Na semana passada, mais uma telenovela serviu de palco para "forçar limites morais", como escreveu um jornalista, na Folha de São Paulo[2]. Pelos comentários de vários telespectadores nas redes sociais, parece que, infelizmente, a armadilha funcionou, mais uma vez. Após o entusiasmo com a trama de uma dupla de homossexuais que, entre outras coisas, recorreu à inseminação artificial para "produzir" um filho, o pedido para ver um "beijo gay" no final da última novela das oito foi reiterado por inúmeras pessoas. E, mesmo depois de alcançado o seu intento, muitos não se contentaram com o que viram, alegando que o beijo teria sido "morno demais".
Sem dúvida, a melhor forma de filtrar essas coisas está na mão de cada família: chama-se controle remoto. As pessoas são livres para escolher ao que querem ou não assistir na televisão. No entanto, comprovada a relação entre as telenovelas e as mudanças sociais no Brasil, ninguém pode ignorar que aquilo que é exibido nas telas da TV não ficará, simplesmente, na televisão. Aquilo que a Globo exibe para muitas pessoas ou famílias desatentas irá refletir, de algum modo, nas opiniões que elas possuem, nas conversas que elas mantêm e nos ambientes que elas frequentam. E isso afetará toda a sociedade, na qual estão incluídas até mesmo as pessoas que louvavelmente se recusam a dar audiência às novelas globais.
É mesmo preciso dizer o que estava por trás do "beijo gay"? Diante da oposição de boa parte da população brasileira não só ao chamado "casamento homoafetivo" como ao próprio ato homossexual, a novela "Amor à Vida" foi uma tentativa clara de minar essa resistência. Apelando a recursos sentimentais, os produtores da trama – não temendo a condenação do profeta que lamenta "aqueles que ao mal chamam bem" e "tornam doce o que é amargo" (Is 5, 20) – recorreram à mesma estratégia que facilitou a legalização do divórcio no Brasil, há 40 anos: trocar o verdadeiro amor à pessoa humana pela aceitação de uma conduta imoral; transformar a preocupação com o pecador em um perigoso conformismo com o pecado.
A confusão que resulta dessa mentalidade é evidente: quando uma pessoa prefere "rótulos" referentes à sua conduta sexual àquilo que ela realmente é – ser humano, filha de Deus –, a sua verdadeira dignidade é escondida e dá lugar a uma desfiguração:
"A pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, não pode definir-se cabalmente por uma simples e redutiva referência à sua orientação sexual. Toda e qualquer pessoa que vive sobre a face da terra conhece problemas e dificuldades pessoais, mas possui também oportunidades de crescimento, recursos, talentos e dons próprios. A Igreja oferece ao atendimento da pessoa humana aquele contexto de que hoje se sente a exigência extrema, e o faz exatamente quando se recusa a considerar a pessoa meramente como um 'heterossexual' ou um 'homossexual', sublinhando que todos têm uma mesma identidade fundamental: ser criatura e, pela graça, filho de Deus, herdeiro da vida eterna."[3]
É lamentável que muitos católicos, enganados por esse pensamento reducionista, se tenham prestado ao papel patético não só de dar ibope à novela, como de pedir ou aprovar o "beijo gay", ignorando – ou fingindo ignorar – que essa é apenas a ponta de um iceberg. Desse modo, fazem lembrar a condenação do Apóstolo que, reprovando as práticas homossexuais, lamentou a atitude daqueles que "não somente as praticam, como também aplaudem os que as cometem" (Rm 1, 32).
Mas, ainda que "Amor à Vida" não tivesse mostrado nenhum "beijo gay", ainda que não tivesse reforçado a difusão do lobby homossexual: ainda assim, teria sido um tremendo desamor à vida e à família assistir-lhe. As telenovelas estão, a todo momento, "forçando limites morais", especialmente quando exibem, de modo constante, cenas de sexo mais ou menos explícitas. Com isso, elas tiram o sexo da intimidade conjugal dos esposos e dizem às pessoas que é normal ter sexo com qualquer um, a qualquer hora e em qualquer lugar, estimulando, assim, uma lenta, porém eficaz, "pornografização" da sociedade[4].
Voltemos ao controle remoto: todos fariam um grande favor a si mesmos, às suas famílias e ao Brasil se, na hora da novela, apagassem seus televisores, acendessem uma vela e rezassem o Terço em família, rogando a Nossa Senhora Aparecida que tenha misericórdia desta Terra de Santa Cruz.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere
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