste glorifica? Os santos não precisam de nossas homenagens. Não há dúvida alguma, se veneramos os santos, o interesse é nosso, não deles”.
Sabemos que desde os primeiros séculos os cristãos praticam o culto dos santos, a começar pelos mártires, por isto hoje vivemos esta Tradição, na qual nossa Mãe Igreja convida-nos a contemplarmos os nossos “heróis” da fé, esperança e caridade. Eles são sinais que nos apontam para Cristo, nosso Senhor e Salvador. É um convite a olharmos para o Alto, pois neste mundo escurecido pelo pecado, brilham no Céu com a luz do triunfo e esperança daqueles que viveram e morreram em Cristo, por Cristo e com Cristo, formando uma “constelação”, já que São João viu: “Era uma imensa multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7,9).
Todos estes combatentes de Deus, merecem nossa imitação, pois foram adolescentes, jovens, homens casados, mães de família, operários, empregados, patrões, sacerdotes, pobres mendigos, profissionais, militares ou religiosos que se tornaram um sinal do que o Espírito Santo pode fazer num ser humano que se decide a viver o Evangelho que atua na Igreja e na sociedade. Portanto, a vida destes acabaram virando proposta para nós, uma vez que passaram fome, apelos carnais, perseguições, alegrias, situações de pecado, profundos arrependimentos, sede, doenças, sofrimentos por calúnia, ódio, falta de amor e injustiças; tudo isto, e mais o que constituem o cotidiano dos seguidores de Cristo que enfrentam os embates da vida sem perderem o entusiasmo pela Pátria definitiva, pois “não sois mais estrangeiros, nem migrantes; sois concidadãos dos santos, sois da Família de Deus” (Ef 2,19).
A salvação é para todos, a santidade não é para um grupinho de eleitos, para uma elite espiritual! Todos são chamados a essa vida divina que Deus quer partilhar conosco, todos são chamados à santidade! “Trajavam vestes brancas e traziam palmas nas mãos. São os que vieram da grande tribulação e lavaram e alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro”. Eis quem são os santos: aqueles que atravessaram as lutas desta vida, as tribulações desta nossa pobre existência, unidos a Cristo; são os que venceram em Cristo – por isso trazem a palma da vitória; são os que não tiveram medo de viver e, se caíram, se erraram, foram, humildemente, lavando e alvejando suas vestes no sangue precioso de Cristo: são santos com a santidade do Cristo-Deus. Nunca esqueçamos: ninguém é santo com suas forças, ninguém é santo por sua própria santidade: só em Cristo somos santificados, pois somente Cristo derrama sobre nós o Espírito de santidade. O nosso único trabalho é lutar para acolher esse Espírito, deixando-nos guiar por ele e por ele sermos transfigurados em Cristo!
Neste dia a Mãe Igreja faz este apelo a todos nós, seus filhos: “O apelo à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade se dirige a todos os fiéis cristãos.” “A perfeição cristã só tem um limite: ser ilimitada” (CIC 2028). Todos os santos e santas de Deus, rogai por nós que recorremos a Vós!
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro,
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